Ian.
Acordo assim que alguns raios de sol tocam meu rosto. Merda! Deixei a cortina aberta. Fico deitado, ponderando se vou me levantar ou não. Pego meu telefone, mas não há mensagens pendentes. Seria possível voltar a dormir?
Desisto da ideia e vou para o banheiro tomar um banho. Quando termino, me preparo e vou para a sala. Deve ter alguém acordado nesse momento.
No caminho vejo corredor dos quartos das meninas. Principalmente o quarto da minha querida amiga. E se eu entrasse? Eu tomaria um soco na cara, certamente! Regra número um da casa: ninguém entra no quarto das Carter.
Já na sala me sento no sofá onde a nossa turma costuma ficar. A gente passa mais tempo fofocando do que fazendo outra coisa. Se bem que nesse sofá já aconteceu muito mais do que conversas. Se Josh soubesse... Regra número dois: mantenha a mente limpa ao ficar neste lugar.
Ligo a exagerada televisão do meu chefe e procuro algum filme do catálogo que chame minha atenção, enquanto assisto uma série de trailers sobre filmes diferentes.
— Nossa, eu amo esse filme! — Luise me surpreende.
— Bom dia! — digo em tom de repreensão.
— Bom dia capenguinha.
Ela ri. Seus cachos balançam e me fazem querer pegá-los... Leio o título do filme.
— ...Os Termos do Encontro... Ele é bom? — corto meus pensamentos.
— Muito bom! — ela senta no sofá frente a mim animada para falar — Tipo assim, o chefe dela é um dos poucos bilionários do mundo com menos de trinta anos! E tipo, todo mundo fica impressionado com ele, já que mesmo tão jovem ele está mais bem-sucedido que muita gente.
— Um ricaço, entendi.
— Sim! Mas, o protagonista é um galinha miserável! E o trabalho dele lida muito com mídia, e ele está ficando com uma péssima fama. Aí o agente dele diz que ele tem que melhorar a fama dele antes que isso acabe com a carreira dele. No caso, esteja em um relacionamento sério.
— Hum. — me ajeito no sofá — Acho que já estou entendendo que clichê é esse.
— Sabe?
— Tenho um palpite, mas pode continuar.
— Pois é. Aí, sabe o que ele faz? Ele sugere que a funcionária dele, no caso, a nossa protagonista, finja que é a namorada dele, que ela vá aos eventos com ele, pra melhorar a fama dele e garantir que a empresa dele continue.— Parece bom, quero assistir.
Seleciono o filme.
— Faz tempo que não vejo esse filme! — ela sorri de forma nostálgica e deita no sofá — Deu saudade. Podemos ver depois.
— É uma excelente ideia. Vamos tomar café ? Estou com fome.
— Está bem.
Seguimos para a cozinha, lado a lado, ela continua a falar sobre o filme, me dando algumas informações, mas sem me dar grandes spoilers. Mas hoje minha mente só quer focar na lembrança do beijo.
— Aí tem a sequência do filme também, só que com o assistente dele, o mesmo que diz que ele tem que melhorar a imagem dele na mídia.
— Que legal.
— Só que esse eu ainda não vi.
— Podemos ver juntos depois.
Isso vai ser interessante, poucas vezes chamei alguém pra ver um filme, e vimos o filme realmente. Mas é a Luise, somos amigos de longa data, acredito que nesse filme vai ser só um filme. Embora no fundo eu esteja esperando o contrário. Me repreendo pela milésima vez no dia.
— Eu acho que vai ser bom, é com um ator que eu gosto. — ela continua entusiasmada ao entrarmos na cozinha — Oi Maggie!
— Oi. — cumprimento.
— Oi Luise! Oi Ian!
Isso é bem bizarro. Se os caras estivessem aqui e soubessem de toda a situação com a Luise , estariam segurando o riso neste momento.
— Oi Daisy! — Luise se aproxima da chefe de cozinha da casa — Vou pegar meu todinho... Tá bom?
— Olá Daisy. — saúdo também.
— Olá Ian! Luise. — ela nos dá seu clássico sorriso com piscadinha. — Você sabe muito bem que não posso fazer isso.
Luise faz biquinho e uma expressão triste.
— Não faça essa cara! — ela força uma voz séria antes de desmoronar — Você sabe que eu não consigo dizer 'não' para esse rostinho... — prof fim, sua postura séria se transforma em uma amigável — Ah tudo bem.
— Obrigada, Daisy!
Maggie e eu rimos da felicidade da garota, em poder tomar todinho pela manhã.
— Mas! — ela levanta o dedo indicador — Você tem que comer algo forte. — Luise volta a sua expressão triste — Pelo menos um cereal.
— Contanto que eu possa tomar meu todinho.
— Nas veias da Luise não circula mais sangue. — Maggie fala — Circula é todinho.
Causando uma série de risos.
— É verdade.
Pego torradas e coloco na torradeira.
— Bom dia. — uma voz tímida preenche o ambiente.
— Bom dia, Cloe. — dizemos em coro.
— Achei que não fosse acordar mais. — brinco — Venha, tome café com a gente.
— Tá bom. — minha irmã sorri e começa a preparar suas torradas.
— Vocês podem experimentar esses bolinhos que fiz? — Maggie tira uma forma do forno — Estou testando uma receita nova.
— Claro. — Luise se aproxima dela.
— Sim. — Cloe sorri de novo.
— Eu experimento depois, tá bom minha linda? — Daisy termina uma bandeja e se dirige a entrada da cozinha — Vou servir o café do seu avô.
— Tá bom.
— Nossa! — Luise morde o bolinho — Ficou delicioso!
A ruiva sorri animada balançando o corpo, e minha irmã se aproxima dela para pegar um.
— Luise tem razão. Ficou saboroso. — ela pega mais um.
— Ian? — Maggie estende a forma para mim.
— Ah. — pego um e mordo, ela me olha esperando por uma resposta — Está muito bom. — respondo e me afasto dela, me sentando perto da minha irmã.
— Obrigada gente.
A ruiva cantarola ao guardar os bolinhos no forno. Luise se senta a mesa bebendo mais uma caixa enquanto prepara o cereal.
Volto a pensar que depois vou ficar sozinho com ela em uma sala escura enquanto um filme romântico está passando. Qual a possibilidade de eu criar um pretexto e levantar o assunto do beijo, ou até mesmo, tentar conseguir outro.
— Quer assistir um filme com a gente, Cloe? — sugiro — É um clichê romântico, você ama clichês românticos.
— Eu adoraria. — sorrio para ela — Mas não vai dar... Tenho que revisar umas coisas... E aliás, acho que você terá que resolver umas coisas também.
— Sobre o seu curso?
— É, isso mesmo. Você é o meu responsável legal.
— E bonito. — Luise diz e prende o riso.
Maggie lança um olhar de ódio para irmã, sinto um deja vu ruim ao ver seu rosto desse jeito. A ruiva avança para cima da irmã e eu me levanto.
— Parei! Parei! — Luise grita em meio a risos enquanto a irmã tenta lhe acertar com a mão. Sinto o ímpeto de fazer alguma coisa.
— Que bagunça é essa? — a voz do Josh ecoa na cozinha fazendo as risadas e tapas pararem instantâneamente.
Maggie se afasta com o rosto vermelho e volta a preparar seu prato sobre o balcão.
— Desculpa, pai. — sua voz sai doce e meiga.
— Desculpe. — Luise diz baixinho.
Ele ainda mantém seu olhar por alguns segundos, fazendo todos prenderem sua respiração.
— Tomem seu café. — por fim ele se retira.
Ficamos ainda mais uns segundos em silêncio. Luise continua com seu sorriso sarcástico, ao que Maggie continua lançando olhares irritados para a irmã.
— Eu não entendi. — Cloe olha confusa pela cozinha.
— Piada interna de irmãs. — respondo me sentando novamente.
— Relaxa, Cloe. É normal. — Luise diz brincalhona.
— As vezes a gente quer matar uma à outra, mas nos amamos. — Maggie completa ao sair.
Minha irmã mantém sua expressão confusa.
— É que a Maggie só sabe falar isso dos caras. — minha amiga explica — Ela só sabe dizer que os caras são legais e bonitos.
— Sério?
— Sim, aí eu e a Karen ficamos zuando com a cara dela. — continuamos no clima de riso até que aos poucos a Luise fica um pouco séria — Saudades dela.
— A branquela faz falta. — digo.
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Muito bom, amigo
Science FictionLuise e Ian sempre foram bons amigos. Nada mais que isso. Após relacionamentos fracassados, ele busca apenas boas noites, e Luise sequer procura alguém. Mas um bom amigo é para todas as horas, não é mesmo? Este livro está conectado com: Não quero ni...