Acordo sentindo dormência no braço, meu corpo está jogado em uma posição estranha. O abajur que me encara não é exatamente familiar. Levanto com dificuldade e minha cabeça reclama mandando uma série de pancadas de dor. Sinto meu celular vibrar sobre a cama e o brilho faz minha cabeça reclamar novamente, são dez horas da manhã.
— Argh!!! — reclamo.
Sento na cama e uma onda de náusea me acerta. Respiro fundo para controlar a dor e observo a situação. Estou no meu antigo quarto na casa do Josh, estou vestido apesar das roupas estarem muito amassadas. Não tenho a menor ideia do que fiz ontem depois de muitas doses de sei lá que bebidas eram. Também estou sozinho, e não há sinais de que havia outra pessoa comigo, o que significa que eu realmente não devo ter dormido com nenhuma garota, o que é muito estranho para mim.
Levanto da cama e uma nova onda de enjôo me faz cambalear até o banheiro. Abro a porta com pressa e praticamente me jogo no chão perto do vaso sanitário. Mal abro a tampa e um jato sai de mim.
Após um longo tempo vomitando, me sinto fraco e humilhado. Deito no chão me arrependendo de ter bebido tanto. O tempo todo minha cabeça lateja e tudo o que quero é voltar para a cama.
Mais uma vez me esforço para levantar e fecho a porta do banheiro, retiro todas as minhas roupas e me coloco embaixo do chuveiro. Ligo a água e deixo que ela leve toda a minha vergonha. Me apoio na parede e tento lembrar do que houve ontem a noite. Despejo sabão em mim para que espante todo odor de ressaca.
— É por isso que nunca bebo tanto...
Pego meu roupão e o coloco, abro a porta e me dirijo ao closet onde muitas das minhas roupas estão guardadas. Escolho um conjunto de moletom cinza e saio para o corredor. Não vejo ninguém e me sinto grato, seria muito ruim encontrar alguém agora.
Tendo consciência de quão tarde é para essa casa, caminho na direção da cozinha de onde sinto o cheiro de café e biscoitos.
Respiro fundo enquanto encho minha caneca com café.
Pego alguns pães e começo a preparar torradas. Enquanto como, agradeço mentalmente por hoje ser domingo, ter que trabalhar com ressaca seria um castigo ainda pior.
— Bom dia, Ian! — a voz me tira dos meus pensamentos.
— Senhor Carter! Como vai?
— Eu estou bem! — ele pisca para mim — E você? Faz tempo que não o vejo por aqui.
— Ah... muito trabalho, não tenho tido como vir pra cá com tanta frequência quanto antes — ele pega uma caneca e começa a despejar café dentro dela — O senhor deveria estar bebendo isso agora?
Ele olha para mim com olhar de espanto, como se estivesse sido pego no flagra.
— Olha aqui rapaz! — sua expressão fica séria, ele aponta o dedo indicador para mim, mas no instante em que ele volta a falar, uma voz feminina pode ser ouvida no corredor. Ele se assusta e olha atônito para todo lado.
— Então? — dou um sorriso brincalhão.
— Eu posso beber este café! — ele gesticula.
— Senhor Carter? — a voz soa absurdamente mais perto.
— Se você diz... — respondo ao tomar um gole do café.
Ele tenta se esconder atrás da geladeira, mas passos são ouvidos e Vera, a cuidadora, entra na cozinha.
— Então foi aqui que o senhor se meteu! — ela olha para ele com as mãos na cintura.
— Eu só estava conversando com o Ian. — ele tenta se justificar.
— E essa caneca?
— O que tem ela? — ele coloca a caneca sobre o balcão e se faz de desentendido.
— O que tem na caneca?
— Que caneca?
— Ele bebeu café? — Vera olha para mim.
— No tempo em que estou aqui, não o vi beber nada.
— Humm... — ela suspira — Tudo bem, vamos tomar seus remédios?
— Ah não... — o senhor Carter choraminga.
— Você precisa deles... — com toda paciência do mundo Vera se aproxima e consegue levar o senhor na conversa.
Eles saem e Vera murmura um "tchau" com um sorriso.
Acabo rindo quando eles saem, e embora minha cabeça reclame do movimento brusco, me alegro com a cena. Tudo isso se tornou uma boa novela da vida real, a relação cuidadora e idoso é uma comédia que encanta todos da família.
Sempre acho incrível a semelhança entre o Ryan Carter e o seu pai, apesar de que o Josh é totalmente sério e o pai dele nos arranca risos.
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Muito bom, amigo
Fiksi IlmiahLuise e Ian sempre foram bons amigos. Nada mais que isso. Após relacionamentos fracassados, ele busca apenas boas noites, e Luise sequer procura alguém. Mas um bom amigo é para todas as horas, não é mesmo? Este livro está conectado com: Não quero ni...