One-shot 68

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"Ei, dorminhoca. Bom dia." foi a primeira coisa que eu ouvi minha Rainha dizer quando cheguei na cozinha. Ela estava na mesa, tomando café e vendo as notícias.

"Bom dia, você deveria ter me acordado." eu falei ainda sonolenta ao me aproximar e dar um selinho doce nela.

"Hmmm, pra que?" ela correspondeu ao selinho e deu mais outro, já deixando meu coração quentinho. "Você estava exausta, meu bem, tinha que descansar. A galeria daqui parece demandar mais de você do que a de NY." ela falou e eu fiquei toda derretida porque assim que sentei na cadeira próxima a dela, ela puxou minhas pernas pra colocar sobre o colo dela, uma de suas mãos acariciou e descansou sobre minhas pernas enquanto ela continuou tomando o café dela.

"É uma demanda extra temporária, o chefinho está querendo reformular o espaço expositivo da galeria daqui, inovar um pouco mais, aparentemente o modelo que funciona em NY não funciona na daqui, ainda estamos procurando as melhores soluções." eu expliquei ao colocar meu café e vi a Meryl olhando para mim, eu não consegui interpretar aquele olhar. "O que foi?"

"Nada, não estou acostumada a ver você falando desse jeito tão... profissional." ela disse com um sorriso.

"Ou seja, você está acostumada a me ouvir falar besteiras e doideiras. Está acostumada a me ver falar sobre surtos e passamentos causados por você." eu brinquei.

Ela riu e apertou os olhos. "Não foi isso que eu quis dizer, senhorita." ela fez cócegas nos meus pés que ainda estavam em seu colo. "É só um lado seu que eu não tenho muita oportunidade de ver." ela falou com doçura. "Quais são seus planos pra hoje?" ela perguntou ao tomar mais um gole do café.

"O chefinho me deu uma espécie de folga, só teremos uma vídeo conferência no fim da tarde. Minha mãe me chamou para jantar com ela e meus irmãos, pediu que eu te chamasse também, se não estiver ocupada e quiser ir." eu falei.

"Eu posso jantar com sua família sim." ela falou.

"Não vai te atrapalhar?" eu tinha que me certificar, ela ainda não estava gravando a nova temporada, então eu sabia que estava livre, mas mesmo assim.

Ela pôs a caneca sobre a mesa e suas mãos acariciaram minhas pernas outra vez. "Molly, olha pra mim." ela pediu mais séria e eu olhei. "Você já reparou a quantidade de vezes que você usa essa palavra?" ela perguntou e eu pisquei confusa. "Atrapalhar. Você está sempre me perguntando se isso ou aquilo vai me atrapalhar, mesmo quando eu digo que não tenho planos." ela falou me olhando nos olhos. "O que me leva a crer que você por muitas vezes se vê como um peso ou uma obrigação na minha vida, como se o fato de eu passar um tempo com você ou com a sua família fosse me desviar de algo realmente importante, como se o que diz respeito a você não fosse importante para mim." ela continuou e eu engoli em seco. "Entende o que quero dizer?"

Eu suspirei. "Sim, e você está certa. Eu não tinha me dado conta que fazia isso. Sempre aprendendo com a minha Rainha." eu brinquei.

"Você faz isso por causa da forma como você se vê, nós já conversamos sobre isso, meu bem." ela continuou acariciando minhas pernas, sua voz era doce.

"Eu sei." suspirei outra vez. "Eu sempre me contentei com pouco na minha vida, tenho que me "reprogramar" para entender que mereço mais, que sou digna do seu tempo e afeto." falei.

"Mais que isso, tem que entender que é digna do meu amor também." ela falou, quase me matando do coração, ela estendeu a mão pra mim e eu dei a mão pra ela.

"Estou trabalhando isso em mim, um dia chego lá, não desiste de mim." eu brinquei.

"Não desisto." ela falou e piscou para mim, acariciando minha mão. Eu morri e tava no céu, só podia ser. "Agora vou te falar meus planos, e eles te incluem, já que você está livre até o fim da tarde. Almoçamos fora e que tal irmos no Getty Center, eu recebi um convite, acho que hoje não vai estar cheio, faz tempo que não vou em um museu de forma despretensiosa, e você pode dar uma olhada e quem sabe encontrar uma solução para a galeria." ela disse e eu pisquei. "No fim de tarde, iremos para a casa da sua mãe, você faz sua video conferência enquanto eu ajudo na preparação do jantar." ela continuou. Eu fiquei ali tendo uma conversa interna com a minha pequena eu pra ver se aquilo tava acontecendo mesmo, me beliscando internamente. "Molly?" ela perguntou diante do meu silêncio. "É um programa muito "senhora" pra você?" ela hesitou.

Entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora