Entre nós

One-shot 2

Eu e minha pequena eu estávamos aproveitando o meu dia de folga, passamos o dia frio assistindo filmes, alguns da Rainha-mor da gostosura, aquela que sempre serei louca de paixão, Meryl Streep. Eu acho que não preciso falar que eu sempre penso muito nela, mas eu não tenho culpa, até o apartamento onde eu moro e a maioria das coisas que tem dentro dele, me lembra a Meryl, foi tudo arranjado por ela. Agora minha pequena eu revira os olhos pra mim porque eu mudo os canais da televisão freneticamente, insatisfeita com o que passa, não acho nada que me agrade. De repente, algo me chama a atenção, eu volto pra o canal anterior, jurava ter visto um cabelo loiro e certas maçãs em um rosto que conheço bem. E lá está ela, Meryl sendo entrevistada no programa Michael & Kelly, eu chego a assustar a minha pequena eu com o gritinho de felicidade. Adoro as entrevistas dela nesse programa, na verdade adoro todas as entrevistas, só por ter a Meryl. Eu começo a prestar atenção.

"Meryl, não preciso dizer que você está linda, preciso?" Kelly começou a entrevista e eu agradeci aos céus por ter pegado a entrevista desde começo e Kelly começou bem, dizendo uma verdade que eu também diria.

"Oh, Kelly, você está dando em cima de mim outra vez?" Meryl brinca com um sorrisinho nos lábios, fazendo todos rirem.

"Talvez." Kelly brinca. "Mas então, da última vez que você veio aqui você deu uma palhinha do que seria Florence Foster Jenkins cantando, eu não imaginei que aquilo era um sinal do quão maravilhoso esse filme seria."

"Nossa, obrigada. Deve ser maravilhoso me ver cantando tão mal." Meryl brincou.

"Não seja modesta. Nós sabemos que você provavelmente teve que cantar bem antes de cantar mal." Michael finalmente falou.

"Sim, é verdade. Primeiro cantei da melhor maneira que pude, para depois destruir a música. O mais interessante é que a Florence chegava tão perto de cantar certo e atingir as notas certas, mas ela simplesmente não chegava lá."

"Sabe o que é interessante pra mim também?" Kelly falou. "Pra mim, se trata de uma história de amor, o Stephen Frears é conhecido por dirigir filmes sobre mulheres emblemáticas como A Rainha e Philomena, e eu pensei "vai ser só sobre a Florence", mas não foi, se tratou de uma história de amor."

"Exatamente, Kelly. Eu concordo." Meryl disso com um sorriso.

"Como você conseguiu se conectar com essa personagem?" Michael perguntou.

"Bom, minha mãe sempre dizia que o maior dom do ser humano é o poder da empatia." Meryl falou e pausou logo depois, como se desse conta de algo. E eu sem nem saber o porquê senti meu coração acelerar, pois a Meryl já havia me falado aquela mesma frase, eu me lembro perfeitamente, eu estava em uma cama de hospital e naquele mesmo dia a Meryl disse que eu ficaria na casa dela até me recuperar.

"E essa pausa o que significa?" Kelly perguntou curiosa.

Meryl sorriu. "Nada, eu apenas me lembrei da última pessoa pra qual eu falei essa frase."

"Quem?" Kelly perguntou ainda mais curiosa.

"Uma amiga, e... eu estou em falta com ela." Meryl disse e olhou pra câmera meio sem graça. Eu pisquei, minha pequena eu piscou também, a gente ficou olhando uma pra outra pensando a mesma coisa. Será que a Meryl estava falando de mim? Se sim, porque ela achava que estava em falta comigo? Não fazia sentido, a Meryl tinha sido extremamente maravilhosa comigo. Tudo bem que desde aquele dia que nos vimos na festa, eu nunca mais tinha visto ou falado com ela, já fazia 1 ano praticamente, mas quem era eu pra cobrar alguma coisa? Não, talvez ela não estivesse falando de mim.

"E porque você está em falta com ela?" Kelly continuou o interrogatório.

"Kelly..." Michael a advertiu.