Capítulo 6

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~ Ela fez o'que ??? -a voz de Ahrin rugiu pelo alto falante do telefone, provavelmente me causando sérios danos auditivos futuros.

– Exatamente isso que vocês ouviram. -respondi me jogando de bruços na cama. – Estou trancado dentro do quarto. 

~ Essa vadia maluca. -soltei um riso ao ouvir Hyo xingando-a no fundo da ligação. ~ Você não pode pular a janela? Como fazíamos com quinze anos?

– Não dá, ela me colocou no último andar de um hotel de quatorze andares. -respirei fundo virando para encarar o teto. – Ela é muito inteligente.

Me sentei na cama ao ouvir a porta do quarto se abrir, corri até a separação da cama com a sala na esperança de ser alguma camareira desavisada, entretanto minha visão se encheu de suas costas largas em um terno preto e olhos frios me olhando de relance enquanto colocava um pequeno prato na mesa de centro.

– Tenho que ir meninas, o ajudante do capeta chegou. -falei desligando meu celular e me sentando de frente para ele.

No começo de nossa convivência eu tentei, tentei mesmo não odiá-lo, a compreender ele, afinal isso é apenas um trabalho para ele, mas isso tudo foi por água abaixo quando ele me trancou neste quarto sem nem pensar duas vezes... sem o mínimo de compaixão.

– Eu só vou poder comer isso ?? -indaguei olhando para o pequeno peixe ao lado de um fio de purê alaranjado. – Eu vou desmaiar sem comer direito.

O segurança me olhou pegando seu celular no bolso interno do paletó, encostei as costas na poltrona confortável da sala de estar, fechando os olhos e massageando minhas têmporas, sabendo exatamente que daquele pequeno celular saíra a voz mais arrogante que o mundo já ouviu.

~ Boa tarde querida filha, espero que você goste do seu almoço, um peixe para você não ficar inchada de noite e o purê de abóbora porque eu sei que você adora... ou detesta, ah já se passou tanto tempo que eu não me recordo, vejo você a noite. -ouvir sua voz falsamente angelical que me causou uma ânsia de vômito imediata, que só piora ao lembrar que é só o começo de nosso teatrinho.

– Eu devo ter sido alguém horrível na minha vida passada. -respondi rindo debochadamente.

O homem alto na minha frente respirou fundo ajeitando seus óculos de grau e virando as costas para mim, ouvi a porta da frente batendo e então, eu estava novamente sozinha e presa.

– Eu vou ficar maluca se não tiver uma conversa decente. -bufei falando sozinha.

O aroma do peixe pairava no ar, entrando em minhas narinas e fazendo meu estômago vazio roncar, o primeiro pedaço da carne em minha língua causou uma explosão de serotonina em meu cérebro, me fazendo largar os talheres por um momento e fechando os olhos para saborear cada sabor em minha boca.

No entanto, a felicidade repentina foi interrompida por uma lembrança de quando cheguei ao hotel, eu estava tão entretida com a arquitetura, decoracoes e moveis da entrada e salao do predio, que me esqueci totalmente da recepcionista me aconselhando a discar a via cinco do telefone ao lado da cama, caso haja algum problema eminente.

Saltei da poltrona, correndo em direção ao quarto, discando o cinco o mais rápido que minhas mãos trêmulas podiam.

~ Boa tarde, Hotel Regina Louver recepção. -suspirei aliviada ao ouvir a voz da recepcionista.

– Boa tarde, eu sou a hóspede da suíte presidencial número quarenta, houve um pequeno problema no meu quarto. -respondi enquanto pensava em uma mentira rápida para contar.

~ Pois não, madame? -respirei fundo passando a mão pelo cabelo.

– Eu acabei perdendo o cartão chave em algum lugar do quarto e agora não consigo achar. -ri nervosamente. – E como a porta de vocês só abre se passar o cartão... eu estou presa aqui agora, seria viável vocês abrirem a porta para mim? 

Casamento ArranjadoOnde histórias criam vida. Descubra agora