Blake Carter
Depois do café, Romeo me trouxe para o seu escritório. E longe de ouvidos curiosos, deu-se início a nossa conversa. Castilho sempre foi um grande amigo meu, uma pessoa de confiança, e por isso eu tinha plena certeza de que ele tentaria me convencer a mudar de ideia.
Assim como os outros, ele não será o primeiro.
— Não é como se eu tivesse outra escolha, Romeo. Preciso me libertar disso, mas sem prender ninguém no meu lugar.
— Fale com o Jeremy e deixe que ele decida.
Ficou louco? Tive vontade de gritar.
— Sem chances! —Falo enervado. — Meu irmão não precisa saber que essas merdas existem. Estou dando a ele o que eu não tive. Uma vida livre de tudo isso. Ele vai poder fazer o que bem quiser, até formar uma família sem correr o risco de ver a mulher que ama, ensanguentada sobre uma cama.
Só quando Romeo coloca a mão em meu ombro é que percebo o quão exaltado estou, e com a respiração acelerada.
— Sinto muito por Julia, Blake. Ainda vamos pegar quem fez aquela atrocidade.
— Já não tenho tanta certeza disso, Romeo, mas obrigado pelo apoio. —Esfrego o rosto antes de deixar o meu corpo cansado cair na cadeira. — Desculpa por explodir assim, essas semanas tem sido uma verdadeira pressão para mim. Sinto que estou bem perto do meu limite.
— Soube que o Ryder Foster está morto. Alguma coisa a ver com sua passagem por Chicago?
Conto sobre toda a confusão envolvendo Ryder e Malcon, e em como Ryder fingiu ser o homem com quem o pai de Rebeca fez negócios. Não deixo de fora a parte que desperta cólera em mim. Quando cheguei no hotel e encontrei a ruiva no chão, machucada e Foster sem as calças. Eu seria capaz de mata-lo mais uma vez, se fosse possível ressuscita-lo.
— Uma morte merecida. —Romeo apoia. — Eu também não pensaria duas vezes antes de colocar uma bala no peito do desgraçado.
Qualquer pessoa que não conhece Romeo Castilho de verdade, assustaria ao ouvi-lo falar dessa forma. Isso porque a sua carinha de bom moço vem enganando muita gente, inclusive as senhorinhas que o apelidaram de anjo pelas ruas da cidade.
— Cara, você tinha que ter visto a Rebeca. Ela derrubou dois homens sozinha, e com as pernas amarradas.
— Uau. —Ele assovia. — Parece que o pai dela fez um ótimo trabalho.
Lembro das imagens da câmera do meu escritório e de como Rebeca enganou o meu segurança. Lembro dela puxando o gatilho, sem hesitar, e executando Abelardo. A forma como ela derrubou os homens de Martin naquele beco. Rebeca parece uma máquina invencível, pronta para qualquer luta.
— Sim, ele fez.
E então, lembro-me de todo o perigo em que ele a expos, e da forma como seu pai a entregou de bandeja para as piores pessoas dessa escória.
Acho que não consegui deixar isso não transparecer, pois logo Romeo questiona.
— Algo te preocupa, meu amigo. O que é?
— Sei que Rebeca aceitou entrar nessa por vontade própria, e ela faria isso com ou sem a minha ajuda, para poder vingar o pai e tentar encontrar a irmã. Mas, não consigo parar de pensar na possibilidade de eu estar levando ela direto para as mãos de Hector. Ele a quer e já deixou claro que não irá desistir. —Levanto-me da cadeira, apoiando minhas mãos no seu encosto. Romeo escuta atento os meus tormentos. — Tenho certeza de que eram os homens dele que estavam atrás de nós em Paris.
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Meu Para Proteger - Série Homens Feridos, livro 3
RomanceA morte parece andar ao meu lado. Posso jurar que sinto o cheiro dela nas minhas entranhas e a sua respiração na minha nuca. Primeiro foram os meus pais. Depois, a minha esposa. Eu os perdi, sem sequer ter a chance de defende-los. Agora, irei pro...