35° | Uma quase descoberta

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• Camilla Perez
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Pode conter gatilho nesse capítulo.
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- Onde esteve? - Para minha infelicidade, ele pergunta.

- Precisava ficar sozinha. - Respondo, rezando para minha voz não sair tremendo como meu corpo. Em seguida retiro minhas mãos do rosto e abaixo elas na altura da abertura que minhas pernas fazem, olhando para as costas dele. - O que faz levantado e vestido?

- Não soube? - Ele se vira, percebo que ele segura a roupa que o hospital disponibiliza, mas ele o-joga na cama. Percebo um catéter em seu braço que provavelmente está bom quando ele cruza os braços. - O suborno de Nathan funcionou, não vamos ficar, mas em compensação tenho um médico particular.

Suas palavras me aliviam, mesmo eu não demonstrando isso.

- Enquanto isso não deveria estar de pé. Ainda está anestesiado. - Digo me levantando e indo em sua direção, para ver como seu ombro está.

- Onde esteve sozinha? - Ele pergunta, me olhando dos pés a cabeça, me fazendo amaldiçoa-lo em minha mente.

- É com isso que está preocupado? - Levanto minha mão na altura de seu ombro.

- É. - É sua resposta quando eu o-toco, sentindo a faixa através do pano fino de sua camisa.

- Estive no terraço. - Evito seu olhar fixo em mim.

Seus braços se descruzam, vejo o catéter segurando o fino cano de soro que ele toma, o saco está quase vazio, sinalizando que ele já está ali a algum tempo. Controlo minha respiração quando ele aproxima sua mão de minha jaqueta, usando os dedos para separar a parte aberta da blusa que uso. Minhas sombrancelhas se enrugam pelo seu gesto e em seguida afasto minha mão de seu ombro e o-encaro.

Meus lábios se abrem para perguntar oque ele está fazendo, mas desisto quando ele usa o braço machucado para pousar sua mão em meu queixo, inclinando um pouco para o lado suavemente, seus olhos não se separam do meu, mesmo quando ele junta seu corpo do meu. Fico confusa em quanto a isso, não sabendo dizer se é efeito da anestesia ou não.

Sua mão que estava em minha blusa desce para meu quadril e o-envolve, em seguida, com um gesto rápido, sinto o cabo da arma sendo puxado do início de minha calça, me fazendo perceber oque ele fez. Tento pegá-la novamente mas ele se vira de lado e destrava o cartucho com as mãos, que cai em sua palma, quase vazio.

- A menos que diga que estava treinando sua mira no terraço, te deixo em paz. - Ele diz, encaixando o cartucho novamente e me entregando a pistola.

- Para que isso? - Pergunto, sentido ódio pelo seu ato. Em seguida eu agarro o cabo com pressa e escondo no mesmo lugar que estava.

- Tem resquícios de sangue em sua coxa, seu pescoço está avermelhado e o cartucho quase vazio. - Vejo sua mandíbula enrijecer quando faz uma pequena pausa. - Com quem esteve no terraço?

Não respondo, apenas observo seu rosto, como ele faz minimamente.

- Diga. - Seu tom de voz é cuidadoso. - Quero ouvir sair de sua boca.

- Você tinha a visão perfeita daquela janela até o terraço onde eu estava. - Admito. - Sabe oque aconteceu.

- Porra. - Ele diz baixo e revira os olhos. - Rezei para aquilo ter sido uma alucinação. - Ele se segura na pequena mesa, parecendo que quase perdeu o equilíbrio.

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