Capítulo 35

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Já abraçaram aquele alguém querido hoje? Não deixem para amanhã, pode ser tarde demais...




22 horas antes.


- Eu não acredito, isso só pode ser um pesadelo. — Já faziam algumas horas que Hanbal caminhava de um lado para o outro naquela sala, seus passos pertubadoramente apressados eram ignorados pelos demais que também se encontravam no ambiente. — Duas pessoas se foram em menos de uma semana.

Saray se mantinha sentada, dessa vez tendo Karim a acompanhando enquanto fumava um charuto parecendo pensativo no sofá menor logo ao lado.

- Espero que não esteja se perguntando quem será o próximo. — A cigana chamou a atenção de Hanbal, o fazendo parar para lhe encarar. — Não tô com cabeça pra te aguentar paranóico.

- Como pode estar tão calma?

- O que te faz pensar que eu estou calma?

- Deixe-me pensar... — Hanbal pousou o indicador sobre a barba rala em seu queixo, fingindo analisar todos os motivos presentes em sua própria cabeça. — Talvez o fato de estar sentada há horas nesse maldito sofá?!

Saray se levantou rapidamente, precisando dar apenas alguns passos para se colocar frente a frente com o egípcio.

- Espera o quê? Que eu fique para lá e para cá igual uma idiota?

- Pelo menos eu demonstro que estou preocupado! — Hanbal se aproximou ainda mais do corpo da cigana, ainda que mantivesse alguma distância.

- É mesmo? — Saray não se importou em empurrá-lo pelos ombros para voltar a ter mais algum espaço. — E no que isto está ajudando?

- Acho que a pergunta da vez seria, no que a minha preocupação está atrapalhando?

- Sério que ainda pergunta? — Se conteve em seu lugar, ainda que sua maior vontade fosse de voltar a empurrar o egípcio para fora daquela casa com suas próprias mãos. — Está me irritando!

- Ah, jura? — Deu alguns passos para trás para evitar que a cigana se aproximasse novamente, ainda que não parecesse pretender. — Qualquer merda te irrita, Saray!

- Já chega os dois! — A voz imponente de Karim foi o suficiente para que os dois se afastassem e calassem de imediato suas bocas. — Preciso que parem de gritar e me ajudem a pensar aonde Zulema pode ter ido.

- Não tenho dúvidas de que ela tenha ido atrás da Macarena. — Hanbal disse, recebendo o olhar da cigana repleto de tédio uma última vez.

- Eu odeio ter que concordar, mas também acho que ela foi tentar salvar a oxigenada. — O egípcio não pôde conter seus pés de voltarem a caminhar praticamente por contra própria em nervosismo com a fala de Saray.

A cigana voltou a se sentar no mesmo lugar que estava a pouco, se continuasse em pé certamente em questão de segundos estaria batendo na cabeça de Hanbal com a primeira coisa que visse em sua frente para que enfim ficasse quieto.

- Onde aquela maldita árabe estava com a cabeça em fazer uma idiotice dessas?

- Pelo jeito o chá foi bem servido... — Karim, Hanbal e Mustafá encararam a mulher com uma expressão completamente confusa. — Esquece.

- Eu tenho minhas dúvidas... — Karim finalmente se pronunciou de forma mais tranquila desta vez, fazendo o egípcio parar novamente seus passos para prestar atenção ao que o senhor dizia. — Zulema não seria tão burra para se entregar assim.

- Quer dizer que não acredita que ela tenha ido atrás da loira?

- Quero dizer que ela não se mataria por alguém.

Entre Grades e Sentimentos: Caminhos TraçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora