Rebeca Bartelli
Quando Blake saiu por aquela porta, eu quis ir atrás dele para fazê-lo prometer a mesma coisa que que eu: ficar vivo. Não sabia de onde estava vindo o impulso de desejar mais um abraço, um pouco mais de seu toque, talvez, um último beijo. Não me reconhecia em meus próprios pensamentos e anseios. Nunca antes, tais sentimentos se apossaram tanto da minha cabeça, do meu corpo. Mas desde que embarcamos nessa viagem, sinto que muitas coisas dentro de mim estão mudando sem o meu consentimento. E uma delas, é o que eu sinto por Carter. E é exatamente essa parte que está me deixando louca. E, se eu não der um tempo nesses pensamentos, acabarei ficando louca de verdade.
Pego a mala que Blake deixou para mim e a levo para o meu quarto. Lá, espalho todo o documento sobre a cama. Todas as informações sobre Aaron Hoffmann estão bem à minha frente. Preciso lê-las e descobrir qual será a melhor abordagem para conseguir o dossiê. Não posso falhar. É a única chance. Se eu errar, nosso último passo estará perdido.
Mexo, apreensiva, no relógio em meu pulso. Tem sido meu amuleto desde a morte de meu pai, e agora torço para que funcione essa noite também.
Você consegue, Rebeca. É uma Bartelli. Posso escutar sua voz a me encorajar.
Deixo todo o receio de lado e foco nos papeis sobre a cama. Tenho menos de 10 horas para conseguir absorver o máximo de informações possíveis e elaborar um bom plano. Respiro fundo antes de pegar a primeira folha, que contém todas as informações pessoais sobre Aaron. Descubro que ele tem um filho da minha idade. Petrus. Procuro pelas folhas espalhadas e encontro a foto dele. Idêntico ao pai, só que sem as marcas da idade. Mas os olhos negros e os lábios finos em uma linha reta estão lá, como uma marca. Aaron é viúvo, o que já descarta a possibilidade de tentar uma abordagem com algum lado feminino. Homens apaixonados tendem a fazer de tudo por sua amada. Mas sem uma Sr.ª Hoffmann, isso se torna impossível.
Porém, se Aaron se mostrar ríspido demais, Petrus talvez seja mais maleável.
No fim da tarde, minha cabeça doía com tantas informações e tentativas frustradas de formar planos que em seguida, já eram descartados pela grande possibilidade de dar errado. Aceitando que não havia mais nada ali que eu já não tivesse lido, deixei tudo de lado para tomar um banho. Precisava relaxar e assim, quem sabe, minha cabeça voltasse a funcionar melhor.
E debaixo da cascata de água, senti, mais uma vez, a falta de Carter, e estava sendo uma verdadeira droga. Saber que ele não invadiria meu quarto a qualquer momento, com suas loucuras, deixava-me com um sentimento estranho de frustração. Quantas vezes ele me convidou para tomar um banho com ele, e eu apenas fugi? Quantas vezes ele tentou fazer com que dormíssemos juntos depois do sexo, e eu sempre neguei? Inúmeras. Sempre me esquivei de suas tentativas de aproximações que eu considerava serem intimas demais. Em todas as vezes, agi como se tudo isso entre nós não passasse de apenas sexo.
E de fato, era para ser assim. Mas no meio do caminho, algo mudou. Agora, já não consigo mais enxergar assim. Não consigo tratar como casual algo que estou sentindo falta.
Uma merda fodida!
Desligo a ducha e pego o roupão branco que estava pendurado. Enrolo a toalha no cabelo e saio. Estou a caminho da minha mala quando meus passos param. Olho para a cama, notando que há algo diferente. As cortinas balançam com o vento que entra no quarto e meu olhar é atraído para algo no chão. Abaixo-me, pegando a folha. E quando a vir, percebo que havia sim, deixado passar uma coisa.
— É isso! —Grito para a solidão do quarto.
Corro para o telefone e disco para a recepção, torcendo para que a pessoa que atenda seja bilíngue e entenda o meu pedido.
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Meu Para Proteger - Série Homens Feridos, livro 3
RomanceA morte parece andar ao meu lado. Posso jurar que sinto o cheiro dela nas minhas entranhas e a sua respiração na minha nuca. Primeiro foram os meus pais. Depois, a minha esposa. Eu os perdi, sem sequer ter a chance de defende-los. Agora, irei pro...