Capítulo 20

187 21 74
                                    

Macarena não conseguiu dormir como esperava, mesmo no aconchego do calor do corpo da sua árabe. Após a seção de orgasmos incríveis proporcionados pela mais velha, acabou sim pegando no sono, mas infelizmente não passou de alguns poucos minutos, acabando por acordar um tempo depois ainda sentindo a preocupação de que aquele seria o seu último momento juntas.

Era estranho, se meses atrás alguém lhe dissesse que estaria deitada na mesma cama que a pessoa que mais odiava, sentindo quase que um medo irracional em ter que se despedir, certamente riria e diria que essa pessoa é louca.

As horas daquela madrugada pareciam não passar e lá no fundo agradecia internamente por isso, ter que fugir por causa do que acontecia com Casper era vergonhoso para si e isso a irritava. Apoiou o cotovelo direito no travesseiro para conseguir sustentar sua cabeça com a mão e ver melhor o rosto da árabe, ainda estava abraçada à ela assim como dormiram, estavam tão confortáveis que nenhuma das duas sequer ousou mudar de posição. Macarena agora observava pela primeira vez cada detalhe do rosto da árabe com atenção, todas as vezes em que haviam dormido juntas acabou adormecendo primeiro, então aquela era uma verdadeira novidade, arriscaria dizer até que uma das coisas que poderia facilmente considerar as mais fofas. Tinha consciência que a visão da árabe tranquila como estava naquele momento era algo extremamente raro, talvez tivesse muitos inimigos na cadeia que lhe impedissem de ter o privilégio de fechar os olhos e relaxar de verdade já que precisava estar sempre alerta, então aquela certamente era uma visão mais do que privilegiada. A loira sorriu notando o quão sereno o rosto da árabe ficava enquanto dormia, sem o verde intenso do olhar fulminante que sempre a causava arrepios, não parecia a presidiária mais perigosa de Cruz Del Sur, naquele momento era apenas mais uma parte da nova faceta que recém havia descoberto da mais velha, algo que gostava de apelidar de doce Zulema, sua doce Zulema...

Deixou um beijo demorado no ombro da árabe, ainda exposto por conta da nudez de ambas, sorrindo ao sentir a outra se mover em reclamação em seus braços.

Certamente sentiria falta desses momentos, por mais que Zulema não fosse ouvir aquilo de seus lábios.

O relógio ainda marcava 3h14, faltava muito para o amanhecer e não queria desperdiçar o sono que estava começando a chegar e o frio da madrugada. Apertou o abraço de Zulema, voltando a se deitar e deixando que os sonhos a envolvessem.

[...]

Abriu os olhos sem a mínima vontade, demorou a conseguir dormir e agora que havia conseguido não queria se levantar. Sabia que precisava, pela claridade adentrando a brecha da cortina já deveria ser de manhã, e havia combinado que Amid a ajudaria a sair logo cedo.

Franziu o cenho ao notar que a árabe não estava mais ao seu lado na cama e agora abraçava um simples travesseiro sem graça, por mais que tivesse seu cheiro. Sentiu sua garganta doer com a ideia de que Zulema simplesmente teria a deixado sozinha depois da noite incrível que tiveram sem ao menos lhe dar uma única explicação. Já era duro ter que ir embora, sem o adeus da mais velha tornava tudo ainda mais doloroso já que apesar de terem passado uma noite inteira juntas, não lhe era o suficiente.

Se levantou, lembrando de sua nudez ao sentir a brisa fria bater contra seu corpo. Teve um certo trabalho em recolher as roupas espalhadas para finalmente vestir, até pensou em pegar alguma roupa da árabe emprestada, mas estava muito brava com Zulema para fazer algo do tipo.

Saiu do quarto da árabe indo para o seu, o encontrando vazio. Talvez Casper apenas tivesse ido dormir no quarto de Hanbal. Foi então que notou que já não estava tão cedo quanto pensou ao acordar, estava próximo ao horário de almoço, o que era um péssimo sinal, já que queria sair sem que os demais a notassem. Pegou algumas roupas dentro da mochila, as levando para o banheiro para conseguir tomar um banho rápido, afinal precisava tirar todo aquele cheiro de sexo ainda impregnado em seu corpo. Fechou os olhos ao sentir a água quente caindo sobre seus ombros, acabando por demorar mais do que pretendia, talvez fosse apenas o seu subconsciente tentando a fazer entender que não era apenas os seus pensamentos que estavam presos àquele local, seu coração também já não queria ir. Balançou a cabeça, se forçando a deixar todos aqueles pensamentos para trás antes de desligar o registro e sair do box.

Entre Grades e Sentimentos: Caminhos TraçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora