Blake Carter
Deixo todas as instruções com Jeremias, para que ele passe as mesmas ordens para os outros seguranças da Sunset. Na minha ausência, é ele quem fica responsável por tomar conta de tudo. Deixo a boate, passando em casa apenas para tomar um banho. Depois sigo para o endereço que Noah me mandou, onde será o jantar de comemoração do novo negócio de Maria e sua mãe.
Ao estacionar no local, me dou conta de que não havia me ligado tanto assim ao endereço. A faixada foi renovada, assim como toda a decoração do lugar e os funcionários. Mesmo assim, ainda é o restaurante favorito de Julia.
É só um jantar entre amigos, Blake. Você consegue. Encorajo-me ainda dentro do carro. Eu sequer entrei e já sinto a enxurrada de lembranças me dominar. A dor que elas trazem se torna quase insuportável. Penso em ligar para desmarcar, dar uma desculpa qualquer, mas meu lado sensato me diz que eles não merecem isso. A loira não merece. Insistiu para que eu viesse, e a última coisa que eu quero é decepciona-la como um covarde.
Por isso, crio coragem e saio do carro. Entrando no restaurante. Avisto-os sentados em uma mesa próxima à janela. O lugar preferido de Júlia, pois ela dizia que dali dava para ver o pôr do sol no horizonte. Todos estão rindo enquanto jogam conversa fora, completamente alheio à minha presença um pouco afastada. Sinto-me um pouco perdido ali. Faz anos que não entro nesse lugar, e para falar a verdade, parece um pouco errado estar fazendo isso sem ela.
Devo estar ficando louco, é isso. Ou talvez seja porque hoje faz 7 anos que ela se foi. Deve ser por isso que as lembranças estão mais fortes e dolorosas. Algo que eu consegui controlar durante muito tempo.
— Ei, cara! Não vai se sentar com a gente? —Walter me chama, revelando a todos a minha presença.
Sem escapatórias, Blake.
— Boa noite. —Cumprimento ao me aproximar. — Desculpem a demora. O transito não está nada bom. Parece que a cidade toda decidiu sair de casa essa noite. —Tento parecer descontraído ao me sentar na ponta da mesa.
Todos parecem aceitar a minha desculpa esfarrapada, e até começam uma pequena discussão sobre o transito caótico. Menos uma pessoa. A que está sentada exatamente ao meu lado e que parecer saber exatamente que algo não está bem.
Maria se inclina um pouco para perto, tentando fazer com que só eu escutasse o que ela tem a dizer.
— Tem alguma coisa acontecendo e você vai me contar.
— Pedindo com tanto carinho, não como dizer não. —Permaneço olhando para o cardápio de vinhos, fingindo que estou realmente interessado naquilo.
— Eu vi você dentro do carro e depois parado ali na porta, parecendo decidir se entra ou não. Você está travando alguma luta ai dentro e eu quero te ajudar.
Fecho o cardápio, sem sequer ter lido um único nome. Olho para ela, que tem seus olhos preocupados focados em mim. Não parece dar a mínima para a conversa na mesa.
— Você está certa, loira. Mas isso é conversa para outro dia. Pode ser?
— Vou cobrar. —Satisfeita, por hora, decido colocar um sorriso de volta em seu rosto.
Pego em sua mão e beijo os nós de seus dedos, obtendo o resultado esperado.
— Você é a mamãe mais linda desse mundo.
— Mas é um cretino mesmo. Você disse a mesma coisa para Eliza quando ela estava grávida.
— Pois aquela foi a vez dela, agora é a sua. Há espaço para todas em meu coração, docinho.
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Meu Para Proteger - Série Homens Feridos, livro 3
RomanceA morte parece andar ao meu lado. Posso jurar que sinto o cheiro dela nas minhas entranhas e a sua respiração na minha nuca. Primeiro foram os meus pais. Depois, a minha esposa. Eu os perdi, sem sequer ter a chance de defende-los. Agora, irei pro...