One-shot 62

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Eu respirei fundo quando o carro parou na frente da casa que até então eu desconhecia. "Eu deveria ter comprado uma armadura ou um escudo talvez." eu falei ainda sem coragem de sair do carro.

Meryl soltou uma risada leve. "Molly..."

"Os seus netos vão estar presentes?" perguntei. Ela franziu o cenho e fez que sim. Eu respirei aliviada e ela ficou me questionando com os olhos. "Eu acho que seus filhos não vão ter coragem de me bater na frente das crianças." eu brinquei e vi a Meryl gargalhar.

"Meu bem, pare com isso." ela disse ainda rindo. "Olha pra mim." ela pediu. "Respira." ela falou com doçura. "Estarei com você o tempo inteiro."

"Como você não está nervosa?"

"Eu estou."

"Está? É por isso que você é ganhadora de Oscar e eu não." falei e ela riu outra vez. Vi quando a Meryl abriu a porta do carro e saiu e fiz o mesmo, nem sei como minhas pernas estavam funcionando, pra ser sincera, a gente começou a caminhar em direção a casa quando eu me dei conta. "Droga, eu deveria ter trazido presentes também."

"Como? Você soube desse jantar ontem, meu bem." Meryl falou ao pôr a mão em minhas costas. "O vinho já é mais do que suficiente." ela tentou me tranquilizar.

"Espera." eu segurei no braço dela. "Eu falei que você está linda? Você está linda!" falei quase sem respirar.

Ela sorriu. "Você está mais."

"Sério? Não pareço apavorada?"

Ela riu. "Sim, mas é uma apavorada linda." ela brincou e se aproximou para um selinho.

Eu simplesmente congelei. "Rainha, alguém pode estar olhando pela janela." falei enquanto ela me dava outro selinho.

"E?" ela perguntou olhando nos meus olhos. "Vamos."

Quando a porta se abriu eu quase perdi o ar de tão nervosa. Quem abriu foi o marido da Grace e fiquei só um pouco mais aliviada porque pensei que talvez ele não me odiasse, ele abraçou a Meryl e me cumprimentou de forma educada antes de fazer sinal pra gente entrar, logo depois disso lá estava eu diante de toda a família. Havia um clima estranho no ar? Sim, havia, mas estranhamente não vi nenhum olhar de ódio direcionado a mim. A Meryl segurou em minha mão e me puxou com ela enquanto ela cumprimentava todo mundo, todos me cumprimentaram também com educação, ninguém gritou ou me xingou, tanto a Louisa como a Grace me abraçaram de forma tímida, foi estranho mas não foi ruim. A mão da Meryl quando não estava segurando a minha, repousava na curva das minhas costas, quase como um lembrete para não surtar. Só quando nos aproximamos para cumprimentar a Tracey Ullman foi que eu percebi que ela estava ali. Eu já a conheci antes mas agora as circunstâncias eram diferentes, será que ela me odiava também? Se me odiava não deixou transparecer, pois me abraçou com carinho.

"Respira ou você vai explodir, querida." Tracey sussurrou no meu ouvido enquanto me abraçava.

Eu soltei o ar que eu nem sabia que estava prendendo. "Obrigada por me lembrar." eu praticamente sussurrei.

"Eu imagino que esteja sendo difícil pra você estar aqui, mas tenta se acalmar, ninguém aqui te odeia, ninguém vai te xingar ou bater." ela riu e olhou para a Meryl, entendi que a Meryl deve ter contado a ela as minhas preocupações ou brincadeiras sobre apanhar dos filhos da Meryl.

"Você... você não me odeia?" eu tive que perguntar.

"Molly..." A Meryl reclamou e acariciou minhas costas.

Tracey franziu o cenho. "Por que eu te odiaria?" ela sorriu. "Eu apoio o que faz essa doida feliz, se o que faz bem a ela é estar com você... não tenho problema nenhum com isso. Mas assim... " ela se aproximou de mim como se fosse contar um segredo. "Foge dessa doida enquanto dá tempo." Tracey brincou sussurrando mas alto o suficiente pra Meryl ouvir.

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