Capítulo 4

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- Será que estão buscando drogas? - Terê perguntou nervosa assim como as demais detentas ali presentes.

Todas se encontravam há mais de 40 minutos em filas no pátio embaixo do sol forte da tarde, procedimento esse que não era nada rotineiro, ainda mais quando se tratava de unir todas as detentas de uma única vez para que fizessem uma busca.

- Se estivessem buscando drogas estaríamos paradas nos corredores como sempre, e não aqui. - Anabel disse a algumas detentas de distância, mas logo foi repreendida por um dos carcereiros que as observava. - Alguma coisa me diz que isso é algo muito maior.

Saray, que se encontrava na fila ao lado de Zulema, olhou ao redor antes de se aproximar vagamente da árabe, evitando ao máximo chamar atenção de algum guarda.

- Acha que eles vão achar alguma coisa?

Teve todo o cuidado de sussurrar em seu ouvido para que as demais não ouvissem.

- Eu duvido, são mais cegos que o olho da minha bunda. - Falou tranquilamente, a ideia deles desconfiarem de algo sequer lhe causava tensão.

- Espero que esteja certa.

- Eu sempre estou.

O processo de procura por algo que sequer faziam ideia pareceu demorar bem mais que o previsto, já que tiveram que esperar por mais de 30 minutos até finalmente serem liberadas a voltarem para suas celas. Ao adentrarem o lugar, encontraram as mesmas completamente reviradas, todos seus pertences pessoais e até os colchões estavam jogados no chão.

- Porra, olha essa bagunça. - Saray esbravejou começando a recolher suas roupas do chão. - Seus merdas, sabe quanto tempo vou demorar pra arrumar tudo?!

- Daqui um tempo não vai mais precisar se preocupar com essas merdas, gitana. - Alcançou um cigarro em seu bolso, o acendendo para então tragar com tranquilidade. - Amanhã é Quinta, dia de lavar roupas, as quero bem descansadas para manter tudo bem... Limpinho, ?




Zulema esperou até que todas estivessem aproveitando o horário de banho de sol para recolher as roupas sujas da sua cela, as levando calmamente nos braços até a lavanderia vazia. Afastou brevemente os lençóis brancos estendidos no varal, encontrando Nerea, Casper e Saray a esperando.

- Achei que não viria mais. - Nerea tomou as roupas de suas mãos, as jogando em um canto qualquer do local.

Com a ajuda de Saray e Casper, conseguiram afastar a lavadora pesada da parede, revelando o extenso buraco no concreto.

- Eu não vou sentir falta da merda desse lugar. - Saray assim como as demais parecia incrivelmente animada com tudo aquilo, afinal não era pra menos, a possibilidade de deixar o buraco em que eram obrigadas a viver deixaria qualquer uma ali feliz.

Zulema mandou que adentrassem uma a uma no buraco para seguirem na frente afim de evitar qualquer imprevisto que pudesse ocorrer de última hora naquela rota de fuga. Por mais que a árabe tivesse planejado de forma árdua tudo aquilo, qualquer pequeno imprevisto poderia fazer tudo ir por água abaixo em questão de segundos.

Ao não receber qualquer aviso das demais, apenas deu uma última boa olhada ao redor como se realmente se despedisse daquele lugar detestável, a única forma de lhe fazerem voltar pra aquele inferno seria morta, já que faria questão de lutar até o fim.

Parou de perder tempo divagando e finalmente se posicionou para também entrar e dar logo o fora dali.

- Parada aí!

Fechou os olhos com força, se reerguendo antes de respirar fundo por reconhecer a porcaria daquela voz.

Só podia ser algum tipo de brincadeira...

Entre Grades e Sentimentos: Caminhos TraçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora