(Aconselho a pegarem um calmante e se sentarem. haha)
Blake Carter
— Senhor? —Meu braço direito aparece na cabine reservada do avião. O mesmo lugar onde Rebeca e eu fizemos a cama de palco para os nossos desejos, e que agora está servindo para aumentar ainda mais a dor em meu peito. — Conseguimos localizar o celular dela. Já estamos com as coordenadas.
— Bom trabalho, Jeremias. —Não olho para cima. Mantenho minha cabeça baixo, evitando que ele veja o fracasso na minha íris. — Falta muito para pousarmos?
— Não, senhor. O piloto informou vinte minutos.
— Ótimo.
Não o vejo sair, apenas escuto seus passos me deixando a sós novamente, me meu martírio culposo.
Por que eu a deixei sozinha? Por que não insisti para que viesse comigo?
Porque, no fundo, eu sabia que não adiantaria de nada. Rebeca não nasceu para receber ordens ou deixar que outra pessoa direcione o seu caminho. Ela nasceu para lutar enfrentar, seja o que for, mas jamais dar-se por vencida. E são esses os mesmos motivos pelos quais a chama da esperança ainda vive dentro de mim. A bruxinha está viva, e eu consigo sentir isso a cada batida forte do meu coração que esmurra o peito.
Vinte minutos nunca pareceram tanto uma eternidade, assim como minha cabeça nunca esteve tão bagunçada, fodida. Nem depois que Júlia morreu, eu fiquei nesse estado de querer sair colocando o peito na frente e receber todas as balas, apenas para achar a minha mulher. Todo o plano que Jeremias traçou, junto aos os outros homens, parece inútil para mim, falho. Porém, terei que confiar, pois sei que minha mente pode me pregar muitas peças nesse momento e fazer com que um passo errado faça eu perder tudo. Perder ela.
O avião pousa e logo após somos autorizados a descer. Trinta homens me acompanham nessa jornada, além de um arsenal completo de armas. Hector colocou uma corda em seu próprio pescoço quando decidiu esses dois atos: sequestrar Maria e atacar a mansão dos Hoffmann, sabendo que Rebeca estava lá. Não darei chance para um terceiro ato. Irei puxar a corda e enforca-lo antes mesmo que ele consiga pedir clemencia.
Há uma frota de carros a nossa espera. Entro em um deles acompanhado de Jeremias e mais dois seguranças. Vamos em comboio, pois agora estou pouco me fodendo para o quesito de não chamarmos a atenção. Nosso carro está em uma posição segura, segundo Jeremias. Pois, se houver algum ataque, não seremos atingidos primeiro. Egoísta, eu sei. Mas tento me recordar que esses homens estão sendo pagos e foram treinados para isso. Ele está dirigindo, enquanto segue as coordenadas indicadas no celular preso ao painel. Sinto-me sufocar dentro do carro, então abro os dois primeiros botões da camisa social. Ainda é pouco. Retiro o casaco e dobro as mangas. Vou pirar se não a tiver em meus braços em pouco tempo. Só consigo respirar um pouco melhor quando avisto o portão de entrada da mansão Hoffmann, mas o ar logo some quando vejo a quantidade de seguranças mortos.
— Estão averiguando o perímetro, senhor. —Jeremias informa.
Um dos homens informa pelo rádio que o caminho está livre. Descemos todos do carro e seguimos o resto do caminho a pé. Alguns seguranças estão na minha frente e outros atrás, toda a postos, com as armas engatilhadas. A minha está na minha cintura, pronta para ser usada. Andamos com precaução, olhado para todos os lados e desviando dos mortos espalhados pelo caminho. Esse lugar está uma verdadeira bagunça.
Na entrada para a casa, encontramos a porta praticamente destruída. Lá dentro, há estilhaços da madeira para todos os lados. Pisamos em alguns cacos de vidros enquanto adentramos na residência. Peço para que Jeremias vasculhe o andar debaixo enquanto eu verifico o de cima. Dividimos os seguranças entre nós e seguimos. No segundo andar encontro apenas os quartos e um escritório. Entro nele por desencargo e acabo encontrando algo que faz meus passos cessarem. Agacho-me sobre o tapete, pegando o objeto que brilha sobre o tapete. É o celular que eu dei para Rebeca. A tela se ilumina e o que vejo ali faz o meu coração disparar ainda mais. Meu número está na discagem. Ela iria me ligar, mas foi impedida, e o pensamento de que ela iria me pedir ajuda afunda a minha mente ainda mais no caos.
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Meu Para Proteger - Série Homens Feridos, livro 3
RomanceA morte parece andar ao meu lado. Posso jurar que sinto o cheiro dela nas minhas entranhas e a sua respiração na minha nuca. Primeiro foram os meus pais. Depois, a minha esposa. Eu os perdi, sem sequer ter a chance de defende-los. Agora, irei pro...