Capítulo 11

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A manhã daquele dia tinha um aroma diferente, eu ainda estava de olhos fechados, mas podia sentir um perfume diferente invadindo meus sentidos, me sentia cercada por uma maciez de pele, deu pra sentir que aquela manhã seria fantástica. Espera, eu conhecia esse perfume, assim como também conhecia essa pele macia... ai meu Deus! Não! Só podia ser a...

“Meryl?” eu sussurrei abrindo meus olhos, ela estava com um dos braços em volta de mim, enquanto a minha cabeça repousava no ombro dela e o meu braço envolvia a sua cintura.

O que era o rosto da Meryl enquanto ela dormia? Parecia um anjo, tão linda, tão serena. Seus lábios me convidando a dar um beijo de bom dia, mas eu não ia fazer isso. A Meryl estava embriagada na noite passada, e pelo visto ela estava mais bêbada do que naquela outra noite, claro, pra ela ter dormido comigo, ela só poderia estar muito embriagada. Mas pelo menos o meu nome ela lembrava, ai meu Deus... de repente me peguei lembrando da Meryl dizendo ‘Oh Molly!’ enquanto eu a fazia chegar ao orgasmo, só de lembrar disso, já começo a sentir vibrações entre as minhas pernas. Espera um momento, eu dormi com a Meryl Streep! Só agora me dei conta, não foi apenas uma transa e ponto, ela não voltou pra cama dela quando terminamos... ‘Molly... hello, você sabe muito bem porque ela não foi pra cama dela, né?’ minha pequena eu disse. Ok, ok, eu sei, ela estava bêbada, mas será que eu não podia ter um pouquinho de esperança? Assim como ela conseguiu vir até aqui estando bêbada, claro que ela conseguiria ir pra casa principal também. Não sei, provavelmente não.

O que eu diria a Meryl quando ela acordar? Talvez ela não se lembrasse de nada, mas ela se lembrou daquela outra noite. Que engraçado, parece que a Meryl se lembrou que eu a bisbilhotei justo quando ela estava bêbada de novo. Ou talvez ela tenha se lembrado antes, mas não comentou nada. Enfim, todas essas dúvidas vão ficar me matando até o dia em que a Meryl resolva me contar, se eu tiver a coragem de perguntar.

Eu delicadamente me movi do abraço dela e me sentei na cama, me permiti ficar ali olhando para aquela beleza dormindo, comecei a deslizar a minha mão pelo comprimento do corpo dela, sem tocá-la de fato, sabe? Exatamente como Francesca desliza a mão sobre o corpo de Robert enquanto ele dorme. Como aquela camisola caía tão bem nela, possuía uma cor que acentuava a cor dos seus olhos. O único problema é que os olhos dela não estavam abertos e eu não podia me perder naqueles olhos. Ai meu Deus, e quando ela abrisse os olhos? O que diabos eu iria dizer a Meryl quando ela acordasse? Ela começou a se mexer, e ainda de olhos fechados, se espreguiçou, esfregou as mãos nos olhos e abriu os olhos rapidamente, como se estivesse surpresa, ou seria melhor dizer, assustada?

“Molly?” ela questiona, rapidamente se levantando da cama. Ai meu Deus. Pequena eu, me ajuda aqui. O que eu vou dizer? “Eu... eu dormi aqui?” ela perguntou. Ok. Essa eu podia responder.

“Bom dia, Meryl. Sim, você dormiu.” Eu falei timidamente.

“Ma.. mas... por que?” ela perguntou, franzindo o cenho. Então ela não se lembrava? E agora? O que eu responderia? Nenhuma palavra saiu da minha boca, mas eu me permiti ficar olhando as expressões mudarem no rosto dela, primeiro a curiosidade, depois a hesitação e por fim, o arregalar de olhos. É, ela se lembrou e então quando ela fechou os olhos, eu prendi a minha respiração. Ela abriu os olhos outra vez e olha pra mim com uma expressão que eu não consegui identificar. “Porque eu dormi aqui, Molly?” ela questionou. Ai meu Deus, se ela se lembrava, porque ela ainda queria que eu respondesse?

“Er... você... er... foi que...” Eu gaguejei, eu não sabia o que dizer, pensei em mentir e dizer que ela não tava conseguindo dormir e resolveu ir dormir comigo, mas que não tinha acontecido nada, que a gente só tinha dormido, mas resolvi não mentir, e porque eu mentiria se ela se lembrava? Se ela arregalou os olhos é porque ela se lembrava. Porém eu me arrisquei a me levantar da cama e pegar a mão dela e senti que um certo desconforto crescia no corpo dela à medida que eu me aproximava, ela devia se lembrar, só pode. Eu acariciei a mão dela entre as minhas, e ela fechou os olhos. “Meryl... a gente...” eu comecei, ela abriu os olhos.

“É... é melhor eu voltar pra casa principal.” Ela disse, meio hesitante, largando a minha mão. Eu olhei pra ela, tentando conter a minha frustração. Quem era eu pra exigir alguma coisa? Mas parecia que ela percebeu minha frustração, por que ela simplesmente pôs a mão na minha bochecha, olhou diretamente nos meus olhos, eu prendi a respiração outra vez, ficou por alguns segundos olhando pra mim, e agora eu estava definitivamente perdida naqueles olhos, mas aí depois ela se virou e saiu da casa de hóspedes antes que eu pudesse dizer qualquer coisa. Eu me sentei na cama e a minha cara deveria  ser a de mais bobona possível, claro, porque....

Eu.

Dormi.

Com.

A Meryl Streep!

Meu Deus do céu! Eu fico repetindo as palavras na minha mente na tentativa de acreditar que a noite passada não foi apenas um sonho. Confere aí comigo os fatos da noite, pequena eu? A) A Meryl chegou no meu quarto me perguntando se tinha sido bom ver ela e o marido na cama. B) Ela se sentou no meu colo. C) Ela. Colocou. A. Mão. Lá. Naquele. Lugar! Só pra verificar se eu estava excitada! Só de lembrar já sinto um calor aqui, diabos! D) Ela me beijou, e beijou de verdade! E) Eu usei meus dedos e depois minha língua para... para... ai, é melhor eu parar aqui porque o calor tá aumentando. Mas... mas e agora? E agora, como seria? A Meryl era casada e muito feliz no casamento dela, é claro que eu nunca esperaria que ela abandonasse tudo e fugisse comigo, já imaginou, eu pedindo a ela pra fugir comigo, e aí eu dizia que ela tem uns dias pra pensar, e depois num dia chuvoso, ela estaria lá no carro do marido e eu apareceria no meio da rua, toda encharcada, com os olhos que imploram pra que ela fosse comigo, e aí ela olharia pra mim e daria um sorrisinho quase imperceptível, mas eu perceberia, eu perceberia aquele sorriso queria dizer que ela não iria fugir comigo, mas ainda assim eu sorriria de volta, e então, eu iria pro meu carro (sim, nessa situação hipotética, eu teria um carro), e os nossos carros ficariam parados no sinal, ela provavelmente observaria tudo porque o carro dela e do Don estaria atrás do meu carro, e aí ela estaria lá provavelmente sofrendo na dúvida de abrir a porta e fugir comigo ou ficar com o marido, ela não conseguiria abrir a porta, eu, de coração partido, choraria silenciosamente e dirigiria meu carro, ela, provavelmente choraria silenciosamente também, o Don perguntaria o que há de errado e ela apenas diria que precisa de uns minutos, e aí seguiríamos nossos rumos distintos, mas ainda assim conectados... ‘Hello, Terra para Molly! Que viagem foi essa, minha filha?’ eu ouvi a minha pequena eu dizer, me acordando de um pequeno devaneio que tive. Pois é, e agora? É simples, Meryl seguiria com a vida dela, e você ia ficar lembrando da noite com a Meryl pelo resto da sua vida, como se tivesse sido a minha primeira vez. Ué, mas foi a primeira, com uma mulher... Ai meu Deus, a minha primeira vez com uma mulher foi com ninguém mais, ninguém menos que Meryl Streep? Quando que eu ia imaginar isso? Nunquinha na vida da Molly!

O telefone da casa de hóspedes tocou, eu nem sabia que aqui tinha um telefone até aquele momento.

“Alô?” eu falei, na expectativa de saber quem ligaria pra mim.

“Molly.” Ai, é a Meryl. Ela não estava bem ali na casa principal, porque ela não me chamou?

“Meryl.” Eu respondi, e aí houve um silêncio, ok, então as nossas conversas seriam assim de agora em diante? Eu teria que decifrar o silêncio agora? Passamos uns segundos em silêncio.

“Molly... não hesite em vir almoçar com a gente na casa principal.” Ela falou. Ai meu Deus, o que ela quis dizer com almoçar com ‘a gente’ na casa principal? Quem é ‘a gente’? Eu olho pela janela e vejo que o carro do Don já estava lá e eu nem tinha percebido ele chegar.

“O-ok Meryl.” Eu falei timidamente e a ligação foi encerrada. Ok, então eu iria almoçar com a Meryl e o Don. Ok. Ai, com que cara eu olharia pro Don depois disso tudo? Como eu iria atuar de ‘eu não fiz sexo com a sua mulher’ na frente do Don? Ok Molly, aperte a armadura e vá em frente!

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