32° | Explicações

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Nicholas Martinez

Está mais difícil do que eu imaginava. Vejo o reflexo de minhas costas através do espelho largo na parede em frente a cama, a situação de meu ombro está um pouco por do que eu esperava. Metade da camisa está em meu tronco, enquanto a outra parte está caída. Decido tirar tudo e tentar fazer um curativo. Já faz longos minutos que estou aqui, tentando pensar no que eu vou fazer com o ombro machucado novamente.

Jogo a camisa por cima de uma escrivaninha abaixo do espelho e volto a atenção para o espelho. Onde só consigo prestar atenção em minha tatuagem que vai um pouco das cotas, para o abdômen. — uma das minhas melhores qualidades é essa tatuagem —. Me lembro do hematoma que ganhei da primeira vez, do leilão e da maleta. De Sophia e Diego juntos. De Camilla e eu nos dando bem. De quando ninguém esperava que Adrian seria o demônio em nossas vidas, pelo menos, eu não esperava.

Encosto meus olhos azuis no espelho, graças a Deus livre de hematomas ou olheiras. Apenas meu ombro é o problema agora. A porta se abre e olho rapidamente pelo espelho, mas desvio quando a silhueta de Camilla aparece ainda com o vestido vermelho marcando seu corpo e um pouco de sangue na ponta, ela já está sem seu salto fino e para de braços cruzados na frente da porta fechada.

Não digo nada e ela também não, apenas me observa com os olhos da mesma tonalidade que o meu através do espelho. Enquanto isso tento não fazer o mesmo ato.

- Não vai mesmo pedir ajuda? - Quebra o silêncio, parte de mim agradece por isso.

- Acho que consigo me virar por conta própria. - Respondo sem saber para onde olhar.

- Você já está nessa quarto à dez minutos, e tudo que fez foi tirar a camisa. - Seguro minha vontade de revirar os olhos, infelizmente ela está certa.

- Está oferecendo ajuda? - Pergunto com a sombrancelha pouco enrugada, observando ela pelo espelho.

Ela suspira com a pergunta e caminha até a cama de casal grande e se senta na ponta, com a perna direita por baixo de sua coxa esquerda, em seguida aponta com o queixo para seu lado da cama.

- Não temos a noite toda, em breve ele vai chegar e se perceber que tem algo de errado, não vai nos permitir ficar aqui, e não acho que um hotel seja a melhor opção para nós.

- Ele? - Pergunto, sem perceber que foi só nisso que prestei atenção.

- Cassid teve alguns assuntos para resolver fora da cidade. Seu assistente vai cuidar de tudo para nós, e se quiser uma boa impressão, sugiro que não fique com graças e nem bêbado.

Suspiro, dessa vez não contenho a vontade de revirar os olhos. Pego minha camisa e coloco no ombro não machucado, em seguida vou em sua direção e me sento em seu lado. Não temos nenhum kit médico, mas pelo jeito não temos tempo para caçar um ou os materiais necessário.

- Ainda pensa no tal tesouro? - Pergunto, enquanto ela parece olhar o desastre que o tiro causou.

- Não importa. - Sua resposta soa um pouco desanimada.

- Bom, então vamos fazer o seguinte. Achamos Diego e Sophia, prendemos ou matamos Adrian, mas prefiro a segunda opção para não causar mais problemas, depois disso limpamos nossos nomes e seguimos nossas vidas, certo?

- Mais que certo. Mas não garanto que voltará para sua antiga vida.

- E com certeza a sua vai piorar, sem pressão.

- A sua também não vai ficar menos impressionante que a minha. O homem que atuou no assassinato de Lorenzo, destruiu a imagem da sua família, destruiu uma boate, sequestrou um dos patrocinadores mais importantes para a história do Rio de Janeiro e claro, está foragido. - Olho para seu rosto concentrado em meu ombro com a boca pouco aberta. - Isso sem contar os roubos dos carros que você usou para as ligações diretas.

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