Capítulo 5

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Os olhos de Zulema começaram a se abrir lentamente de forma preguiçosa, a tontura que a atingiu de repente tornava toda a situação ainda pior, já que sequer fazia a mínima ideia de quanto tempo se mantivera desacordada ainda presa de ponta cabeça. Piscou algumas vezes ao sentir a tamanha dor que se espalhava por todo o seu corpo, que a esse ponto já atingia também sua cabeça, mais especificamente em um ponto acima da sobrancelha direita. Tirou o cinto de segurança, caindo contra o teto do veículo com força antes de conseguir rastejar para fora do carro com bastante dificuldade junto das demais.

- Eu disse que trazer ela seria uma má ideia, olha a merda que ela fez. - Saray se levantou lentamente, também parecendo sentir dores pela forma com que insistia em se apoiar no carro.

Zulema limpou o sangue, que só então começou a sentir escorrer por seu rosto, conforme a dor que já sentia parecia tomar toda a sua cabeça de forma intensa. Percorreu o olhar atentamente ao seu redor, notando que entre as mulheres, apenas Macarena não se encontrava em nenhum lugar perto do carro.

- Cadê aquela puta agora?

- Não é ela ali? - Casper apontou para alguém já ao longe.

Tinham toda a certeza de que aquela figura loira se tratava de Macarena, ela já se encontrava bem afastada enquanto cambaleava devagar pelo semi-deserto.

- Eu juro que vou matar ela.

- Deixa comigo. - Nerea disse antes de começar a correr atrás de Macarena, aparentemente ela era a que menos havia se machucado em toda aquela situação.

- Estão todas bem?

Casper e Saray concordaram, ajudando Zulema, que ainda estava no chão, a se levantar. A cigana pegou as bolsas jogadas na parte de trás a mando da árabe, abrindo a que continha as roupas das quais deveriam vestir assim que conseguissem sair da prisão, mas com toda aquela confusão a mais velha achou melhor esperar até estarem em segurança.

Os passos arrastados das mulheres pela areia do deserto de Almería seguiam sem nenhuma pressa na direção em que Macarena e Nerea haviam ido, o sol forte da tarde não ajudava em nada aquele processo, tornando tudo ainda mais cansativo.

- Sério, Zulema... - Saray resfolegou, chamando a atenção das outras duas mulheres. - Se depois disso tudo você não matar a Macarena, eu mato.

- Eu não me importaria de ajudar...

Até mesmo Casper, que normalmente era sempre tão quieta na presença da árabe, não pensaria duas vezes caso precisasse matar Macarena por arruinar aos poucos sua chance de ser livre.

- Podem parar, dela cuido eu.

As mulheres se olharam por alguns segundos, mas antes mesmo que pudessem dizer algo, um barulho alto pôde ser ouvido ao longe. Saray encarou Zulema, a confusão e o pavor estampados em seu rosto com o que poderia ser, mas a árabe reconheceria o som de um tiro em qualquer lugar.

- Mierda! - Praguejou antes de começar a correr, sendo acompanhada por Saray e Casper logo atrás.

A dificuldade com que se locomoviam pela areia fofa em direção ao barulho apenas fazia parecer que o percurso era ainda mais longo, apesar do que distanciava as mulheres não passavam de poucos metros.

Os passos pararam ao encontrarem Macarena paralisada com uma arma em mãos, estava tão trêmula que era difícil imaginar como havia conseguido puxar o gatilho. Zulema procurou a que carregava em sua cintura, notando que a mesma ainda se encontrava ali, firmemente presa entre o short de compressão e sua pele.

- Onde conseguiu isso? - Só então olhou para o chão, encontrando o corpo de Nerea envolto em uma poça de sangue que era lentamente absorvido pela areia quente. - Macarena, o que caralhos você fez?

Entre Grades e Sentimentos: Caminhos TraçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora