Capítulo 23

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Macarena pareceu ser a única a notar o que a árabe estava prestes a fazer, já que Hanbal já estava alterado demais pra ter qualquer percepção de algo ao seu redor que o deixasse se concentrar em qualquer coisa além do mundinho que havia se enfiado onde tudo era engraçado. Os funcionários estavam ocupados demais gritando palavras em árabe que a loira daria tudo pra saber o que significavam, mas mesmo não entendendo sabia que não se tratava de algo bom pela forma raivosa que eram ditas. então resolveu ser mais rápida em tentar impedir que alguma tragédia acontecesse aquela noite. A mais nova soltou Hanbal, segurando o pulso da árabe para enfim tomar a sua frente na situação.

Por estar agora desamparado, o egípcio acabou se desequilibrando para o lado, quase caindo por ter lhe sido negado qualquer apoio das duas mulheres que o ajudavam até então a se manter de pé. Felizmente conseguiu retomar o equilíbrio com a ajuda da árabe e de uma das bancadas, que eram usadas para manusear os alimentos mas agora repousavam algumas panelas fechadas, se firmando novamente antes que atingisse o chão. A loira se apressou em ajudar a mais velha a deixar Hanbal sentado em uma banqueta, onde o rapaz sequer se preocupou em prestar atenção no que estava acontecendo, apenas pegou uma colher próxima e retirou a tampa de uma das panelas antes de começar a comer a comida recém preparada.

- Eu pago tão caro pra ser tratada assim? - Todos presentes, inclusive Hanbal e Zulema, encaravam Macarena com um ponto de interrogação estampado na testa. - Isso é inacreditável.

Se havia aprendido algo naquela noite conturbada, era que a grande maioria dos clientes que frequentavam o local eram extremamente arrogantes a ponto de achar que por terem dinheiro tudo se resolveria com ameaças veladas, já que em suas cabeças absolutamente todos deveriam servi-los por serem inferiores. E aquele velho que fez questão de foder com tudo era um excelente exemplo disso, se tornando o principal motivo para ter aquela ideia.

Os funcionários se entre olharam ainda confusos por não terem entendido o idioma falado pela mulher, procurando entre eles mesmos alguém que pudesse quem sabe traduzir, mas sem sucesso.

- Macarena. - Puxou a loira pelo braço, sussurrando em espanhol para que apenas a mais nova ouvisse, aproveitando o momento de distração dos demais. - O que pensa que tá fazendo?

- Não é óbvio? Tô tirando a gente dessa. - Se soltou do toque rude da árabe. - Ou por acaso seu plano de atirar em todo mundo lhe parece melhor?

Hanbal apenas alternava o olhar entre as duas quando uma nova fala zangada surgia, sem deixar de mastigar mais uma colherada de sua refeição, certamente estava se divertindo mais agora do que na noite inteira.

- Será que não dá só pra ficar quieta? - Zulema esbravejou, se esforçando para manter o tom de voz controlado.

- E deixar que você mate todas essas pessoas inocentes? - Bateu o pé decidida, se recusando a deixar que Zulema tomasse as rédeas da situação.

A árabe bufou em impaciência, estava se controlando o máximo que podia para não

- Merda, você vai estragar tudo.

Hanbal tratou de dar suas últimas mastigadas apressadas antes de engolir rápido a comida que estava em sua boca, chamando a atenção dos funcionários ao começar a rir sozinho.

- Não interrompam. - Sussurrou alto o suficiente para que os demais pudessem ouvir, sem deixar que seu sorriso divertido morresse. - O casal e está brigando.

Apontou para as duas, logo colocando o indicador sobre os lábios em um pedido de silêncio.

- E então, tem ideia melhor? - Macarena cruzou os braços abaixo dos seios, encarando os olhos da árabe mudarem de tonalidade enquanto esperava por uma resposta.

Entre Grades e Sentimentos: Caminhos TraçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora