31° | Então, quem?

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(Contém gatilho e cenas agoniantes.)
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• Nicholas Martinez

- O que caralhos você feio fazer aqui Perez!? - Digo em meia confusão de tiros.

- É a pergunta mais idiota que já ouvi nesses últimos dias. - Ela diz, se abaixando ainda mais e olhando brevemente para estreita fresta que há entre o armário caído e a parede. Reviro os olhos e recarrego a arma.

- Temos que sair daqui. - Digo o óbvio, sendo que é a única coisa que penso no momento.

- Você trancou a porta, Martinez. - Ela volta para a posição novamente, depois de outro tiro de raspão passar por ela. - Como acha que vai destranca-la sem levar um tiro?

- Intervalos. - Respondo enquanto meus olhos observam o quarto inteiro com pressa. - Já foram quatro balas com essa, na hora que o atirador recarregar vamos ter uma pequena brecha para alcançar a porta.

- Vão saber que nós estivemos aqui se não limparmos as digitais.

- Também vão saber se encontrar nossos corpos no chão como os deles. - Aponto a cabeça ligeiramente para frente. - Não temos tempo para isso.

Ela suspira impaciente e pega a barra de seu longo vestido vermelho, agora um pouco sujo de sangue, em seguida ela rasga ao lado da abertura dele. A abertura ficou mais larga, já que ela retirou dois pedaços dele. Logo ela amarra as duas pontas atrás de sua nuca, e entrega a outra parte. Percebo oque ela tentou fazer e repito o mesmo gesto, deixando o projeto de máscara em meu pescoço.

Não tem como acertar os tiros de uma distância de mais de quinhentos metros com uma pistola, por isso nossas armas são inúteis, Camilla apenas gastou munição, e eu não tenho nada além de dardos com tranquilizantes e entorpecentes. Levanto minha cabeça por cima do ombro e me viro para tentar enxergar pela janela. A última bala é disparada em minha, mas não me acerta por outro raspão.

Eu e Camilla corremos assim que a bala atinge o chão, em direção a porta. Alcanço a maçaneta e giro a chave com tanta pressa que ela quase emperra. Com o pânico crescendo, quando ouço a trinca se abrindo, puxo com força para a minha direção que acaba batendo na parede. Camilla e eu saímos com pressa do quarto que acabamos batendo na parede, por conta do estreito corredor.

Lembramos de colocar as máscaras assim que conseguimos nos equilibrar novamente. Algumas pessoas que estavam ali começam a gritar pelo horror que aconteceu no quarto quando percebem. Nós corremos até o final do corredor, mas o próximo tiro me faz olhar para trás por cima do ombro, outra mulher estava entrando naquele cômodo, mas seu corpo colidiu com o chão em questão de segundos.

Minha respiração está desregulada, mas não consigo me acalmar até sair desse lugar. Perez segue em meu lado, batemos em algumas pessoas que estão olhando aterrorizados para o corpo caído atrás de nós.

Deu tudo errado.
Tudo errado, novamente.

É a única coisa que penso. Apollo morto e uma inocente mortos, uma inocente desmaiada na poça de sangue e correria por todo lugar nesse corredor. Precisamos alcançar aquela saída, a polícia já deve ter coberto o local. Mesmo que não estivesse escutando os gritos, quando chegamos no primeiro andar, várias pessoas estão na mesma situação que nós dois.

Paramos no último degrau, vejo confusão em todo o salão, a música acabou e não há mais pessoas paradas, penso como vamos atravessar aqui, mas não faço isso por conta própria. Camilla agarra meu pulso e me puxa pela escada a baixo, entrando na correria das pessoas. Seguro a pistola com força, próximo do gatilho caso tiver reforços aqui.

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