Blake Carter
Pensei que teria que acordar Rebeca, pois acreditei que a mesma acabaria dormindo até tarde. Mas fui surpreendido quando a encontrei tomando seu café da manhã e se lambuzando com sua rosquinha açucarada. Essa mulher é viciada nessa coisa. Sentei-me à mesa com ela e fiz o meu desjejum. Não trocamos nenhuma palavra, porém, o silencio não era incomodo. Parecia meio que certo naquele momento. Tudo já estava planejado e a nossa rota traçada de acordo com o mapa na parede do meu escritório. O que nos resta agora é agir, e torcer para que nada dê errado.
Depois do café, seguimos rumo ao aeroporto onde um jatinho particular já nos esperava. Nele estavam os cinco homens que nos acompanhariam nessa jornada. Não seria seguro sairmos apenas Rebeca e eu na busca das tais provas. Seriamos alvos fáceis e morreríamos na primeira emboscada. Jeremias ficará responsável por cuidar de tudo na minha ausência. Ele é o único em quem eu confio para ocupar temporariamente o meu lugar.
Entramos e nos acomodamos na aeronave. Rebeca escolheu uma poltrona um pouco afastada. Percebi isso como um claro recado de que queria ficar sozinha. O piloto avisa para colocarmos o cinto para a decolagem. Quando já estamos no ar, aproveito ir até uma cabine separada, onde estão meus seguranças, para repassar toda a rota e as estratégias. Não posso colocar nada em risco. Principalmente a ruiva. Prometi que a traria viva de volta, e é exatamente o que irei fazer. Blake Carter nunca quebra uma promessa, mesmo que ele precise dar a própria vida para cumpri-la.
Estou voltando para o meu lugar quando percebo Rebeca perdida nas nuvens que passam do outro lado da janela. Ela parece tão distante quanto nós estamos do chão. Pondero se devo me aproximar ou apenas deixa-la continuar em sua quietude, mas acho que acabei pensando demais, pois a ruiva logo tomou a iniciativa.
— Acho que vou gostar de viver em um lugar como esse, caso a gente morra.
Rápida e direta. Rebeca Bartelli realmente não faz a linha enrolação.
— Nós não vamos morrer, ruiva.
— Não tem como saber disso, Blake. E além do mais, estou bem com isso.
— Mas eu não. —Sento-me na poltrona à sua frente, um pouco irritado com a sua conformidade. — Você é nova demais, tem muito o que viver ainda. Como pode dizer algo assim? —Sinto que pareço um pai dando sermão, mas não paro. — Não tem sonhos, planos?
— Que tipo de sonhos uma pessoa como eu poderia ter? Vamos ser sinceros nessa conversa, Carter. Somos frutas podres, e a única coisa que carregamos é um monte de larvas prestes as nos devorar.
— Não precisa ser assim. —Abrando o tom. — Todos têm uma escolha. Até pessoas como nós.
Ela se curva para frente, apoiando os dois cotovelos nos joelhos.
— E qual seria a sua?
Essa é uma resposta que eu já tatuei na minha alma.
— Ser livre. —Ela abaixa o olhar antes de voltar a se recostar na cadeira e se aquietar mais uma vez. Mas antes de deixa-la só novamente, sinto que preciso dizer uma outra coisa. — Eu não escolhi essa vida, Rebeca. Assim como você, esse fardo foi jogado no meu colo. Mas isso não significa que precisamos ser essas pessoas para sempre.
Volto para o lugar que eu estava anteriormente, com a ideia de conseguir pegar no sono um pouco. Infelizmente, a rápida conversa com Rebeca me atormenta durante toda a viagem. Por sorte ela é rápida, e tão logo estamos pousando em solo mexicano.
Deixamos a aeronave no momento exato em que o sol está se preparando para se pôr no horizonte.
— Lindo, não é? —Rebeca para ao meu lado para admirar a vista. A pouca luz solar atinge os seus cabelos, transformando-os ainda mais em fogo. Sua pele clara parece brilhar.
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Meu Para Proteger - Série Homens Feridos, livro 3
RomanceA morte parece andar ao meu lado. Posso jurar que sinto o cheiro dela nas minhas entranhas e a sua respiração na minha nuca. Primeiro foram os meus pais. Depois, a minha esposa. Eu os perdi, sem sequer ter a chance de defende-los. Agora, irei pro...