Capítulo 25

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Zulema tentou se mover, mas um peso estranho ao redor do seu corpo parecia fazer questão de mantê-la no lugar, dificultando que conseguisse cumprir a simples tarefa de se levantar para sair dali. Ao tentar abrir os olhos, demorou a conseguir reconhecer aonde estava, afinal o local não parecia em nada com seu quarto, piscou algumas vezes na tentativa de afastar o incômodo que a luz ainda acesa trazia. Esfregou os olhos com ambas as mãos, mesmo que sentisse um de seus braços pesados, conseguindo finalmente os abrir por completo sem qualquer problema. Ao olhar um pouco em volta notou que realmente não se tratava de seu quarto, mas sim do escritório, fazendo com que lembranças ainda frescas da madrugada que tiveram viessem à tona, fazendo a árabe sorrir inconscientemente com as imagens da loira tão entregue.

Uma respiração pesada, seguida por leves sons estranhos, algo que chegava a lembrar um pequeno esquilo se fez presente, Zulema parou para prestar mais atenção, notando que todo o peso que sentia em seu corpo era devido à loira deitada com a cabeça sobre seu peito, enquanto um de seus braços rodeavam a sua cintura. Ambos os corpos ainda estavam nus, a madrugada fria havia sido facilmente ignorada pelo calor que pareciam trocar de forma tão natural, exercendo tal ato com tanta perfeição que poderia arriscar que aquelas eram as suas funções ao virem ao mundo, se manterem unidos.

A mão livre de Zulema se aproximou timidamente do rosto da mais nova enquanto observava seu sono, parecendo hesitar ao tocar levemente com o indicador a pele macia de sua bochecha esquerda. Macarena respirou mais profundamente, se remexendo antes de se entregar mais uma vez ao sono enquanto voltava a fazer os sons baixinhos, a árabe negou com a cabeça soltando um leve som nasal semelhante a uma risada, achava o claro contraste que a loira agora parecia ter com quando estava acordada engraçado. Sua face era serena, totalmente diferente da Macarena tão naturalmente teimosa que tanto parecia adorar lhe confrontar e tirar do sério sempre que tinha chance.

Com muito custo Zulema deixou que assim como a sua mão seu olhar se afastasse do rosto mais novo, logo vendo que o tamanho incômodo que sentia em seus olhos não era devido apenas as luzes ainda acesas, mas também se tratava das enormes cortinas abertas que deixavam o brilho do sol da manhã entrar pelas janelas que iam do chão ao teto. O sofá de couro de três lugares em que estavam deitadas parecia ter sido feito especialmente para seus corpos unidos naquela ocasião, tornando incrivelmente aconchegando o simples fato de ter a loira em seus braços. Zulema balançou a cabeça algumas vezes, como se tentasse expulsar tais pensamentos que considerava impróprios, se obrigando a tentar ser cuidadosa ao retirar o braço que ainda a envolvia sem acordar a mais nova, por sorte conseguindo com que Macarena se remexesse um pouco antes de virar de costas e se encolher pela falta que pareceu sentir de imediato do calor do corpo da árabe.

Zulema por fim pôde levantar, caminhando um tanto cambaleante ainda pelo sono enquanto recolhia suas roupas espalhadas de qualquer jeito pelo chão. Apesar de lembrar perfeitamente da noite conturbada que tiveram, a árabe não se recordava com exatidão em que momento seu escritório havia se tornado o caos que estava, apesar da mesa que tinha no centro próxima aos sofás ainda terem as algemas abertas junto da fotografia que havia tirado, se tornando mais do que necessárias para refrescar rapidamente a sua memória. Foi inevitável para Zulema sorrir com as lembranças que vieram ao pegar a foto, realmente não havia sido nada gentil com a loira e a sua bunda perfeitamente redonda, não que pudesse se culpar, já que a imagem de Macarena exposta apenas esperando pelo que poderia estar por vir ainda fazia seu corpo esquentar com uma facilidade assustadora. Deixou tais pensamentos de lado para enfim vestir suas roupas, não se importando com o quanto estavam amassadas por terem passado grande parte do tempo jogadas no chão.

A árabe guardou a sua nova foto preferida em um dos bolsos antes de deixar que seu olhar caísse sobre Macarena uma última vez antes de deixar seu escritório, mas a imagem da loira nua e encolhida contra o estofado de couro a traziam um sentimento que não sabia ao certo nomear, no fundo entendia ser diferente das vezes em que havia visto a loira nua pois apesar de ainda a desejar, não tinha qualquer tesão envolvido naquele momento. Ignorando qualquer novo questionamento que sua mente ainda confusa de sono pudesse lhe trazer, Zulema recolheu o roupão que a loira vestia, o usando para cobrir o corpo encolhido da mulher que parecia tão frágil.

Entre Grades e Sentimentos: Caminhos TraçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora