Capítulo 28

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Rebeca Bartelli

Quando Blake apareceu e levou o Walter lá para fora, pelo seu olhar eu soube o que ele estava prestes a fazer. Conversamos sobre isso antes de vir para a casa de seus amigos, e decidimos juntos que abriríamos o jogo. Agora que estamos perto de dar um fim e arrancar essas correntes, podemos contar, o que de fato, somos. Outro ponto que me fez chegar a essa decisão, foi a confissão de Carter de que me queria na vida dele. Eu aceitei, mas não poderia fazer isso sem antes ser sincera com as pessoas que tem me acolhido com todo o carinho.

— Meninas. —Eliza, que falava irritada o quanto queria matar o Walter por dar jujuba para a filha, cessa suas palavras. Tanto ela, quanto Maria, olham atenta para mim. — Quero confessar algo para vocês.

— Você e o Blake treparam! —Maria praticamente grita enquanto Eliza não sabe se mata a amiga ou tampa os ouvidos da filha. — Isso está na cara, bobinha. O homem não consegue tirar as mãos de você nem por um segundo.

Pela primeira vez, acho que estou corando. Maria tem o incrível dom de deixar qualquer um totalmente sem jeito.

— Não é sobre isso que eu quero falar. —A loira praticamente murcha na minha frente. — Mas sim, nós trepamos. Satisfeita?

Um largo sorriso volta a dominar seu rosto.

— Depende. Preciso de mais detalhes.

— Maria! —Eliza repreende a amiga.

—O que foi? Sabe que é feio negar o desejo de uma gravida.

— Desejo por comida, sua maluca, e não por histórias eróticas.

Ela revira os olhos.

— Tanto faz.

Tenho vontade de rir com a interação entre as duas. A amizade que elas cultivam é a mesma que eu sempre sonhei que algum dia teria. Infelizmente, esse sonho morreu antes mesmo que eu completasse os meus quinze anos. Eu já sabia que nada na minha vida seria normal ou como as outras, e teria que me contentar com isso.

Depois de muito tentar, Eliza consegue fazer a filha dormir e a coloca no berço no carrinho perto de nós. As duas se ajeitam no sofá, prontas para me ouvirem.

— O que estou prestes a contar não é bonito e muito menos feliz, mas é a minha vida, uma verdade nua e crua, que eu não tenho o menor orgulho.

— Está me assustando, Beca. —Maria mostra aflição. — O que pode ser tão ruim assim?

Eu sabia que precisava ser forte. Não só por mim, ou por Blake. Mas, por nós.

— Não fui totalmente sincera com vocês. No dia em que conheci o Blake, eu não estava na boate para me divertir. Eu tinha ido lá para matar um homem.

A primeiro momento, as duas não aprecem acreditar muito nas minhas palavras. Devem achar que se trata de alguma pegadinha. Mas, de acordo com que vou narrando os detalhes daquela fatídica noite, vou vendo a perplexidade surgir em seus rostos.

Conto do motivo que me levou a ir atrás de Abelardo e tirar sua vida. Do ódio por ele ter arrancado a única parte boa que eu tinha na vida, a minha irmãzinha, e em como eu cheguei nessa situação tão trágica.

— Cresci vendo diversas pessoas entrarem na nossa casa. Boas e ruins, mas a segunda eram os que mais frequentavam. Meu pai sempre dizia que se tratava de negócios da família, e que quando eu crescesse, faria parte daquilo também. Quando fiz 16 anos, soube o que, de fato, me esperava. Ele me chamou até o seu escritório e me contou tudo. Todas as atrocidades, os acordos, as vendas. Lembro de sair de lá com o estomago revirado.

Meu Para Proteger - Série Homens Feridos, livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora