Capítulo 32

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Passei os dedos pela costura da camisa branca enorme de Minghao que cobria o meu corpo, enquanto eu tomava meu café, sentada no balcão da pia. Após nossa discussão, Minghao se trancou no quarto e não saiu mais, não importa as duas horas que eu passei sentada no corredor em frente a porta, chorando e pedindo desculpas, ou as três vezes que eu implorei para ele me deixar entrar, e muito menos respondeu o monólogo que eu falei durante três horas seguidas. Ele estava magoado, traído e eu estava me sentindo a pior pessoa do universo.

Levantei a cabeça ao escutar o som dos passos dele ecoando pelo corredor, descendo a escada. O ar em minha volta automático pesou, ajeitei minha coluna, descruzando as pernas de cima do balcão enquanto ele entrava silenciosamente na cozinha, sem sequer olhar em minha direção, a expressão séria em seus olhos se assemelhava ao período em que nós não suportamos ficar no mesmo cômodo por mais de dez minutos.

Bebi outro gole de café, na xícara de cerâmica que nós dois esculpimos em um dos nossos encontros, sorri ao observar o mais novo pegar o par da xícara, como de costume. O silêncio entre nós era ensurdecedor, e cada movimento do seu corpo era como um lembrete da distância que ele colocava entre nós nesse momento, uma distância que é fruto da minha estupidez e teimosia.

Ele parou do outro lado da ilha, encostando o quadril na bancada com os seus olhos fixos em mim, enquanto bebericava seu próprio café. Meu corpo respondeu instintivamente sob o seu olhar, desencadeando um arrepio pela minha coluna até o meu dedinho do pé. A necessidade que eu tinha de descer dessa bancada e engatinhar até ele, me enrolando em seu corpo como um gato procurando afeto era um sentimento totalmente novo para mim.

– Bom dia. -ousei falar, quebrando o silêncio desconfortável entre nossos olhares. – Dormiu bem?

Minghao tomou mais um gole do seu café, sem quebrar o contato visual comigo enquanto todos os meus órgãos internos se reviraram, aguardando sua resposta... Após alguns minutos, percebi que ele nunca me responderia.

– Você melhorou? -sua voz rouca invadiu o ambiente, como se ele não a tivesse usado durante um bom tempo. Ele pingarreou, aguardando minha resposta.

Meus olhos saltaram para fora ao escutar sua pergunta, tentando me recordar se em algum momento eu estive mal... Apertei os olhos com força, lembrando do enjoou insuportável do dia de ontem, que entre todos os problemas do dia, não passou de um pequeno incômodo, algo que eu nem lembrava ao certo.

– Estou bem. -respondi, quase em um sussurro ecoando pela casa silenciosa. – Deve ter sido o estresse do dia.

Me arrependi imediatamente quando sua boca torceu em desgosto, o ambiente se transformou novamente em um lugar frio, estéril, me fazendo sentir o desconforto em minha pele. Muito diferente da casa animada de alguns dias atrás, preenchida pelas nossas risadas, sussurros de amor e suspiros de prazer. Apertei os dedos trêmulos envolta da alça da caneca, sentindo a pressão em meus dedos, enquanto seus olhos examinavam meu rosto, com cuidado.

Procurando mentiras, acredito eu.

– Você deveria ir ao médico. -ele respondeu finalmente, colocando a caneca em cima do mármore frio.

– Você vai mesmo continuar agindo dessa forma? -minha voz saiu como um chiado, enquanto a decepção e a culpa invadia o meu peito.

– Dessa forma? Como? -ele balançou a cabeça, inclinando ela para a esquerda com as sobrancelhas franzidas.

– Como se você não me amasse. -bati a caneca no mármore, saltando do balcão, dando pequenos passos em sua direção, me certificando de que se ele quisesse ir para longe de mim, ele teria essa oportunidade. – Fale comigo. -pedi, me aproximando o suficiente para tocar seu rosto com minha mão, vendo o mesmo fechar os olhos com meu toque.

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