Capítulo 26

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Rebeca Bartelli

Quando uma coisa dá errado, todas as outras estão fadadas ao mesmo destino. Infelizmente, percebi isso tarde demais. Hector já estava na minha frente e eu não tinha nenhuma escapatória.

— Que surpresa encontra-la viva, Rebeca.

Não consegui encontrar o maldito telefone e de quebra, ainda acabei sendo pega.

— Adoraria dizer o mesmo.

Hector rir a minha afronta, enquanto me mantem sob sua mira. Minhas mãos estão para cima, rendida. Sinto que ao menor movimento meu, ele irá atirar. Afinal, o que ele ganharia me mantendo viva? Matar-me é o seu propósito desde a morte do meu pai. Agora ele tem a chance, e creio que não irá desperdiçar.

— Foi essa mesma língua afiada que matou o seu pai, docinho. —Controlo o impulso de avançar contra ele. Ceder para a raiva não irá me ajudar nesse momento. — Estava indo a algum lugar?

Não respondo. Tento parecer menos nervosa possível, para que ele não desconfie que logo atrás de mim tem um cofre secreto e que Petrus está lá dentro. Se o destino programou para que apenas um de nós saia vivo dessa, esse alguém será ele. E para isso, preciso tira-lo daqui, antes que perceba alguma coisa.

— Enrolação nunca foi meu forte, Hector. Vamos acabar logo com isso.

Meu desafio foi aceito com um repuxar de lábios dele.

— Como quiser, docinho.

Sob suas ordens, seu segurança se aproxima para me segurar e me arrastar dali. Não protesto. Quanto mais longe estivermos, mais chance Patrus terá. Só rezo para que a ajuda divina chegue logo. Hector entra no carro e seu capanga me joga no banco e trás, entrando também, logo em seguida.

— Para onde irá me levar?

— Para um lugar onde ninguém jamais irá encontrar seu corpo. Você morrerá sozinha, Rebeca, assim como o seu pai.

Não consigo conter o descompasso em meu peito ao ouvir tal frase. A constatação de que estou perto do meu fim me arrebata com tal força que meus olhos nublam com lágrimas não derramadas.

Recuso-me a chorar por algo que eu já sabia.

Então é isso que a vida preparou para mim? Todo o meu proposito na terra se baseou em seguir um caminho que eu não escolhi, lidar com consequências de erros que eu não cometi. E quando tudo parece passar como um flashback na minha mente, o rosto de Blake surge como um balsamo que me traz paz. A morte pode até estar próxima, os meus minutos contados, mas pelo menos irei partir sabendo como é ter o coração acolhido por alguém que queira inteiramente o seu bem. Não por interesse, como eu pensava. Enganava a mim mesma dizendo que tudo o que ligava Carter e eu era esse acordo. E ficou cada vez mais difícil acreditar nisso com Blake demonstrando seu afeto a cada gesto. Percebi então, que, de fato, o que nos liga, são as batidas sincronizadas dos nossos corações. E neste momento, tudo que eu clamo é que ele escute o que essas batidas estão dizendo.

Eu amo você, Blake Carter.

Sinto o carro parar. Não tenho tempo de raciocinar antes que o brutamontes que estava ao meu lado me puxe para fora do veículo. Hector já está lá fora, esperando-me. O lugar é deserto, não há nada a nossa volta além de uma vastidão de terra. Sou forçada a andar até que esteja no ponto exato onde ele deseja. Seu segurança me faça ajoelhar sobre a terra árida, ferindo ainda mais meus joelhos.

— Tem algo que eu gostaria que você soubesse, antes de morrer. —Ele para na minha frente. Ergo a cabeça para conseguir olha-lo.

— Não faz diferença.

Meu Para Proteger - Série Homens Feridos, livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora