21° | Passado, pt2

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• Camilla Perez

Faz alguns minutos que chegamos na casa de Nathan e que injetei o soro em Rafael, na esperança de funcionar. Martinez ficou lá em cima com ele, Nicole está na sala apagando as imagens da câmera. Eu decidi ficar aqui na beira da piscina, na ponta da espreguiçadeira, olhando a água e sentindo um frio quando a brisa gelada bate em meu rosto e meus cabelos.

Eu não disse nada para ninguém ainda, apenas para Rafael, já que eu ameacei se ele não ficasse quieto, mas o jeito foi um golpe na nuca com o cabo da pistola. Estou me sentindo estranha desde que Martinez teve uma crise na van, me senti estranha quando eu o vi abaixado e um pouco encolhido na frente da mesa.

Eu não sabia oque fazer no momento, automaticamente a imagem de minha irmã mais velha veio em minha mente. Eu costumava ajudar ela quando tinha crises, mas isso já faz tanto tempo, que não me lembro mais do que fazer.

Meu movimento foi impensado, apenas me abaixei em seu lado e coloquei minha mão em seu ombro, eu não tinha idéia do que fazer, Martinez nunca me falou quase nada sobre sua vida, então não pude ajudá-lo.

Confesso que quase entrei em pânico junto com ele. Eu estava surtando de raiva por conta dos acontecimentos da noite e pelo sequestro. Não era para isso ter acontecido, nada disso na verdade.

As vezes me culpo por ter aceitado a ajuda de Adrian, se não fosse ele, minha vida estaria perfeitamente bem, - Bom, pelo menos estaria melhor do que agora. - talvez eu ainda estaria com minha irmã e sobrinha.

Não tenho notícias delas desde de meus 17 anos, um ano antes da época que Adrian começou a mostrar ser abusivo, sem contar o pedido de casamento que eu recusei. Minha mente ainda se lembra da nossa última conversa, ou briga, no mesmo dia que eu fugi.

_________

Lembranças.
2016, 13:50 - Barcelona.

- Não Victória, tenho apenas 17 anos, tenho uma vida pela frente, por favor, me entenda. - Digo um pouco irritada, desfazendo a mala que está na minha cama.

- Camilla, você sabe oque nosso pai acha sobre seu pretendente. Você não tem escolha. E outra, ele é bem sucedido, vem de uma família boa e o pai dele é sócio do nosso. - Victória diz, cruzando os braços, com seu cabelo preso escuro em um coque solto, com seus olhos azuis e vestida com uma saia preta que cobre até um pouco acima de seus joelhos e uma blusa de frio vermelha escura, com seu decote preferido, em formato de coração. Já que trabalha no escritório de meu pai.

- Eu não me importo com isso. - Digo abrindo a porta de estampa amadeirada atrás de mim e colocando algumas peças de roupas dobradas. - Você sabe oque eu penso sobre casamento arranjado.

- Estou preocupada, nosso pai não vai aceitar isso. - Ela argumenta e se senta na beirada da cama.

Ela detesta a ideia de como eu vou recusar o pedido de casamento de Jonathan, um de meus pretendentes que meu pai mais adora, por conta que seu pai é muito rico e trabalha para o meu. Ele sempre foi assim, ganancioso. Por isso que estou fugindo para a casa de Adrian, ainda não contei para ninguém sobre ele, e prefiro manter assim.

Para encobrir minhas fugas para a casa de Adrian, finjo que vou até a faculdade de medicina que meu pai me colocou, mas eu já terminei tudo antes do esperado, e claro, eu também não contei isso. Então é por isso que vou ir embora um dia ou esta semana, para que quando eles souberem, eu já esteja longe.

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