Capítulo 12

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- A Macarena?! - Saray pulou de onde estava sentada na própria cama, o tom bravo em sua voz externava toda a sua indignação.

Zulema tapou a boca da cigana com pressa, não queria que qualquer outra pessoa ouvisse o que conversavam em segredo, apesar de estarem em um lugar reservado, o quarto de Saray. Havia chegado com Macarena há algumas horas atrás, mas a loira sequer lhe dirigiu a palavra desde então, fez questão de ir direto para seu quarto assim que entraram na casa.

- Será que dá pra não gritar?

- Mas por que ela? - Tentou falar, mas teve a voz abafada pela mão da árabe, tornando suas palavras um tanto emboladas. Segurou o pulso da mais velha, desfazendo aquele contato rude em sua boca. - Sabe que eu seria muito mais eficiente e nunca te deixaria na mão independente do que possa acontecer.

- Saray, pensa bem. - Limpou a própria mão no ombro da mais alta, esfregando com nojo algumas vezes no tecido de sua blusa. - Ela é a melhor personificação de mulher padrão européia, ou seja, uma distração perfeita.

- Então está dizendo que eu não sou bonita o bastante?

Zulema rolou os olhos em tédio com a forma ofendida que a cigana a encarava, tinha suas dúvidas de como conseguia ter tanta paciência para lidar com Saray.

Sério que de tudo que havia dito tinha focado apenas naquilo?

- Você é boa, mas imprevisível em algumas situações.

Foi a vez de Saray rolar os olhos com a fala da árabe, apesar de que tinha que concordar que não era lá a pessoa mais paciente do mundo, muito menos da prisão.

- Tá, tá... E como a fez concordar em participar de tudo isso?

- Não fiz... Ainda.

- Você fez todo um plano sem ainda sequer ter o apoio dela?

- O que tem de tão absurdo? - Zulema franziu o cenho genuinamente confusa, afinal sempre fora muito fácil convencer as pessoas ao seu redor com um pouco de incentivo. - Não é nada que um pouco de ameaça não resolva.

- Talvez nem tudo se resolva com ameaça...

Com apenas aquela frase Saray havia conseguido a completa atenção da árabe. Já estava decidida que iria convencer Macarena de uma forma ou de outra, mas não deixaria de ouvir a ideia da cigana por mais idiota que fosse, principalmente se tivesse uma oportunidade, mesmo que mínima de tornar seu trabalho mais fácil.

- O que quer dizer?

- Que talvez tenha mais chance se usar outra estratégia.

- Tipo pedir educadamente, você diz? - O tom da árabe foi completamente sarcástico e Saray tinha total noção disso, mas após alguns anos convivendo com a mais velha seria necessário muito mais do que aquilo para lhe aborrecer.

- O que estou tentando dizer é que se ela achar que talvez tenha alguma escolha possa acabar te ajudando por vontade própria, diminuindo os riscos dela acabar fazendo alguma merda que matem vocês duas.

Zulema parou alguns segundos para analisar as possibilidades, logo chegando a conclusão de que pra variar Saray poderia ter alguma razão. Se criasse uma situação onde Macarena se identificasse mesmo que minimamente, as duas criariam um certo laço de afinidade, o que tornaria muito mais fácil manipulá-la para que seguisse suas ordens sem que sequer percebesse.

- Vale, posso tentar.

- Boa sorte com isso. - Zulema assentiu brevemente antes de se levantar de onde estava sentada ao lado da cigana na cama. Estava prestes a girar a maçaneta para abrir a porta e sair, quando Saray chamou novamente sua atenção. - Mas vamos combinar que é só questão de tempo pra que ela faça alguma merda novamente, e quando isso acontecer eu não vou pensar duas vezes antes de dizer que te avisei.

Entre Grades e Sentimentos: Caminhos TraçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora