REBECA BARTELLI
Enquanto Blake conversava com Jeremy no escritório, decido ligar para Maria e finalmente marcarmos o almoço que ela vem me cobrando a dias. Ela aceita na hora, é claro. Sempre muito animada. Subo para o quarto a fim de me arrumar. O dia está bonito. Ensolarado, mas com aquela brisa leve de um vento singelo.
Pego-me sorrindo.
Nunca imaginei que alguma vez acharia um dia bonito. Desde que perdi meu pequeno anjo, minha irmã, sinto que venho caminhando em dias completamente cinzas. As cores só voltaram a reaparecer quando ele chegou.
Blake Carter.
Ou como eu gosto de chamá-lo: mauricinho.
Sem eu perceber, sem qualquer aviso, as cores foram voltando ao seu devido lugar.
Por isso, escolho um vestido leve de verão, na cor laranja para não só combinar com o meu cabelo, mas com o meu bom humor também. Pego uma bolsa, um par de óculos e saio. No corredor, avisto a porta do escritório. Penso em bater para avisar Blake que estou saindo, mas ao me aproximar, escuto vozes tão acaloradas que escolho não interromper. Tiro o celular da bolsa e envio uma mensagem para ele. É a melhor forma no momento.
Encontro Jeremias na entrada da casa, dando algumas instruções aos outros seguranças.
– Preciso sair. Quem de vocês irá me acompanhar?
Nenhum dos cinco respondem. Apenas olham para Jeremias, esperando uma confirmação.
– O senhor Carter está sabendo disso, senhorita Bartelli? –O braço direito de Blake questiona.
– Não sou uma prisioneira, Jeremias. Posso muito bem sair para tomar um café com uma amiga.
Ele me encara por alguns segundos, atiçando a minha enorme vontade de mandá-lo á merda. Respiro fundo, esperando que dê seu maldito veredito.
– Fabiano e Ezequiel irão levá-la. –Decreta.
O tal Fabiano apenas meneia a cabeça, aceitando a ordem.
– Por aqui, senhorita.
Eu o sigo.
Sou levada até a segunda garagem que Blake mantem. Essa somente com carros altamente blindados, no padrão militar. Todos pretos e com vidros escuros, parecendo ter saído da caravana de escolta do próprio presidente dos Estados Unidos. Fabiano abre a porta e eu me acomodo no banco de trás. Quando ele assume o volante, eu repasso para ele o endereço que Maria me encaminhou.
E essas foram as últimas palavras que trocamos, pois todo o caminho é feito em completo silencio. Quebrado apenas pela voz de Jeremias no radio, pedindo atualização de cinco em cinco minutos.
Agradeço aos céus quando paramos no destino. Saio do carro com a velocidade de quem deseja sair dali e fingir, nem que seja por um dia, que é uma pessoa normal.
– Não saia daqui, senhorita.
Fabiano e Ezequiel permanecem no carro. Deixo os dois ali e sigo para encontrar Maria, que me espera em uma mesa no canto da cafeteria. Aceno assim que seu olhar me avista, e ela se levanta bem animada para me abraçar. Confesso que o contato ainda é um pouco estranho para mim, mas me permito ser abraçada por aquela que tem sido muito gentil e atenciosa comigo desde que nos conhecemos.
– Não sabia se você iria demorar muito, então acabei comendo já. Espero que não se importe. –Ela acaricia a barriga de nove meses. – Tenho comido mais do que deveria nessa reta final. Sinto que vou explodir a qualquer momento.
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Meu Para Proteger - Série Homens Feridos, livro 3
RomanceA morte parece andar ao meu lado. Posso jurar que sinto o cheiro dela nas minhas entranhas e a sua respiração na minha nuca. Primeiro foram os meus pais. Depois, a minha esposa. Eu os perdi, sem sequer ter a chance de defende-los. Agora, irei pro...