Meu Para Proteger - Série Homens Feridos, livro 3

Capítulo 6

Rebeca Bartelli 

Acordo com a fresta de luz solar que atravessa um pequeno espaço na cortina e bate direito em meu olho. Viro para o outro lado para tentar continuar a dormir mais um pouco, mas a quantidade de sacolas que encontro sobre a cama acaba me despertando de vez. Jogo a coberta para o lado, e me dou conta de que não me lembrava de tê-la pegado antes de dormir. Estranho. Levanto e começo a xeretar nas bolsas com logomarca de uma loja bem cara. Quando as abro, encontro várias peças de roupas, sapatos e itens para higiene pessoal.

Em uma das muitas sacolas, encontro também um secador de cabelo e absorventes. Sinto vontade de rir só de imaginar um homem como ele na seção de íntimos, tentando decidir qual marca e modelo seria o mais adequado.

Acho que Blake Carter não é um anfitrião tão ruim assim.

Para aumentar ainda mais a minha surpresa, há uma pequena bolça contendo várias calcinhas e sutiãs. Avalio cada uma, notando que são todas conjuntos minúsculos de lingerie.

— Pelo menos ele tem bom gosto. —Falo comigo mesma, pegando algumas peças e indo para o banheiro.

Tomo um banho longo e demorado, fazendo questão de usar todos os produtos que estavam nas sacolas. Desligo a ducha e enrolo o cabelo molhado em uma toalha. Depois de enxugar o corpo, passo o hidratante corporal que também estava lá. Colocou a perna esquerda sobre a tampa do vaso e espalho o produto até chegar ao meu ombro. Depois repito o mesmo processo na outra perna. Até produto para o rosto tinha lá, e é claro, faço uso dele também. Escolho o conjunto preto e de renda. Fico alguns minutos me admirando no espelho do banheiro, notando que ficou no tamanho perfeito. Ligo o secador e finalizo o meu cabelo, o que demora um pouco mais, por conta do tamanho.

Volto para o quarto e começo a vasculhar novamente as sacolas, até encontrar algo que eu queira usar. A escolhida é uma blusa clarinha e de tecido fino, com uma manga que vai até o cotovelo. Ela é soltinha, o que combina com a Skinny preta que eu encontro ali também. Sento na cama para calçar os sapatos e pegar o relógio que eu havia guardado debaixo do travesseiro. Coloco-o em meu pulso e fico admirando a peça toda banhada em ouro, com o fundo em azul. É uma joia valiosa, tanto pelo material quanto pelo sentimento que ela carrega.

Sinto-me pronta para descer e enfrentar Blake Carter em busca de respostas. Sinto que seus propósitos de me manter aqui são muito maiores do que eu possa imaginar, e está na hora de colocarmos as cartas na mesa.

O encontro na sala de jantar, focado em seu celular e sentado a uma mesa que parece ter sido preparada para alimentar uma família de dez pessoas. Sobre ela, há variedades de frutas, sucos e pães. Mas o meu foco é todo atraído pelas rosquinhas doces com vários tipos de coberturas por cima. Minha boca já anseia por sentir o gosto açucarado.

Os olhos de Blake estão fixos em mim. Ele se levanta e caminha calmamente na minha direção. Quanto mais ele se aproxima, mais escuros seus olhos parecem ir ficando. Por um motivo que eu não sei explicar, meu corpo não se move. Fico parada no mesmo lugar. Sem dizer uma única palavra, ele se posiciona atrás de mim. Crio uma expectativa interna para saber o que ele pretende fazer. Minha pele aquece quando seus dedos tocam a lateral do meu pescoço, mesmo que de leve, para tirar o meu cabelo e deixar aquela parte exposta. Por alguns segundos, ele não faz nada, e a expectativa só cresce mais. Suas mãos seguram firme o meu ombro. Sinto seu movimento minúsculo, até que a ponta de seu nariz toca a curva do meu pescoço e ele inspira.

Ele sobre, até chegar em meu ouvido, onde sussurra com um timbre rouco.

— Você tem cheiro de pecado, ruiva. —Ele estica o braço, penso que irá me virar e realizar o que tenho vontade de fazer desde que ficamos bem próximos em minha casa. Isso é loucura, Rebeca. Mas contrariando os meus desejos, ele apenas coloca sua mão na cadeira e a puxa. — Coma. Estarei te esperando no meu escritório para conversarmos.