Capítulo 18

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A suave luz das lanternas chinesas iluminavam a sala, destacando os traços elegantes da decoração tradicional do templo, me remexi na almofada sentindo o peso do braço de Minghao em minha cintura. Sorri sem mostrar os dentes para sua mãe, que nos observava atentamente à nossa frente.

– Vocês dois já fizeram uma cerimônia do chá? -ela me perguntou, enquanto acrescentava as ervas no bule.

– Claro. -menti rapidamente, me lembrando que enquanto me arrumava para nosso primeiro encontro, Hyo-jin havia comentado que ele gosta muito de chá e que talvez estivesse me levando para fazer uma cerimônia com ele. – Minghao me convidou diversas vezes durante nosso namoro, mas não tenho certeza se nós viemos neste templo.

– Não, querida. -Minghao completou minha mentira, apertando minha cintura de leve, longe dos olhares de seus pais. – É nossa primeira vez aqui, Mama.

Um silêncio desconfortável se instalou na sala particular quando sua mãe concordou com a cabeça, me senti mal de repente de estar aqui, Minghao não deve ver seus pais a anos e agora que eles estão aqui, não podem demonstrar seu amor e saudades normalmente por causa de minha presença.

– Seus pais não quiserem ... ?-me inclinei para a frente, olhando fixamente para os lábios do seu pai, quando não consegui compreender a frase completa.

– Me perdoe. -pedi, me sentindo um pouco tímida. – O senhor pode repetir, um pouco mais devagar?

Sua mãe riu, sussurrando que eu era fofa e batendo de leve no braço de seu marido, olhei para Minghao com um olhar questionador vendo o mesmo sorrir, olhando para seus pais. Nossos olhos se encontraram por alguns segundos enviando faíscas de eletricidade para todo o meu corpo, a mão que antes estava repousada em minha cintura, como um lembrete de possessividade, agora se ergueu, acariciando minha cabeça de leve, do mesmo jeito que fazemos com crianças.

– A culpa é minha, você fala tão bem que esquecemos que é estrangeira. -sorri, agradecendo o elogio. – Seus pais não quiseram vir para este encontro? Nós precisamos nos conhecer formalmente.

– Oh. -respondi, me encolhendo minimamente com a menção deles. – Meus pais moram em New Orleans e não conseguiram um voo rápido para a Coreia... tão em cima da hora assim. -menti facilmente, como se isso fosse algo natural para mim e .... talvez seja. – Peço desculpas em nome deles.

– Não peça, querida. -a mulher mais velha me consolou, segurando minha mão por cima da mesa. – Está óbvio que você teve uma educação excelente, seus pais são cirurgiões, não são ? Eu tenho alguns produtos de pele das empresas de sua mãe.

Concordei com a cabeça retirando minha mão de seu aperto, pegando a pequena xícara de chá que Minghao me oferecia, olhei sorrateiramente para seus olhos, imaginando que talvez ele tivesse percebido meu desconforto com o toque de sua mãe e agora está me ajudando, entregando o chá... mas ele não teria essa sensibilidade comigo.

– Você fala mais algum idioma? Canta? Pratica esporte? Fez faculdade a onde? -seu pai me interrogou, levando um tapa de sua mãe no ombro. – Me desculpe as perguntas, mas nós precisamos saber.

– Está tudo bem. -assegurei, sorrindo e tomando um gole demorado de meu cha. – Estudei em uma escola de elite a vida inteira e tive diversas governantas, falo Chines, Japonês e francês fluentemente, além de Coreano e Inglês que são minhas primeiras línguas, não sei cantar e muito menos praticar qualquer esporte, mas sou uma violinista razoável... Além disso, me formei em medicina em Harvard, assim como meus pais. -terminei de responder todas as suas perguntas, voltando a tomar meu chá em silêncio.

– Oh, entendi. -seu pai respondeu, concordando com a cabeça diversas vezes. – Você nasceu em um berço de ouro.

– Creio que sim. -respondi, segurando a mão de Minghao, por baixo da mesa, impedindo o mesmo de apertar minha coxa.

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