A chuva de verão batia rudemente nas janelas de vidro do meu quarto, o pequeno abajur na mesa de canto piscava a cada raio que caía do lado de fora, meu coração batia fortemente em meu peito, aumentando minha frequência respiratória. O medo, muitas vezes, é um intruso irracional que se esgueira sorrateiramente em nossas mentes, mas para alguns, — Para mim. — é uma cicatriz em minha alma... uma sombra persistente que perturba meu sono e a minha paz.
O medo da chuva seria considerado infantil por algumas pessoas, bobo até, mas a sensação de que estou me afogando é quase ensurdecedora, a cada pingo de chuva que bate contra a minha janela minha garganta se fecha, cortando minha respiração. Apertei o edredom, olhando para as sombras e formas da minha imaginação, dançarem nas paredes do quarto, onde a luz do meu abajur não podia chegar.
Desde de que a chuva começou a cair, eu não conseguia me entregar ao sono nesse quarto estranho, sai do meio dos cobertores com o piso gelado em meus pés, acendi todas as luzes enquanto passava pelo corredor e escada, até chegar ao grande sofá, a luz da lua invadia o ambiente, clareando os móveis, sentei de frente para a lareira abraçando as minhas próprias pernas e repetindo o mantra que Ahrin me ensinou quando éramos mais nova.
– Respiro profundamente, permitindo que a chuva me limpe, mas nunca mais me afogue. -sussurrei as palavras calmantes algumas vezes, sentindo meus ombros tremerem.
Apertei minhas pernas mais forte contra a barriga enquanto escutava passos cuidadosos descendo as escadas, ergui minha cabeça, vendo a figura confusa do homem cansado em minha frente, seus olhos, tão estranhamente familiares, encontraram os meus enquanto ele se sentava ao meu lado.
– O que você está fazendo aqui embaixo? -perguntou ele, cobrindo um bocejo com a mão.
Suspirei, tentando encontrar forças para falar com ele enquanto sentia todos os meus ossos tremerem dentro da minha carne. – Não consigo dormir... você.. -engoli as palavras quando um raio atingiu o chão, clareando a sala. – Devemos ir para um lugar alto, não é? Assim a água não vai nos alcançar.
– Lugar alto? Do que você está falando? -eu entendo sua confusão, meu queixo tremia tanto que as palavras saiam murmuradas e emboladas de minha boca. – Tem água entrando em algum lugar ?
– Eu sinto... -respondi, segurando sua blusa de pijama com a mão trêmula. – Em meus pés.
Minghao olhou para baixo e depois para o meu rosto, estreitando os olhos, apertei sua blusa em minhas mãos, sentindo meus olhos desfocarem.
– É um ataque de pânico, não é? -queria muito responder sua pergunta, mas a minha garganta se fechava cada vez mais, cortando o fornecimento de ar para meus pulmões que doiam cada vez mais. – Ok, eu vou te tocar agora, você pode reclamar amanhã.
Minghao segurou meus ombros, aproximando nossos corpos de uma forma em que eu estivesse deitada em seu peito ainda segurando minhas pernas, seus braços rodearam meus ombros e minhas costas, formando um espaço de acolhimento, como uma barreira protetora, me separando do mundo externo.
– Ouça minha respiração. -escutei sua voz me guiando, quando sua mão foi posicionada em frente aos meus olhos, cortando minha visão.
Apertei sua blusa com força enquanto seu peito subia e descia de forma uniforme, balançando minha cabeça junto, escutei seu coração batendo de maneira calma e compensada, respirei fundo algumas vezes acalmando minha respiração ao igualar com a dele. Respirei devagar, sentindo o ar entrar em meus pulmões doloridos como um remédio, meus músculos relaxaram, parando de tremer.
– Estou cansada. -sussurrei em um fio de voz, sentindo a exaustão tomando conta do meu corpo após um ataque de pânico, mas lutando contra o sono, por medo de fechar os olhos e flashes do meu passado voltarem em minha cabeça.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Casamento Arranjado
Hayran KurguEm meio às luzes brilhantes de Seul e uma carreira de sucesso no maior hospital da Coreia do Sul, a influente herdeira de uma rede de hospitais da Coreia e Estados Unidos, Kim Min-Seo, vê sua vida virar de cabeça para baixo após uma noite de festa e...