BLAKE CARTER
Puta que pariu!
É tudo que consigo pensar quando vejo os dois seguranças mortos dentro do carro. Os mesmos que eu pagava uma verdadeira fortuna para fazerem a porra do serviço direito. Agora, parado nesse cemitério, não sei para onde ir. Está é a última localização que o aplicativo mostrou que Rebeca esteve. É claro que o desgraçado do Jeremias jogaria o celular dela fora, afinal, ele era o chefe da minha segurança. Não havia nada que ele não soubesse.
– Senhor?
Escuto a voz de Lucas, mas não me viro. Permaneço olhando fixamente para o objeto caído perto do carro.
– Sim.
– Vasculhamos todo o local. Não a encontramos.
Seu relatório não me surpreende. Assim que pisei nesse local, sabia que minha bruxinha não estaria aqui. Chame como quiser, mas eu sinto a presença dela. Sua energia viva parece uma fonte que me puxa para cada vez mais perto.
– Reúna os outros.
– O.k.
Escuto seus passos se afastarem. Abaixo-me para pegar o item que chamou a minha atenção. Seguro m meus dedos, observando o visor quebrado como se alguém tivesse pisado em cima. Rebeca nunca tirava esse relógio. Isso só me prova ainda mais que os covardes usaram a força para a levarem daqui.
Aperto o objeto em minha mão, desejando com toda as minhas forças tê-la comigo novamente.
Ouço passos retornarem. Viro-me para dar novas ordens aos meus homens.
O ódio reascende com tudo quando vejo a audácia do homem à minha frente. Minha arma é sacada numa velocidade surpreende. Estou pronto para aniquilá-lo.
– Um motivo para eu não colocar uma bala na sua cabeça agora memo.
– Eu posso te levar até ela.
Suas palavras me fazer vacilar por alguns segundos, até lembrar que ele pode estar blefando.
– E por que faria isso?
– Porque Hector me enganou.
Meus seguranças retornam. Agora Jeremias tem mais de trinta armas apontadas para sua cabeça.
– Quer falar de traição, Jeremias? Sério?
– Eu não tive escolhas, senhor.
– Pro inferno que não tinha! –Cuspo minha raiva. – Meus homens estão prontos, esperando apenas uma ordem. Então, me dê um bom motivo para deixá-lo vivo, seu traidor de merda?
– Ele sequestrou a minha família.
– O que?
– Dois anos atrás. Estávamos na Varsóvia fechando negócios com os poloneses. Recebi uma ligação da minha esposa, avisando que nossa filha havia desaparecido.
– Lembro desse dia. Você disse que precisava voltar porque a mansão havia sido invadida.
– Precisei mentir. Quem a levou, deixou um único recado. Diga alguma coisa á Blake e ela morre. Desde então, precisei fazer tudo que Hector mandava, ou ele iria me tirar a única luz da minha vida.
Merda.
Por mais que na minha frente esteja um traidor, eu jamais deixarei de reconhecer a postura de um homem acuado pela dor de perder tudo. Esse é um sentimento impossível de simular, e Jeremias o exibe bem na minha frente, como se fosse um reflexo meu.
As armas ainda estão apontadas para ele. Não estou confortável suficiente para abaixar a guarda.
– E por que você me ajudaria agora, Jeremias?
– Porque eu não tenho mais nada a perder. –Com poucas palavras, consigo entender perfeitamente o que ele quer dizer, e isso me tinge como uma lâmina bem afiada. – Assim que terminei que entreguei Rebeca e todos os documentos que vocês juntaram, Hector ordenou para que executassem minha filha.
– Filho da puta!
Expresso minha aversão que só aumenta por aquele sádico. Se ele teve a coragem de tirar a vida de uma criança, ele é capaz de tudo.
Inclusive matar Rebeca e Jeremy.
Forço minha mente a não ir por esse lado.
Não.
Eles estão vivos. E eu irei tê-los de volta.
– Você vai me levar até ele. Agora.
Jeremias apenas acena, antes de me seguir até o carro. Meus seguranças se dirigem para os outros veículos. Um verdadeiro comboio indo em direção á Hector.
– Você poderia ter me contado a verdade. –Falo com Jeremias, sentado ao meu lado, dando instruções do caminho. – Sabe que eu teria movido céus e terras para te ajudar.
– Se você tivesse recebido uma ordem de uma pessoa que tem como refém o maior amor da sua vida, pensaria em contrariar?
Ele não precisa que eu responda. Sabe que eu jamais arriscaria a vida de quem amo.
– Sinto muito pela Clara. –Falo com sinceridade. Lembro-me de tê-la visto apenas uma vez, quando Jeremias precisou levá-la para minha casa, pois a pequena havia quebrado o pé e não queria ficar longe do pai. O carinho entre os dois era quase palpável. Não consigo imaginar o quanto esteja sofrendo pela perda brutal. – Vamos fazê-lo pagar.
Ele apenas concorda, indicando mais um caminho.
O ambiente no carro fica em silencio por alguns minutos, até ser quebrado pela revelação de Jeremias.
– Fui eu quem atraiu Abelardo para a boate.
– Claro.
– Ele havia descoberto sobre a minha ligação com Hector e ameaçava jogar isso no ventilador. Eu sabia que se o levasse até a boate, você o mataria.
– Juntou o útil ao agradável. –Observo. Jeremias sabia o quanto eu mesmo queria matar aquele ser desprezível.
– Eu só não contava que teria alguém com mais vontade de matá-lo, que você.
– Rebeca não estava nos seus planos?
– Não. Ela realmente foi uma surpresa e tanto.
Pego-me sorrindo pela primeira vez depois que toda essa merda começou.
– O destino é imutável.
Recordo-me na frase que cresci ouvindo.
– Seu pai era um homem sábio. Mesmo com as escolhas erradas, ele só queria o que era melhor para vocês.
– Dizem que os pais erram querendo acertar. –Reflito.
– Sim. A gente nunca sabe onde está acertando e onde está errando.
Sua voz fica distante, assim como seu olhar. Decido deixá-lo sozinho com seus pensamentos. O homem ao meu lado não se parece em nada com o braço direito que me acompanhou e me protegeu durante anos. Agora, só vejo uma casca vazia. A lembrança da força que ele já exibiu um dia.
Você já destruiu pessoas demais, Hector. Está mais do que na hora de parar.
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Meu Para Proteger - Série Homens Feridos, livro 3
RomanceA morte parece andar ao meu lado. Posso jurar que sinto o cheiro dela nas minhas entranhas e a sua respiração na minha nuca. Primeiro foram os meus pais. Depois, a minha esposa. Eu os perdi, sem sequer ter a chance de defende-los. Agora, irei pro...