Capítulo 9

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Os gritos e mais um barulho de tiro encheram o ambiente, ecoando até mesmo nos fundos daquela agência bancária. Ficou mais do que claro que para a árabe que precisava agir rápido para conter todo o caos já instaurado.

Zulema segurou Salma pela parte de trás da gola de sua blusa social que vestia, a arrastando por todo o caminho da sala do cofre até o saguão, onde a jogou sem cuidado algum contra o chão para que ficasse junto dos demais reféns que agora pareciam mais assustados do que antes.

Casper e Berlim tentavam a todo o custo conter Denver, o segurando cada um por um braço com força, queriam fazer com que o rapaz se acalmasse, por mais que não desse nenhum indício que o faria, pois não parava de se mexer um único segundo.

Zulema começou a apontar sua pistola para as pessoas ao seu redor, colocando o indicador em frente aos próprios lábios, ordenando assim com um gesto silencioso que calassem logo a boca. Ainda que se mantivessem no chão como havia ordenado, não deixavam de gritar de forma histérica em completo pânico.

- O que vocês fizeram? - A árabe franziu o cenho confusa enquanto encarava Saray em pé parecendo paralisada, seguiu o olhar da cigana, notando que encarava a mulher jogada sobre algumas folhas de papel e notas de dinheiro espalhadas no balcão de atendimento banhado em uma enorme poça do próprio sangue. Parecia que toda a sua cabeça havia explodido e agora escorria pela parede logo atrás junto a alguns pequenos pedaços do que chutaria ser parte de seu cérebro e alguns fios de cabelo que se soltaram de seu couro cabeludo. - Será que alguém pode me explicar que porra aconteceu aqui?!

- E-ela acionou o alarme enquanto terminávamos de fechar as malas... - Saray foi a única que pareceu ouvi-la em meio àquela barulheira, ou apenas a que realmente tinha coragem de responder sua pergunta em um claro momento de descontentamento da árabe.

- Calem a porra da boca agora!

Gritou em árabe, dando alguns tiros para cima para que se calassem de uma vez, sentia que estava enlouquecendo em meio àquela situação, e talvez realmente estivesse, já que se sentia tão desorientada que sequer conseguia entender o que se passava ali. Sentiu que podia respirar aliviada ao finalmente obter o silêncio que tanto queria por parte de seus reféns, que a acompanhavam atentamente com os olhos arregalados em pavor.

A árabe se aproximou de Saray, esperando que a mulher continuasse a falar, mas a mesma ainda parecia perplexa demais para isso no momento, ter aquela imagem, que com toda a certeza assombraria seus sonhos a sua frente, a deixava sem palavras.

- Denver atirou nela sem pensar duas vezes assim que percebeu o que havia feito. - Finalmente a voz de Saray saiu, soando normal novamente, apesar de todo o esforço que havia feito.

Zulema passou as mãos ainda cobertas pelas luvas de couro pretas repetidas vezes por seu próprio rosto na tentativa de conter o misto de frustração e raiva que lhe atingiu com aquela informação, enquanto começava a andar de um lado para o outro, estava tudo dando cada vez mais errado.

Era inegável entre os demais que a árabe havia dado o seu melhor para planejar cada detalhe daquele assalto, mas se existia uma coisa que ela não poderia controlar, eram seus "parceiros" de equipe. Por mais que soubesse que a culpa não era unicamente sua, não podia deixar de atribuir grande parte das falhas para si, já que era a cabeça da operação.

Como pôde permitir que tudo se afundasse daquela forma?

- Seu... Idiota! - Deu um único tapa na cara de Denver, tão forte que foi o suficiente para fazer com seu rosto virasse com o impacto, quase que caindo no chão com a tontura que lhe atingiu, mas conseguiu se manter de pé graças à Casper e Berlim que ainda o seguravam com força. - O que custava seguir a porra do plano?

Entre Grades e Sentimentos: Caminhos TraçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora