CAPÍTULO 35

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BLAKE CARTER

Puta que pariu!

É tudo que consigo pensar quando vejo os dois seguranças mortos dentro do carro. Os mesmos que eu pagava uma verdadeira fortuna para fazerem a porra do serviço direito. Agora, parado nesse cemitério, não sei para onde ir. Está é a última localização que o aplicativo mostrou que Rebeca esteve. É claro que o desgraçado do Jeremias jogaria o celular dela fora, afinal, ele era o chefe da minha segurança. Não havia nada que ele não soubesse.

– Senhor?

Escuto a voz de Lucas, mas não me viro. Permaneço olhando fixamente para o objeto caído perto do carro.

– Sim.

– Vasculhamos todo o local. Não a encontramos.

Seu relatório não me surpreende. Assim que pisei nesse local, sabia que minha bruxinha não estaria aqui. Chame como quiser, mas eu sinto a presença dela. Sua energia viva parece uma fonte que me puxa para cada vez mais perto.

– Reúna os outros.

– O.k.

Escuto seus passos se afastarem. Abaixo-me para pegar o item que chamou a minha atenção. Seguro m meus dedos, observando o visor quebrado como se alguém tivesse pisado em cima. Rebeca nunca tirava esse relógio. Isso só me prova ainda mais que os covardes usaram a força para a levarem daqui.

Aperto o objeto em minha mão, desejando com toda as minhas forças tê-la comigo novamente.

Ouço passos retornarem. Viro-me para dar novas ordens aos meus homens.

O ódio reascende com tudo quando vejo a audácia do homem à minha frente. Minha arma é sacada numa velocidade surpreende. Estou pronto para aniquilá-lo.

– Um motivo para eu não colocar uma bala na sua cabeça agora memo.

– Eu posso te levar até ela.

Suas palavras me fazer vacilar por alguns segundos, até lembrar que ele pode estar blefando.

– E por que faria isso?

– Porque Hector me enganou.

Meus seguranças retornam. Agora Jeremias tem mais de trinta armas apontadas para sua cabeça.

– Quer falar de traição, Jeremias? Sério?

– Eu não tive escolhas, senhor.

– Pro inferno que não tinha! –Cuspo minha raiva. – Meus homens estão prontos, esperando apenas uma ordem. Então, me dê um bom motivo para deixá-lo vivo, seu traidor de merda?

– Ele sequestrou a minha família.

– O que?

– Dois anos atrás. Estávamos na Varsóvia fechando negócios com os poloneses. Recebi uma ligação da minha esposa, avisando que nossa filha havia desaparecido.

– Lembro desse dia. Você disse que precisava voltar porque a mansão havia sido invadida.

– Precisei mentir. Quem a levou, deixou um único recado. Diga alguma coisa á Blake e ela morre. Desde então, precisei fazer tudo que Hector mandava, ou ele iria me tirar a única luz da minha vida.

Merda.

Por mais que na minha frente esteja um traidor, eu jamais deixarei de reconhecer a postura de um homem acuado pela dor de perder tudo. Esse é um sentimento impossível de simular, e Jeremias o exibe bem na minha frente, como se fosse um reflexo meu.

As armas ainda estão apontadas para ele. Não estou confortável suficiente para abaixar a guarda.

– E por que você me ajudaria agora, Jeremias?

– Porque eu não tenho mais nada a perder. –Com poucas palavras, consigo entender perfeitamente o que ele quer dizer, e isso me tinge como uma lâmina bem afiada. – Assim que terminei que entreguei Rebeca e todos os documentos que vocês juntaram, Hector ordenou para que executassem minha filha.

– Filho da puta!

Expresso minha aversão que só aumenta por aquele sádico. Se ele teve a coragem de tirar a vida de uma criança, ele é capaz de tudo.

Inclusive matar Rebeca e Jeremy.

Forço minha mente a não ir por esse lado.

Não.

Eles estão vivos. E eu irei tê-los de volta.

– Você vai me levar até ele. Agora.

Jeremias apenas acena, antes de me seguir até o carro. Meus seguranças se dirigem para os outros veículos. Um verdadeiro comboio indo em direção á Hector.

– Você poderia ter me contado a verdade. –Falo com Jeremias, sentado ao meu lado, dando instruções do caminho. – Sabe que eu teria movido céus e terras para te ajudar.

– Se você tivesse recebido uma ordem de uma pessoa que tem como refém o maior amor da sua vida, pensaria em contrariar?

Ele não precisa que eu responda. Sabe que eu jamais arriscaria a vida de quem amo.

– Sinto muito pela Clara. –Falo com sinceridade. Lembro-me de tê-la visto apenas uma vez, quando Jeremias precisou levá-la para minha casa, pois a pequena havia quebrado o pé e não queria ficar longe do pai. O carinho entre os dois era quase palpável. Não consigo imaginar o quanto esteja sofrendo pela perda brutal. – Vamos fazê-lo pagar.

Ele apenas concorda, indicando mais um caminho.

O ambiente no carro fica em silencio por alguns minutos, até ser quebrado pela revelação de Jeremias.

– Fui eu quem atraiu Abelardo para a boate.

– Claro.

– Ele havia descoberto sobre a minha ligação com Hector e ameaçava jogar isso no ventilador. Eu sabia que se o levasse até a boate, você o mataria.

– Juntou o útil ao agradável. –Observo. Jeremias sabia o quanto eu mesmo queria matar aquele ser desprezível.

– Eu só não contava que teria alguém com mais vontade de matá-lo, que você.

– Rebeca não estava nos seus planos?

– Não. Ela realmente foi uma surpresa e tanto.

Pego-me sorrindo pela primeira vez depois que toda essa merda começou.

– O destino é imutável.

Recordo-me na frase que cresci ouvindo.

– Seu pai era um homem sábio. Mesmo com as escolhas erradas, ele só queria o que era melhor para vocês.

– Dizem que os pais erram querendo acertar. –Reflito.

– Sim. A gente nunca sabe onde está acertando e onde está errando.

Sua voz fica distante, assim como seu olhar. Decido deixá-lo sozinho com seus pensamentos. O homem ao meu lado não se parece em nada com o braço direito que me acompanhou e me protegeu durante anos. Agora, só vejo uma casca vazia. A lembrança da força que ele já exibiu um dia.

Você já destruiu pessoas demais, Hector. Está mais do que na hora de parar. 

Meu Para Proteger - Série Homens Feridos, livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora