Capítulo 38

173 17 85
                                    

Alguém ainda lê isso? 🤨




Macarena descia o lance de escadas com lágrimas nos olhos, a visão turva pelas lágrimas a impedia de ir mais rápido pelos degraus. Deixar que aquela explosão de sentimentos transbordasse por seus olhos era como colocar um alvo em sua testa avisando para as demais detentas o quão vulnerável ela ainda era, por esse motivo se apressou em secar seu rosto com as costas das próprias mãos mesmo e apenas se afastar de Zulema pra sempre. Tinha consciência de que havia machucado a árabe profundamente, de uma forma que sequer poderia imaginar a dor que aquela mulher estava guardando dentro de si desde que havia visto Hanbal caído no chão.

- Onde tá indo com tanta pressa, loira? — Ao chegar no final da escada, um puxão brusco fez com que Macarena parasse seus passos e se virasse para ver de quem se tratava, deixando que um suspiro aliviado escapasse por entre seus lábios ao se deparar com Cachinhos. — Calma, sou só eu.

- Estou indo pro pátio, preciso urgentemente pegar um ar... — Se esforçou para que sua voz não saísse embargada pelo choro preso na garganta, mas não tinha jeito, a ponta do nariz e os olhos vermelhos a entregavam.

- Precisa mesmo, está tão pálida que sequer parece que acabou de voltar de férias. — Cachinhos disse divertida na tentativa de descontrair e acabar arrancando um sorriso da loira, mas sem sucesso. — Por que estava chorando?

- Eu não estava.

Os dedos da cacheada começavam a externar a sua raiva, se fechando no braço de Macarena e fazendo com que o aperto aumentasse com as probabilidades que surgiam em sua cabeça.

- O que a Zulema fez desta vez?

- Você tá me machucando...

- Acabei de te ver saindo da cela dela. — Cachinhos parecia imersa demais em sua raiva para notar a dor que causava a loira. — Se ela tocou em um fio de cabelo seu eu juro que...

Macarena se soltou do toque da cacheada de maneira brusca ao repentinamente ter se tornado ainda mais doloroso.

- Não precisa se preocupar comigo. — A loira reclamou enquanto acariciava o próprio braço repetidas vezes na tentativa de amenizar a dor.

- Droga, me desculpa.

- Eu não tô com cabeça pra isso agora, então não começa.

Cachinhos se limitou a concordar com a cabeça, encolhendo os ombros por vergonha de ter machucado alguém que ama. Ainda que apenas o pensamento de que havia machucado Macarena lhe doesse bem mais que qualquer surra de carcereiro, acreditava que o motivo pelo qual havia feito era bom.

- O que exatamente eu não deveria começar? — Cruzou os braços, dando poucos passos para ficar na frente da loira e a impedir de fugir dali. — O que ela queria, Macarena?

- Cachinhos, falo sério. — Deu um passo para o lado, mas a negra fez questão de acompanhá-la, fazendo o mesmo movimento para bloquear o seu caminho mais uma vez. — Será que dá pra parar?

- Está estranha por culpa da Zulema? — A cacheada esperou pacientemente uma resposta, analisando minuciosamente o rosto de Macarena que parecia não querer a encarar nos olhos. — Ela voltou a te ameaçar, não é?

- Não tenho problema algum com a Zulema.

- Pelo jeito que está, não é o que parece, a não ser que goste de chorar sempre que sai da cela dela.

- Onde estava? — Macarena trocou bruscamente de assunto, torcendo para que a cacheada não notasse e resolvesse retomar.

- No mesmo lugar de sempre, a solitária. — Cachinhos colocou ambas as mãos nos bolsos parecendo repentinamente desconfortável com a pergunta.

Entre Grades e Sentimentos: Caminhos TraçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora