Capítulo 3

1.2K 146 24
                                    

Blake Carter

— Nocauteado e desarmado? —Marcos está sentado na minha frente, coça sem jeito a cabeça e parece com medo de me encarar. — Na sua ficha dizia que você foi militar. Acho que alguém aqui mentiu para ser contratado.

— Acho que em algum momento, eu acabei me distraindo.

— Claro. Quando ela resolveu colocar os peitos em jogo. —Viro a tela do notebook e mostro as filmagens da câmera que tenho na sala. — Todas as noites, esse lugar está infestado de mulheres. Se todas as vezes vocês se deixarem guiar pelo maldito pau, eu estarei ferrado.

— Sinto muito, senhor. Isso não irá se repetir novamente.

Ele lança um olhar de gana para a ruiva de pele alva e olhos de esmeraldas. Não posso negar que a mulher é linda de uma forma fora do normal. Seria impossível não se sentir atraído por ela. Eu mesmo não consegui desviar os olhos daquelas pernas torneadas dentro da calça jeans apertada. Os saltos da bota deixaram a sua bunda tão arrebitada quanto seu nariz.

Quem diabos é essa mulher?

— Será a sua última chance, Marcos. Agora saia.

Jeremias deixa o seu posto ao lado da porta para falar comigo assim que Marcos se retira.

— Acha mesmo que foi uma boa ideia deixa-la sair assim, senhor?

— Eu não podia mantê-la aqui. Não sou um carrasco.

— Mas ela pode contar para alguém.

— E correr o risco de ser presa? Duvido. Foi ela quem atirou, Jeremias, e eu tenho tudo gravado. —Para o meu benéfico, é claro, a Sunset é infestada de câmeras por todos os cantos. — Não se preocupe.

— Claro, senhor. Estarei lá embaixo, caso precise de mim.

Fico sozinho novamente na minha sala. Aproveito para rever as filmagens da noite. Chego até o momento em que ela é trazida para a minha sala. Observo atentamente quando ela começa a vasculhar o local.

— O que você irá fazer com isso? —Questiono comigo mesmo, vendo ela guardar em sua jaqueta a foto que estava sobre a minha mesa. Jeremy e eu tínhamos feito uma viagem para tentar escalar o monte Everest. Era seu aniversário de 20 anos e ele decidiu que queria por sua vida em risco para saber se era merecedor dos próximos anos. Nunca entendi o motivo desse desejo insano, mas como seu irmão mais velho, eu não poderia deixa-lo sozinho.

Dou um zoom quando chega a parte em que ela seduz Marcos com a porra de uma ceninha barata que só um idiota mesmo cairia. Mas a filha da mãe foi bem esperta, isso eu tenho que admitir.

Passo o indicador pelos lábios enquanto penso como irei fazer para conseguir encontra-la novamente. Sem sobrenome, sem qualquer pista. Apenas um nome.

Na tela, o seu sorriso está congelado para mim. Ela sabia o local exato onde havia uma câmera ali e fez questão de olhar para ela antes de deixar a sala.

— Vamos nos encontrar novamente, Rebeca.

***

É difícil chamar o lugar que você usa apenas para dormir, de lar. Não tem nada aqui que me faça sentir acolhido, que me traz paz e conforto. Quando Julia morreu, eu decidi que jamais colocaria os pés novamente no local onde havia acontecido todo aquele horror. Foi então que comprei esse lugar e fiz dele um santuário para ela. Há fotos nossas espalhadas por todo o lugar, como se algum dia, por puro milagre, ela fosse entrar por aquela porta e me blindar com o seu sorriso único, o qual eu sinto tanta falta.

Não sei porque esse sentimento insiste em permanecer e se enraizar cada vez mais dentro de mim. Sinto que não consigo seguir adiante, pois o sentimento de culpa sempre me puxa de volta para aquele dia. Estou preso lá como em um limbo, sempre revivendo as mesmas dores.

Sinto-me cansado. Porém, a última coisa que consigo fazer ao me deitar na cama, é fechar os olhos para dormir. Sequer me lembro qual foi a última noite que eu consegui ressonar sem a ajuda de algum remédio.

E pelo visto, dessa vez não será diferente.

Subo para o quarto que se dependesse de mim, só teria uma cama. Mas Jeremy acabou me convencendo a mobilar o espaço como uma pessoa normal, ou eu ficaria realmente parecendo um vampiro, como as pessoas costumam cochichar por aí.

Deixo o meu corpo cair sobre a cama e fico à espera do bendito remédio fazer efeito.

Mesmo sendo praticamente nocauteado por um comprimido pequeno, acordo no meio da madrugada, com o meu celular tocando. O visor marca 4:15, e eu só torço para que seja algo muito importante mesmo, e que não pode esperar até o dia amanhecer.

— Blake falando.

— Você está com uma coisa minha.

Hector. O homem que comanda o norte da cidade e o qual eu tenho uma guerra declarada.

— Acho que é um pouco tarde para te devolver. Á essa hora, Abelardo deve estar no fundo do oceano.

— Não me refiro a esse incompetente. —Levanto da cama, a caminho da cozinha. — Eu quero ela.

— Não sei do que está falando.

— Talvez o nome Rebeca Bartelli refresque a sua memória. —Paro com o copo de água no meio do caminho. Maldito judas! Sei que foi o maldito traidor que passou essa informação para ele. — Vou julgar que sim pelo seu silêncio. —Ouço sua risada seca. — Ela é minha, Blake. Você não vai querer piorar as coisas.

Uma raiva fervilha dentro de mim. Por isso ela queria tanto matar Abelardo. Por isso eu vi todo aquele ódio em seu olhar. Hector tenta manter a fachada de chefe das drogas, mas eu sei que o seu negócio mesmo é outro.

Tomo uma decisão que pode colocar tudo a perder, mas que será a chave para eu me livrar de vez dessa vida.

— Não vou te entregar a garota.

Encerro a ligação e já início outra com Jeremias. Agora temos um sobrenome e assim será mais fácil de encontrar a ruiva. Passo a informação para ele e peço que me ligue no mesmo instante que descobrir qualquer informação sobre o seu paradeiro.

No silencio da cozinha, começo a ver finalmente uma luz no meu caminho. Giro o anel de armação grossa, banhando em ouro, que carrego em meu anelar.

— Eu vou derrubar todos vocês, nem que para isso eu tenha que cair junto. 

***

A gente começa a semana como? Com capítulo, é claro! haha Gostaram? 

Essa treta vai ser pesada e das grandes, então...Ah, vocês já estão cansadas de saber que é para se prepararem. haha 

Um bom dia e uma ótima semana para nós. s2 

Meu Para Proteger - Série Homens Feridos, livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora