29° | Encontro

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• Nicholas Martinez

Empurro a porta da loja de casamento assim que entrego o resto do dinheiro que peguei para comprar a roupa de hoje, com o terno embrulhado pendurado em um pequeno cabide, em minha mão direita, carregando ele atrás das costas. Com a mão esquerda ajeito minha gravata que está mal arrumada, já que experimentei o terno há alguns minutos.

Novamente, passo por um batalhão de pessoas nas ruas de Los Angeles, demorei mais que o esperado para ajeitar as coisas de hoje, antes de sair do prédio vi que o relógio marcava 13:24, passei da hora do meu almoço. Continuo com os óculos escuros em meu rosto, tentando disfarçar meu rosto apenas com isso e um corte de cabelo novo.

O bom é que esse batalhão consegue me esconder, uma coisa a menos para me preocupar. Estou seguindo o caminho de um restaurante que decorei pelo GPS do celular, talvez não esteja cheio, já que passa do meio dia, geralmente as pessoas de Los Angeles são muito monótonas no dia a dia, e é por isso que não me vejo morando aqui.

Contando que o departamento da S.W.A.T. é aqui. Estou tentando ignorar esse fato desde que soube que tínhamos que viajar para cá, mas está difícil. Minha ansiedade está á mil só de pensar nessas coisas, e pensar que eu estava dormindo na mesma casa onde o assassino de meu pai também estava. Sinceramente estou surpreso comigo mesmo, surpreso porque consegui vencer a vontade de mata-lo também.

Isso incrivelmente é um progresso, pelo menos é oque eu espero. Depois de algumas passadas largas, vejo o restaurante na esquina seguinte e pelo oque eu vejo não está tão cheio. A calçada chega ao fim e paro como as outras pessoas no final, esperando o semáforo abrir, olho para o semáforo na próxima calçada, torcendo para que ele fique verde logo.

Depois de alguns segundos, o sinal ganha a cor esperada. Eu e mais algumas pessoas que esperavam nas calçadas atravessamos, em seguida paro ao lado da vitrine do restaurante quando dou os primeiros passos. Vejo algumas mesas vazias, apenas duas sendo ocupadas por provavelmente dois casais. Parece que estou com sorte hoje.

Com o terno ainda em mãos, troco ele de mão e coloco ele envolta de meu braço esquerdo, dou mais quatro passos largos e chego na porta, com a logotipo do restaurante estampado na cor marrom escuro, segura sua maçaneta dourada e empurro para dentro do prédio.

O piso brilhando ganha mais destaque graças ao sol que entra pela porta comigo, o balcão é largo e da cor verde escuro, com três funcionários uniformizados atrás dos computadores, o balcão tem uma vitrine que me permite ver alguns doces e pães. As paredes também são da cor verde, dois lustres desligados decoram o teto. Parece que me enganei quando pensei que era um restaurante, mas de qualquer forma eu não estava com fome de comida mesmo.

Olho para o esquerdo e vejo a mesa também verde escura circular vazia, na frente da vitrine, acompanhada de três cadeiras. Escolho a mesa de trás, que com o tanto de pessoa que passam dificultam que me vejam através do vidro. Sigo em sua direção apressado, quando chego, puxo a cadeira de madeira para trás e me sento, depois de horas andando por essas ruas.

Suspiro aliviado e coloco o terno nas costas da cadeira em meu lado, e vejo um pequeno cardápio em cima da mesa, também com as listras de uma xícara de café branca, com certeza isso é uma cafeteria, por isso está vazia essas horas. Retiro o cardápio de cima da mesa e seguro em minhas mãos, abrindo-o.

Vejo várias opções boas, mas caras, oque não é um problema, já que ainda tenho quinhentos reais comigo. Os óculos atrapalham um pouco minha leitura, mas mesmo assim não retiro, apesar de ser tentador. Desvio meu olhar para a vidraça ao meu lado, observando a rua e os prédios, checando se há algo suspeito.

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