33° | Inesperado

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• Camilla Perez

Já faz horas que estou deitada na cama, e nem se quer consigo dormir. Fico repetindo as imagens do ocorrido na boate por várias vezes. Ainda fico me perguntando como Martinez conseguiu dormir com tudo isso acontecendo.

Levo minha mão até meu rosto para esfrega-lo devagar, em seguida abro meu dedo médio e o anelar para fazer uma brecha em meu olho, viro meu rosto para a direita onde encontro um relógio que está marcando 02:47 em cima de uma estante pequena. Assim que vejo a hora, viro para a esquerda onde Martinez está de costas para mim e parece estar dormindo, já que está imóvel a algum tempo.

Solto um suspiro longo e decido sair da cama. Retiro minha mão e levo ela até o lençol branco do qual estou coberta e o jogo para o lado de Martinez. Aproveito que a cama está silenciosa e me levanto sem problemas com barulhos. Decido não calçar nenhum sapato, apenas a meia que estou é suficiente para que eu não sinto o pouco frio do chão de madeira.

Caminho até a porta sem olhar para trás, destranco com facilidade abro devagar, já que as luzes desse corredor estão acesas e não são muito fracas. Abro o suficiente para que eu consiga passar e quando saio no corredor fecho-a novamente. Levo minhas mãos até meu cabelo e começo a enrola-lo para fazer um coque frouxo, alguns fios param em meu rosto e logo estão atrás de minhas orelhas.

Sigo a direção até as escadas em espiral, seguindo com a mão no corrimão, observo a vista da cidade através da janela e penso se as pessoas do prédio que mantenho meu olhar estão acordadas. Desvio para as árvores que encontro quando as escadas acabam.

Não sei oque pretendo fazer aqui, mas detesto ficar parada em algum lugar sem algo para fazer. Por isso, cogito pela idéia de beber algo leve de álcool para dar um desconto para meu corpo. Não sou chegada em beber, mas parece que eu preciso disso agora.

Sigo em frente ao corredor da cozinha, onde entro atrás do balcão e estico meu braço para pegar alguma garrafa de vinho. Prefiro não usar taça para não sujar e não lavar nada em plena madrugada. A garrafa que pego está com uma rolha parecendo difícil de se retirar, mas não a-troco. Deixo a garrafa no balcão e fecho a porta branca do armário.

Seguro o gargalo e uso a mão direita para tentar puxar a rolha para cima, fazendo um pouco de força. Depois de duas tentativas falhas e como estou sem paciência, decido procurar algo para me ajudar a abrir, por isso abro as gavetas no maior silêncio para Martinez não acordar.

Abro a primeira gaveta a minha esquerda e só acho talheres, mesmo assim procuro algo aqui. Como não achei nada, me inclino um pouco para frente e puxo a maçaneta "espelhada" da segunda gaveta branca, vejo alguns panos brancos e decorados com rendas pretas, começo a bagunça-los um pouco para ver se tem alguma coisa escondida aqui.

Ouço um barulho baixo vindo do piso ao meu lado, e quando olho para o chão vejo uma sombra escura ao meu lado. Retiro minha mão da gaveta e levo até o rosto da sombra parada no balcão atrás de mim.

- Cacete, mulher! - A voz de Martinez surge quando ele leva a própria mão para onde bati, me fazendo ficar aliviada.

- Caramba Nicholas. Avise ou faça um barulho antes de vir atrás. - Digo suspirando pelo alívio e me abaixo para pegar um dos panos que caíram.

- Caramba? Acabei de levar um puta tapa e você que diz caramba?

Me levanto e arrumo alguns cabelo que se soltaram novamente para atrás da orelha.

- Não era para estar dormindo? Seu ombro não está bom o suficiente para ficar fazendo esforço.

- Não estou com sono. - Ele retira a palma do rosto e leva ao lado de seu corpo apoiando no balcão. - Está procurando o saca-rolha?

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