Capítulo 27
Blake Carter
Rebeca mal respira enquanto narra para mim as loucuras que Hector despejou sobre ela. Quero interrompe-la, calar toda a aflição estampada em seu rosto com um beijo. Estou com saudades, caramba! Tudo que mais quero agora é me enterrar nela e nunca mais sair. Porém, termino de ouvi-la, apenas para dizer, que nada disso é verdade.
— Como não? Ouviu bem o que eu disse, Blake? —Por que ela está tão furiosa? — Olha, se você precisar de um momento para digerir tudo isso, é justo. Sei que não deve ser fácil olhar para a filha do assassino dos seus pais.
— Rebeca, para. —Sento-me na beira da cama, seguro em suas mãos e a faço olhar para mim. Seus olhos relutam a princípio, carregam uma vergonha que não designa a ela. — Você confia em mim?
Não há dúvidas ou sequer hesitação quando ela responde.
— Sim.
— Então acredite quando digo que não foi Raul quem matou os meus pais.
— Como pode ter certeza disso? Talvez você só esteja em estado de negação...
— Porque eu sei quem os matou. —O choque parece paralisar seu rosto, deixando seus olhos arregalados e sua boca aberta.
— Você sabe? Como? Meu Deus! —Ela leva as mãos à cabeça e eu me apresso em checar o que está acontecendo. — Parece que a minha cabeça vai explodir.
Coloco apenas o corpo para fora do quarto e chamo por uma enfermeira. Quando ela se aproxima, informo que Rebeca sente forte dores na cabeça e precisa de um remédio. Não demora muito e ela volta com dois comprimidos e um copo de água.
— Aqui, senhorita. —Entrega os dois itens para a ruiva. — Eles irão te deixar sonolenta, então... —A enfermeira olha para mim.
— Não se preocupe, irei deixa-la descansar.
Ela sai e eu volto para perto de Rebeca. Ajeito o travesseiro para que ela fique mais confortável.
— Por que Hector mentiria sobre isso? —Questiona.
— Ele é um homem asqueroso, ruiva. Lembre-se disso. Provavelmente queria apenas brincar com a sua cabeça antes de... —O gosto amargo na minha boca impede que eu termine a frase.
— Antes de me matar.
Um bolo se forma em minha garganta. A imagem dela ajoelhada na terra, pronta para tomar um tiro, serão um martírio até o meu último dia de vida. Tento mantê-las longe nesse momento, antes que eu perca o pouco controle que me resta. Rebeca precisa de cuidados e não poderei fazer isso sendo uma bomba prestes a explodir.
— Ver você morrendo, achando que seu pai era um homem horrível, fazia parte do joguinho sádico dele. Nós vamos pega-lo, ruiva. Vamos até esse último lugar, e depois disso, acabou.
— Acabou. —Ela repete, ansiando tanto quanto eu, por esse dia. Algo parecer estalar em sua cabeça. — Petrus! Onde ele está? Vocês o acharam?
— Sim. Ele está bem. —Tranquilizo-a. — Bastante ferido, mas vai sobreviver.
— Ainda não acredito que Aaron está morto. Acredita que ele era meu tio?
— Aaron Hoffmann era seu tio? —Mais uma informação nova.
— Sim. Descobri no mesmo dia em que fui procura-lo. —Rebeca me conta de forma breve, pois o sono já está mostrando seus sinais, como soube de que Aaron era irmão de Lucy, sua mãe. — Quanto mais eu descubro, mais tenho certeza de que não sei nada sobre a minha própria história.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu Para Proteger - Série Homens Feridos, livro 3
RomanceA morte parece andar ao meu lado. Posso jurar que sinto o cheiro dela nas minhas entranhas e a sua respiração na minha nuca. Primeiro foram os meus pais. Depois, a minha esposa. Eu os perdi, sem sequer ter a chance de defende-los. Agora, irei pro...