Capítulo 14

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Antepenúltimo Capítulo

Eu estava me sentindo estranha, muito estranha, eu não sei, mas era como se eu antecipasse que alguma coisa ia acontecer, não sei se boa ou ruim, mas era uma sensação... estranha. Estranha e confusa. Eu estava confusa. Eu não sabia o porquê, mas depois daquele sonho, eu decidi ficar na casa de hóspedes o dia inteiro, e só sairia de lá se a minha presença fosse requisitada na casa principal. O que eu tinha quase certeza que não ia acontecer, desde que vi a Meryl solicitando os serviços da Kori, mesmo ela estando doente, ao invés de mim que estava bem ali, pertinho, completamente disponível, eu não consegui me livrar dessa sensação de que a Meryl estava me evitando. Eu fiquei pior ainda depois daquela conversa que tive com ela na cozinha, onde ela me disse que eu não tinha como saber o que ela sentia sobre o que aconteceu com a gente. E realmente, eu não sabia! Eu não sabia como a Meryl se sentia em relação a tudo isso, e eu me perguntava se ela realmente iria dizer o que se passava na mente dela algum dia.

Então foi isso, decidi ficar na casa de hóspedes o dia inteiro, apenas eu, minha pequena eu e eu mesma. Todas nós refletindo e nos remoendo em dúvidas que jamais saberíamos se serão sanadas! Meu Deus, onde fui me meter? De repente veio flashes na minha mente de tudo o que me aconteceu nas últimas semanas:

'Certo dia eu estava de barriga vazia e a mulher de cabelo esquisito me deu o difícil trabalho de limpar tapetes vermelhos... E aí, um ser tropeçou em mim no tapete vermelho, na verdade, esse ser caiu por cima de mim mesmo... De repente acordei em um sofá estranho e dei de cara com a Meryl Streep com sua mão no meu rosto... Uma noite, dois caras estranhos vieram pra cima de mim, um com tatuagem, outro sem, dei um chute em um deles e aí vejo faróis de carro, a voz conhecida de uma mulher e a desconhecida de um homem... Acordei no céu, que verdade era um quarto de hospital, e me deparei com Meryl Streep outra vez, e tenho certeza que ela estava bêbada, porque ela tava dizendo ao marido no telefone que eu estava indo pra casa dela... Fui pra casa de hóspedes e me senti no paraíso, daí eu virei assistente da assistente da Meryl, depois tive o privilégio de ver Sr. & Sra. Gummer em um momento íntimo, digamos que eles estavam brincando de papai e mamãe, e aí depois em outro dia, eu me deparei com uma Meryl bêbada e completamente insana, pois ela queria fazer sexo comigo! E. Nós. Fizemos! E aí o telefone tocou... hã? O telefone tocou? Oh sim, eu tava tão perdida aqui recapitulando a minha vida que nem percebi o telefone da casa de hóspedes tocar. A Meryl passou a usá-lo depois da nossa noite juntas, antes ela ia pessoalmente falar comigo, isso era mais um sinal de que ela tava me evitando, ou talvez, só quis evitar a fadiga.

"Alô?" eu disse timidamente, até a minha voz estava estranha nesse dia.

"Molly?" Ao contrário da minha voz, a da Meryl parecia normal.

"Sim?" eu respondi.

"Você tá bem? Sua voz tá... er, você tá bem?" Ela perguntou. Eu tenho certeza que a palavra que estava procurando era a palavra 'estranha'.

"Sim." eu respondi, me odiando por estar respondendo a Meryl de forma tão monossilábica, ela com certeza merecia respostas decentes, mas eu simplesmente estava travada.

"Ok. Você não veio tomar café." Ela falou e depois pausou, eu não respondi, e eu tinha certeza que ela sabia o que meu silêncio queria dizer. Eu queria saber o que ela pensava disso tudo, mas ao mesmo tempo não tinha o direito de perguntar, nós não tínhamos nenhum compromisso. "Molly, eu sei que a sua coluna já tá quase boa, mas você não pode ficar sem comer." Ela continuou e eu tive que sorrir ao saber que a Meryl ainda se preocupava comigo, ela estava me evitando, mas ainda assim se preocupava. "Você vai vir pro almoço?" ela continuou perguntando e eu não sei porque diabos eu não conseguia dar uma resposta decente, eu sempre fui muito falante, é estranho eu não conseguir falar nada. 'Dia estranho esse, hein.' falou a minha pequena eu. "Molly? Você vem? Eu... preciso conversar com você depois do almoço." Ela falou com uma voz meio hesitante e isso me chamou a atenção, talvez a Meryl me falaria o que ela pensava nessa conversa, ao mesmo tempo que eu fiquei curiosa eu também fiquei nervosa.

"Te vejo no almoço, Meryl." Lá se foi a minha promessa de ficar na casa de hóspedes o dia inteiro. Eu respondi com uma voz que parecia ser minha e fiquei contente com meu progresso, pelo menos não foi uma resposta monossilábica.

"Ok, Molly!" ela falou e a ligação foi encerrada.

O que será que a Meryl tinha pra conversar comigo? Será que essa conversa tem a ver com essa sensação estranha que eu estou sentindo? Eu aguardo ansiosamente pelo horário do almoço agora. Eu queria mesmo era usar o meu cachecol grená e agarrar ele com muita força durante esse almoço, mas infelizmente, o calor não me permitia, então só me restava usar meu cachecol invisível, mas ainda assim de cor grená, sim, isso é possível na minha mente louca.

Quando cheguei na casa da Meryl, todos estavam lá, todas as meninas, o Henry, o Don, o Ben e a Kori também. Eu, de certa forma, me senti mais confortável com todos eles estando lá, principalmente a Kori com seu sorriso típico. Quando me sentei à mesa, a Meryl me olhou e sorriu, eu sorri de volta, mesmo não sabendo ao certo o que aquele sorriso significava, pois aquele sorriso acompanhado daquele olhar que ela carregava aumentava ainda mais a minha sensação estranha. Era um olhar incomum, que tinha uma espécie de... não sei ao certo, mas talvez, uma espécie de preocupação ou talvez incerteza. Tudo ocorreu bem no almoço, o Henry, apesar de ser muito parecido com o pai, é palhaço igual a mãe e até me arrancou algumas pequenas risadas. E ah, foi nesse almoço que percebi também que essa coisa de ficar fazendo cena de amor explícito é de família, porque a Mamie e o Ben agem igualzinho à Meryl e ao Don, sempre trocando carícias e claro, isso só fazia a Louisa ficar dizendo 'Pelo amor de Deus, vão pro quarto!' e arrancar risadas de todo mundo.

A verdade é que eu fiquei analisando o comportamento de todos na mesa só pra me esquecer um pouco que logo depois daquele almoço, eu teria uma conversa com a Meryl. E quando o almoço acabou, eu senti que meu coração bater mais forte, pois a Meryl disse a todos que tomassem conta das louças enquanto ela conversava comigo na varanda da casa. Eu estranhei ela querer conversar comigo na varanda e não no escritório, mas quem era eu pra questionar alguma coisa? Quando ela me ofereceu a mão pra me conduzir pra varanda eu não pude negar.

Lá estávamos nós, praticamente na saída da casa. Saída. Espera... saída. Será que tudo isso significava que estava saindo? Será que essa era a causa da minha estranha sensação? Será que era isso que a Meryl queria conversar comigo? Eu me fazia milhares de perguntas enquanto me sentava no banco balanço que havia na varanda, procurando feito uma louca pelo meu cachecol mental invisível.

A Meryl se sentou do meu lado e respirou fundo. Eu respirei fundo ao vê-la respirar fundo. E então ela falou sem olhar pra mim.

"Molly, eu não sei como dizer isso sem que você me entenda mal." Ela começou e respirou fundo outra vez. Estranho. E mais, ela não conseguia olhar pra mim. Estranho demais.

"Molly..." ela respirou fundo outra vez, e eu pensei que meu coração fosse sair pela minha boca. "Você está indo embora dessa casa."

Ai. Acho que meu coração parou.

nota da autora: queridxs, como falei para algumas pessoas, essa fanfic é mais curtinha. Só queria avisar que depois do último capítulo eu postarei uns poucos one-shots que me surgiram depois que terminei de escrever a história. Obrigada pela leitura! :*

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