One-shot 53

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É, queridos leitores invisíveis do meu diário. Talvez dessa vez eu tenha passado dos limites. Sim, talvez dessa vez eu tenha exagerado no meu atrevimento. Talvez dessa vez a Meryl iria se afastar de mim de fato. Talvez dessa vez eu tenha feito uma besteira, mas juro que foi com a melhor das intenções.

Depois de ter feito o que fiz, recebi uma mensagem da Meryl que apenas dizia "Molly, estou indo em sua casa agora, precisamos conversar." Não teve nem um "Meu bem, como está?" ou um "Está livre, posso te ver?". Não, nada disso, só um "estou indo em sua casa agora" seco que me causou um arrepio que veio de lá da pontinha do meu dedinho até o topo da cabeça. É, talvez dessa vez eu tenha ido longe demais. Fiquei inerte no sofá por sei lá quantos minutos só aguardando a Meryl chegar na minha porta dizendo que nunca mais queria me ver. A minha pequena Lou se aproximou de mim pedindo carinho e eu simplesmente estava sem reação, chega me assustei quando a minha campainha tocou, respirei fundo ao me levantar e não olhei pelo olho mágico pois já sabia quem estava ali. Abri a porta, olhei para a Meryl e ela olhou para mim, pude perceber seus olhos levemente avermelhados e inchados, como se tivesse chorado e parecia que meu coração ia sair pela boca.

"Você mandou uma carta para os meus filhos?" ela me perguntou e eu não consegui decifrar o que aquele tom de voz queria dizer. Eu não sabia se era raiva, se era ódio, decepção, ou nada disso, nem consegui falar nada. "Molly, você mandou uma carta para os meus filhos!" ela repetiu exasperada.

Eu engoli em seco. "Mandei." quase sussurrei. "Meryl, me desculpe se eu passei dos limites mas eu só queria ajudar, não sei, eu estava vendo como essa situação estava te deixando angustiada e precisava fazer alguma coisa, estava me doendo aqui dentro, talvez eu tenha sido atrevida demais, mas juro para você que foi com a melhor das intenções. Você está aqui pra me dizer que eu piorei as coisas? Eu sinto muito, de verdade. Eu só queria explicar algumas coisas e se você estiver tão magoada ao ponto de não querer me ver mais, eu vou entender perfei..." e de repente ela me abraçou. Eu não consegui terminar porque ela simplesmente me abraçou e abraçou forte, meu coração chega acelerou. "O que... o que está acontecendo? Você não está zangada comigo?" eu perguntei ainda no abraço, eu estava realmente confusa.

Ela olhou para mim e aí eu vi que ela estava chorando. "Obrigada, meu bem, obrigada." ela disse emocionada e eu fiquei mais confusa ainda. "Os meus filhos estão finalmente falando comigo." ela continuou e eu pisquei, eu nem sabia que eles estavam nessa situação de nem se falarem. "E eu acho que a sua carta teve grande influência nisso." ela completou.

Eu respirei fundo, um alívio gigantesco tomou conta de mim, até a minha pequena eu suspirou. E aí eu me lembrei que a gente ainda estava parada na porta. "Por favor, entre, rainha." ela entrou e como sempre, ver a Meryl se sentindo em casa no meu apartamento aqueceu meu coração, ela tirou os sapatos, fez carinho na Lou e se sentou no sofá, me chamando para sentar com ela, eu fui. "Eu pensei que você ia entrar por aquela porta para dizer que nunca mais queria me ver, você parecia atordoada." fui sincera.

"Eu não sei o que estou sentindo. Não sei se saberia descrever." ela disse e segurou minha mão. "Por que você não me falou que ia fazer isso?" ela perguntou.

"Porque eu tinha certeza que você não iria achar que era uma boa ideia." expliquei. "Nem eu mesma tinha certeza que era, mas precisava fazer isso."

"Eu não iria mesmo."

"Ainda bem que sou atrevida então." eu brinquei.

Ela deu uma leve risada e depois ficou mais séria. "Por que você enviou para o Henry?"

"Era o único que eu tinha o endereço, lembro de você ter me falado onde ele morava quando a gente se viu em Los Angeles." eu falei. "E também me pareceu coerente enviar para o mais velho. Eu tinha dúvidas se ele iria repassar para os outros mas ainda bem que ele repassou."

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