Rebeca Bartelli
Blake volta lá para fora e eu permaneço mais um pouco na cozinha, questionando o motivo de eu estar aqui. Por que ele me trouxe? Essa é a pergunta exata. São os seus amigos, sua família, não faz sentido ele trazer uma completa estranha para perto deles. O problema é que a minha mente não sabe parar, e quando ela formula uma incógnita, logo começam a surgir outras. Não consigo entender a atração imediata que senti por ele no primeiro instante em que o vi, e esses joguinhos de provocações que estamos fazendo só está aumentando esse sentimento.
Blake Carter é proibido para mim, mas parece que o meu corpo ainda não entendeu isso, ou simplesmente não quer aceitar.
Fico aliviada quando sou interrompida pela presença de Eliza, caso contrário, esses pensamentos iam longe. Ela tem a filha no colo, enquanto procura algo pela cozinha. A menina não para de se mexer, o que dificulta um pouco para a mãe.
— Deixa que eu seguro ela para você.
— Muito obrigada. —Agradece aliviada ao me entregar a menina. — Eu nunca me lembro onde coloco a mamadeira dela. Será que eu sou uma péssima mãe por isso? —Sei que a pergunta foi em tom de brincadeira, mesmo assim, faço questão de responder.
— Precisaria de muito mais que isso para ser considerada uma péssima mãe.
Acho que ela ficou um pouco surpresa com a minha resposta. Está me olhando de uma forma diferente.
— Você leva jeito para segura-la.
Ela volta a olhar no armário, à procura da tal mamadeira.
— Muitos anos de prática.
Agora ela parece espantada.
— Você tem filhos?
— Não! —Apresso em responder quando percebo o duplo sentido da minha frase anterior. — Tenho uma irmã mais nova. Quando ela nasceu, passava a maior parte do tempo comigo. —Porque a nossa mãe morreu dando à luz a ela e eu tive que cobrir esse papel. Mas ninguém precisa saber dessa parte melancólica da minha vida. — Só queria ficar no meu colo. Deve ser por isso que eu levo jeito.
— Eu sempre quis ter uma irmã ou um irmão, mas os meus pais escolheram ter apenas uma filha. Quantos anos a sua tem?
Tinha.
Não a corrijo, pois sei que não teria forças para expressar em voz alta que o meu pequeno anjo se foi. Escolho responder a idade que ela tinha quando foi tirada de mim.
— 10.
— Ela deve idolatrar você, já que a irmã mais velha sempre se torna um espelho para os mais novos.
Sua fala automaticamente me leva para lembranças que hoje são dolorosas, mas que em outros tempos, já me fizeram feliz. Lembro quando ela começou a querer usar minhas roupas e sapatos, mesmo que tudo ficasse extremamente grande e largo nela. A teimosa dizia que queria ficar linda como eu, e que odiava as suas roupas infantis. Não importava o quanto eu explicasse que ela ainda era uma menina, a minha menina, e que não precisava ter pressa para crescer, pois não havia tanta coisa boa assim na vida de adulto, como ela imaginava.
Mesmo assim, eu daria tudo para saber como ela ficaria quando tivesse a minha idade. Quais seriam os seus sonhos e planos, e que carreira ela escolheria. Se teria muitos namorados ou seria uma completa romântica que acredita em contos de fadas.
Mas Hector tirou isso de mim.
Sinto uma mãe pequena e muito babada encostar em meu rosto. Barbara está sorrindo para mim, completamente alheia a bagunça que se formou na minha mente.
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Meu Para Proteger - Série Homens Feridos, livro 3
RomanceA morte parece andar ao meu lado. Posso jurar que sinto o cheiro dela nas minhas entranhas e a sua respiração na minha nuca. Primeiro foram os meus pais. Depois, a minha esposa. Eu os perdi, sem sequer ter a chance de defende-los. Agora, irei pro...