CAPÍTULO 34

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REBECA BARTELLI

– Merda. Isso vai me custar uma cirurgia plástica bem cara.

Jeremy toca o corte acima da sua sobrancelha, fazendo uma careta de dor.

– A gente amarrado em um buraco sujo, com um maluco sedento para nos matar e é com isso que você está preocupado?

Eu teria rido se a situação não fosse das piores.

– Relaxa, cunhadinha. Esse é só o meu jeito de pensar positivo. A gente vai sair dessa.

Observo o irmão de Blake sentado do outro lado do cômodo, com os as mãos amarradas na frente do corpo, e as vezes com o olhar perdido. Sei que o tom descontraído e as brincadeiras que solta vez ou outra é apenas uma máscara para ocultar o que sente de verdade, e o quanto está com medo.

Um capanga de Hector entra na sala. Quieto, deixando apenas sua arma apontada para nós, falar. Ele para em um canto, sua atenção nos vigiando. Sabe que com ele ali, a nossa tentativa de fuga será menos que zero. Mesmo ele estando na desvantagem, pois seriamos dois contra uma, não quero arriscar a minha vida e muito menos a de Jeremy. Basta uma oportunidade para que ele consiga disparar a arma e acertar um de nós dois.

– A essa hora, Blake já deve saber o que aconteceu. –É o que eu rezo. – Não vai demorar para isso aqui virar um campo de guerra.

– Ainda é surreal a ideia de que sou descendente de um cosplay do Don Corleone.

Dessa vez, eu fui obrigada a me render ao riso.

– Sério, de onde você tira essas coisas?

– Não tem nenhum mistério. Elas vêm na minha cabeça e eu falo. Acho que o fato de não ter um filtro na língua ajuda. –Ele dá de ombros. – Mas, eu realmente acho uma filhadaputagem o que nosso pai fez com Blake. Ele não merecia ser jogado nesse caos assim. Não sem ter pelo menos uma escolha.

– As vezes a vida só é injusta mesmo, e não há nada que possamos fazer. –Reflito.

– Sinto muito por você também, Rebeca. Não mereceu nada do que já enfrentou até aqui.

Vejo sinceridade em suas palavras e o agradeço. Sei que Blake contou sobre mim para ele, pois fez questão de pedir minha autorização antes. E de certa forma, não havia como ele contar ao irmão toda a história, sem mencionar a minha vida também.

O celular do homem toca. Ele leva ao ouvido, responde o quer que seja com apenas um ok e desliga. Automaticamente, meus instintos entram em alerta. Estou a tempo demais nessa estrada para reconhecer quando algo está começando a piorar.

Troco um olha rápido com Jeremy, torcendo para que ele entenda que isso é um código para que ele fique calmo e não tente nada.

– Levantem-se. –O homem ordena. – Você fica na frente dela. –O cano de sua arma bem próxima a cabeça de Jeremy. Ele se levanta a obedece, ficando á minha frente. Sinto a presença do algoz atrás de mim, nos mandando andar bem devagar e seguir reto.

– Que tipo de sádico nos faz caminhar no que parece ser um corredor da morte? –Jeremy indaga, baixo.

– Ei? –Sussurro de volta, sem querer chamar atenção. Noto como Jeremy está nervoso e suando bastante. Percebo suas mãos agitadas. Claros sinais de que ele está prestes a entrar em pânico. – Vai ficar tudo bem. Apenas respire fundo a mantenha a cabaça erguida. Não deixe que eles sintam o gosto de ver o seu medo.

– E como você sabe?

– Porque eu também estou com medo.

Escolho a sinceridade. Não há motivos para me fazer de durona. A diferença é que Hector jamais vai me ver rastejar, implorar, mesmo que seja pela minha vida.

Meu Para Proteger - Série Homens Feridos, livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora