Capítulo 12

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Rebeca Bartelli

Coloco em meu pulso o relógio que era do meu pai. Sinto como se ele estivesse aqui comigo, guiando-me nessa jornada louca que eu me meti. Alguns pais deixam fortuna para seus filhos. Outros; apenas divididas. Mas o meu fez questão de deixar um enigma que me fizesse rodar países.

Para que ser simples, não é, pai?

Uma saudade forte retoma o meu peito, e eu me sento na cama, tentando aplaca-la. Ele era tudo o que eu tinha, minha única família. Quando se foi, não me restou nada além da tarefa de limpar sua honra e a do sangue de sua linhagem. Fiquei à própria sorte, tendo que fazer de tudo para continuar viva e não ser pega por Hector. Quando penso nas coisas que precisei me submeter...sinto uma ânsia subir por meu corpo.

Uma batida na porta me tira do devaneio e me lembra que tenho um almoço para ir. Levanto, ajeito meu macaquinho laranja e vou atender. Um dos homens de Juan está aqui, pronto para me levar até o local marcado.

Tranco a porta, e antes de seguir para o elevador, dou uma olhada na direção do quarto de Blake, sem conter a chuva de flashes que toma a minha mente sobre a noite de ontem. Tudo está ainda muito vivo na minha memória, e é como se eu ainda fosse capaz de sentir o seu toque na minha pele.

Não é hora para pensar nisso, Rebeca.

Saímos do Hotel e entramos em um carro onde mais dois homens esperavam lá dentro. O que me acompanhou informa que está tudo o.k. e então saímos dali. O veículo tem os vidros escuros e por conta disso, não consigo ver o caminho para o qual estamos indo. Depois de um tempo, os homens começam a conversar em sua língua, deixando-me sem entender nada. Os diálogos parecem agitados e a todo momento, um deles olha para trás.

O carro dá uma freada brusca, então sinto ele mudando de direção e voltando a andar, agora mais rápido na tentativa de despistar o carro dos homens de Blake. Eu sabia que ele os mandaria me seguir, pois o senhor mandão não sabe aceitar que os outros façam as coisas do próprio jeito. O carro toma uma velocidade maior a cada segundo, enquanto eu permaneço tensa no banco de trás.

Talvez eu não devesse ter confiando tanto assim na palavra de Juan.

O carro para, e dessa vez, os seguranças ao meu lado descem e indicam para eu fazer o mesmo. Desço de encontro à uma vista paradisíaca. O local é uma casa no meio do nada, cercada por um jardim que deve ser equivalente à uns dois campos de futebol. A vista se perde na imensidão verde repleta de flores e arvores. O céu limpo deixa o lugar ainda mais lindo. Deve ser um sonho morar em um lugar como esse.

Estou admirando tudo quando Juan desce pelos degraus que marcam a entrada da casa que mais parece um palácio. Além da natureza, o lugar é todo cercado por seguranças fortemente armados. Tentar entrar aqui sem ser convidado, é morte na certa.

— Minha cara, Rebeca. Pensei que havia desistido do nosso almoço.

Juan Garcia ostenta toda sua beleza em um terno branco, uma camisa preta e óculos ray-ban no rosto. O cordão de ouro em seu pescoço e os anéis em seus dedos ganham ainda mais brilho com a luz solar.

— E eu tinha escolha? —Apontei para o brutamontes que me buscou em meu quarto.

— Desculpe-me por isso. Eu deveria ter mandado alguém mais simpático, não acha? —Ele dispensa o homem que ainda parecia me vigiar. — Venha, vamos entrar. Espero que goste do cardápio que eu escolhi.

Discretamente, tento observar mais o local onde estou, tentando encontrar algum ponto de referências ou uma rota na qual eu consiga fugir. Não sei o que Juan realmente pretende, mas de uma coisa eu sei: não irei morrer hoje.

Meu Para Proteger - Série Homens Feridos, livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora