One-shot 17

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Adivinha quem está com uma exposição na galeria? Eu mesma! Sim, e estou nervosíssima, tenho que falar um pouco sobre as minhas obras para algumas das pessoas que vieram apreciar as minhas telas e tô me tremendo toda por causa disso. Mas tem uma outra coisa me incomodando, há uma senhora que tem me olhado de um jeito estranho aqui o tempo inteiro, eu tentei ignorá-la para não ficar mais nervosa ainda mas não deu, fiquei com uma sensação estranha só com o olhar dela sobre mim, tentei deixar isso para lá e fui apresentar meu trabalho, que na verdade não é trabalho, é paixão. Adoro pintar.

Mas aí foi que meu coração acelerou de vez porque adivinha quem apareceu para me prestigiar? Ela mesma, a Meryl. Eu não a convidei por vergonha, mas ela ficou sabendo de alguma forma, aposto que foi o chefinho. Ela abriu o sorriso quando eu a vi, mas ficou lá quietinha me observando junto com as outras pessoas. A Sarah infelizmente não estava presente, ela estava de férias e viajando, provavelmente me mataria por saber que eu estava expondo e ela não estava presente, mas foi tudo decidido de última hora. Eu só sei que respirei fundo umas mil vezes e segurei meu cachecol grená com força para explicar a minha exposição. Tratava-se de pinturas sobre feminilidade e força, ou pelo menos uma tentativa de representar isso. O problema é que eu não sou tão boa em dar discursos como a gostosura que é essa pessoa chamada Meryl Streep. Ok, respirei fundo outra vez antes de começar.

"Primeiro eu gostaria de agradecê-los por ter vindo aqui essa noite." eu sorri mas tenho certeza que eles podiam perceber o meu nervosismo. "Talvez alguns de vocês fiquem desapontados ao olharem para as telas hoje porque acredito que muitas pessoas pensam que feminilidade e força são coisas opostas. Talvez alguns de vocês tenham vindo aqui hoje pensando que veriam telas que representam dicotomia, contraste, dualidade, oposição, mas o que vocês verão é exatamente o oposto. Sim, porque feminilidade e força andam juntas, sempre andaram, tiveram que andar, a sociedade despertou isso em nós mulheres e só por causa disso nós conseguimos viver todos os dias." eu pausei para respirar fundo, olhei para Meryl e ela parecia orgulhosa de mim, parecia emocionada, meu coração se derreteu todo. "É isso que tento representar nessas telas." eu continuei e olhei para a senhora que me observava desde cedo e ela também parecia... orgulhosa, o que era estranho, eu não a conhecia. Ela olhou em meus olhos, e veio aquela sensação estranha no peito outra vez. "E eu.... eu espero que..." fiquei um pouco desnorteada com o jeito que ela me olhava. "Espero que vocês...." MEU DEUS DO CÉU, eu me dei conta, eu sei quem é essa mulher, meu coração acelerou, senti meus joelhos ficarem fracos, eu ia ter um passamento, eu precisava sair daquele lugar, estava me sentindo sufocada. 'Molly, as pessoas estão esperando você terminar o discurso, respira fundo.' eu ouvi a minha pequena eu dizer. Ok, eu fiz exatamente isso, respirei fundo, olhei para Meryl para ver se eu encontrava força e ela estava com cara de confusa e preocupada. "Eu espero que vocês consigam enxergar isso essa noite. Obrigada." eu disse e saí dali o mais rápido possível, mas senti alguém segurando em meu braço, e gelei, mas respirei aliviada quando vi que era a Meryl.

"Meu bem, o que aconteceu?" ela me perguntou, sua voz soou preocupada, sua expressão também estava.

"Nada." eu falei e já ia sair de novo mas ela me segurou.

"Não, você estava dando um discurso lindo e aí você viu alguma coisa, você está pálida, Molly." ela falou.

"Meryl, me tira daqui." eu pedi.

Ela franziu o cenho. "Como assim?"

"Me tira daqui, me leva pra casa, qualquer lugar, só me tira daqui." eu implorei, senti meu corpo tremer.

"Ok." Ela pôs o braço em volta de mim e deve ter percebido que eu estava tremendo também. Ela me fez andar para a saída. "Fica aqui, eu vou buscar o carro."

Entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora