Capítulo 36

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Bati os dedos no estofado do sofá enquanto encarava o homem em minha frente, já em roupas secas emprestadas de Minghao que ficaram extremamente apertadas no homem mais musculoso e envolto de um cobertor quentinho enquanto se esquentava na lareira recém ligada. Minghao se aproximou de nós, entregando uma xícara de quente ao mais velho, antes de se sentar ao meu lado, me envolvendo em seus braços, apoiei a cabeça em seu ombro, sentindo o peso do choque recobrir os meus ombros.

Ver alguém que você considera inabalável quebrar em pedacinhos em sua frente não é uma experiência exatamente fácil de passar, Senhor Kang não é o tipo de homem que tem muitas reações exageradas ou coisa do tipo, ver o estado que o homem chegou em minha porta é uma imagem que eu nunca vou esquecer.

A chuva batia incessantemente contra a janela, enquanto Minghao e eu observamos com cautela o homem estático em nossa frente, encarando a xícara quente em suas mãos, senhor Kang levantou a cabeça nos encarando, como se pudesse ler nossas mentes.

– Desculpem. -o homem falou, depositando a xícara na mesa de centro. – Eu não deveria ter vindo... eu não sei o que passou pela minha cabeça. -ele disse se levantando. – Desculpem..

Me desesperei enquanto ele balbuciava pedidos de desculpas, retirando o cobertor das costas, me inclinei para frente pegando sua mão, antes que ele caminhasse em direção a porta de entrada. – O que você está fazendo?? -perguntei brava com ele. – Sente imediatamente !! Você não vai embora nesse estado e debaixo dessa chuva. E se você pegar alguma gripe?? Você não tem permissão para morrer ! -o homem me olhou com a sobrancelha franzida enquanto eu gritava levemente com ele. – Senta !!

Minghao me puxou pela cintura, me trazendo para perto dele novamente uma vez que senhor Kang obedeceu meu comando para se sentar. – Se acalme, meu bem, ninguém aqui vai morrer. -meu marido falou, passando a mão pelo meu cabelo delicadamente. – Beba um pouco do chá, Kang. Irá te fazer sentir melhor, assim você pode nos contar com mais calma o que aconteceu.

O mais velho escutou o conselho, bebericando o chá de cabeça baixa, me encostei em Minghao novamente, aguardando o tempo do segurança se acalmar, observei o homem com atenção, percebendo a sua postura tensa, ombros caídos e o olhar mais triste que já vi em seu rosto, meu coração se apertou diante da cena, de um homem tão forte, reduzido a essa aparência abatida.

Ele respirou fundo antes de falar, seus olhos voltados para o chão, impedindo que olhassemos em seus olhos. – Tenho recebido mensagens anônimas desde o acidente da Bo-kyung.

– Porra !! -cuspi o palavrão interrompendo sua frase. – Desde esse dia?? Por que caralhos você não nos contou antes ??

– Agora você sabe como eu me sinto quando você faz isso.. -cutuquei a costela de Minghao quando o mesmo sussurrou essa frase do meu lado.

– Não é a hora. -olhei de cara feia para ele, que fez um bico, passando os dedos sobre os lábios, como se estivessem lacrando eles. – O que as mensagens falavam ? -perguntei, voltando o meu olhar para o mais velho da sala.

– No começo era coisa boba e eu não ligava. -ele colocou a xícara vazia em cima da mesa, juntando as mãos em um aperto forte. – Até começarem a falar coisas que ninguém sabia... coisas sobre minha noiva.

Meu coração deu um salto dentro do meu peito enquanto eu absorvia suas palavras, como alguém saberia essas coisas de alguém que morreu há tanto tempo, porque enviar isso para ele? Minha mente começou a girar com as incontáveis possibilidades perturbadoras. Senti um calafrio percorrer minha espinha no momento que a realidade me atingiu, o braço de Minghao tencionou ao meu redor, sentindo a minha mudança corporal.

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