One-shot 69

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"Não, não, meu bem." Meryl riu e segurou a agulha de tricô na minha mão, parando o que eu fazia. "Você tem que passar por aqui, olha, senão você vai desfazer o que acabou de fazer." ela me instruiu, rindo mais um pouco com a minha cara de frustrada.

Eu suspirei. "E você chama isso de relaxante?"

"Para mim é, talvez você não seja tão senhora quanto diz." ela me provocou. "Me dá isso aqui, eu sabia que não ia ser uma boa ideia quando você me pediu pra te ensinar." ela tirou as agulhas e o pouco que tricotei de forma horrenda das minhas mãos e pôs de lado. Eu a abracei logo seguida, senti ela suspirando na curva do meu pescoço e dando um beijo doce ali, nós duas estávamos sentadas na minha cama, encostadas na cabeceira. Eu estava aproveitando um pouco dela entre um dia de trabalho e outro, já que ela já tinha começado a gravar.

"É que você fez parecer tão fácil." eu falei a verdade e acariciei o braço dela, senti uma cicatriz ali e acariciei. "Isso aqui foi de quando o Raul Julia te machucou com o lápis naquela peça?" perguntei.

Ela fez que sim. "Foi um acidente." ela franziu o cenho. "Como você sabe que foi ele?"

"Você já falou em entrevistas." expliquei e acariciei o braço um pouco mais. "E essa aqui?" perguntei ao sentir outra cicatriz. E me lembrei de uma cena de Simplesmente Complicado ao fazer isso.

"Hmmm.." ela tentou se lembrar. "Oh, consegui essa ajudando a Lou com um projeto de ciências quando ela era criança." ela sorriu. "Vai me perguntar sobre todas as minhas cicatrizes? Vai ser uma conversa longa então." ela perguntou ao sentir minhas mãos deslizando sobre o braço dela.

Eu apertei os olhos. "Percebi você se chamando de velha nessa fala." ela sorriu. "E eu quero saber tudo sobre você, isso inclui suas cicatrizes." beijei os cabelos dela.

Ela levantou a cabeça para olhar para mim. "Minha doce Molly, você já sabe muito sobre mim. Eu que deveria fazer as perguntas aqui."

"O que você quer saber?" perguntei, como se eu tivesse algo de interessante para contar.

"Hmm..." ela pensou. "Ok, qual foi a primeira coisa que você pintou e percebeu que tinha talento?"

"Oh, eu nunca olhei para uma tela e pensei que tinha talento." eu fui sincera e pensei um pouco tentando me lembrar, de repente me dei conta. "Eu posso te dizer a primeira que eu pintei e que senti orgulho, senti que eu levava jeito, mas você vai achar que estou mentindo."

Ela franziu a testa. "Por que?"

"Foi a pintura de uma personagem sua." eu falei.

Ela piscou. "Não pode ser, você está brincando." ela riu.

"Não estou, é verdade, eu tinha 13 anos."

"Qual personagem?"

"Gail Hartman. De O Rio Selvagem." falei, foi realmente a primeira vez que fiquei orgulhosa de uma pintura minha. Eu suspirei ao me lembrar das circunstâncias. "Como falei, eu tinha 13 anos, fazia mais ou menos 1 ano que a minha mãe tinha nos deixado. Eu fiquei sem conseguir pintar durante esse tempo, mas aí eu encontrei a coleção dos seus filmes que minha mãe tinha deixado para trás. O Rio Selvagem foi o primeiro que assisti, tive vontade de pintar a Gail logo em seguida." expliquei e senti ela beijando minha mão. "Você sendo minha musa inspiradora desde cedo." eu brinquei, mas era verdade.

Ela riu. "Claro que a história tinha que terminar em uma cantada." ela me deu um selinho e logo ouvimos o celular da Meryl alertar que ela havia recebido uma mensagem. Ela se afastou um pouco para olhar. "Hmm.." ela largou o celular no móvel novamente e voltou a me abraçar.

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