Meus lábios estão encostados na pele macia do ombro da Luise. Quanto mais eu sinto sua pele, mais eu quero descobrir. "Quer ir pra casa agora?", eu perguntei para ela. Mas antes que eu pudesse receber uma resposta que me faria levar ela ao meu quarto e me enterrar de vez nela, meu celular começa vibrar no meu bolso.
Não consigo aceitar isso muito bem. Me pergunto se posso ignorar a pessoa que está me atrapalhando, mas quando afasto meu rosto para olhar quem é no visor. Eu tomo um susto. Será que ele tem olhos aqui? Será que leu minha mente? Será que sabe o que eu estava prestes a fazer?
— Desculpa. — digo para a Luise — Preciso atender.
Ela balança a cabeça e sua boca faz uma linha reta. Me afasto, mas minha vontade é aumentar o contato. Levanto e suspiro antes de atender a chamada.
* Ian, leia as suas mensagens!
* Senhor?
Sua voz soa irritada. Sinto dentro de mim, que estou ferrado. Ele desliga e então vejo que há apenas duas mensagens dele.
— Que cara é essa? — Luise pergunta, ainda levemente corada.
— Vou descobrir agora.
Toda excitação que eu estava sentido sumiu como fumaça. Eu não fazia ideia do que o Josh tinha me mandado, mas se ele ligou é porque eu estou muito ferrado, mas muito ferrado mesmo.Chefe: Ian.
Chefe: O relatório que você me mandou está errado.Nem percebi que tinha prendido a respiração. Um alívio toma conta de mim, sim, eu tinha feito algo errado, mas não era ao ponto de me preocupar.
— Só enviei o relatório errado. — até sorrio.
— Atah, porque pela cara que tu fez achei que alguém tinha morrido.
— Não, não, achei que era eu quem morreria, mas, tá tudo bem.
— Que bom. — ela ri de um jeito nervoso.
— Eu estou indo pra casa agora, tenho que fazer algo.
Antes que ela possa responder, a Larah entra com mais trabalho.
— Preciso de ajuda! — ela aparece na porta e anuncia sorrindo.
— Tenho que resolver algo de extrema urgência. — digo para ela que fica triste mas olha pra Luise, esperançosa.
— Eu ajudo! Só preciso tomar um banho quente.
— Tudo bem, te espero aqui.
— Eu volto assim que terminar.
— Sem problemas.
Luise.No banheiro, tiro o pijama do uniforme e vou para debaixo do chuveiro. Deixo a água escorrer pelo meu corpo enquanto minha mente tenta processar os últimos minutos. Respiro fundo algumas vezes.
— Caralhooooooooooooooooo!!!
Não consigo conter o grito. Dou um soco na parede tentando me controlar. Minha mente segue, repetindo tudo.
— Mas que merda acabou de acontecer??
É algo estranho, e nunca pensei que isso aconteceria, mas o Ian simplesmente me deixou excitada.
O frio que eu estava sentindo por ter caído na piscina de água gelada, foi substituído por um calor, não só do corpo dele grudado no meu, da sua boca arrastando no meu pescoço, cada vez que ele fazia isso eu me arrepiava! A sua mão na minha cintura, me apertando contra ele, o calor da sua boca na minha... Foi tudo tão intenso.
O Ian... O IAN! O ex da minha irmã! Isso tudo soa muito errado. Solto uma risada histérica.
— Ah meu pai...
Me enxugo e visto o uniforme seco, sei que ele é o ex da minha irmã, mas eu queria muito que aquele beijo não tivesse sido interrompido. E pensar assim me faz ficar ainda pior. Eu fui muito filha da puta agora... Minha mente repete: o ex da minha irmã, o ex da minha irmã, o ex da minha irmã...
Eu ainda tenho que voltar para o quarto, e não posso demonstrar isso. Não posso demonstrar que gostei de ficar perto do meu ex cunhado.
Não consigo controlar o riso outra vez. Como vou olhar pra Maggie hoje? O que vou dizer? E se ela ainda tiver sentimentos por ele?
— Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah — grito enquanto dou uma série de socos na parede.
Respiro mais algumas vezes e jogo água fria no rosto. Eu tenho que voltar. Calma Luise, você só precisa se acalmar, você resolve isso mais tarde.
Já vestida volto para o quarto e olho para o banco onde tudo tinha acontecido, sinto minhas entranhas vibrar com a lembrança. Lara volta e sorri pra mim, só que é um sorriso estanho, eu só ignoro.
— Preciso que fique com um caso enquanto o médico chega. Os internos ainda estão apresentando e podem cometer alguma cagada.
Ela sai deixando um prontuário na minha mão.
Vou até o quarto do paciente, que me recebe com um sorriso largo e faltando dentes, que já estou me acostumando.
— Catê!
— Nathan! Oi, meu lindo!
— Catê, aquela menina é do mal!
— Quem? — ele aponta para uma interna que está mexendo no celular talvez esperando o médico chegar —
O que ela fez com você?
— Ela furou meu braço.
— Sério? Deixa eu ver.
Nathan estende o braço mostrando o lugar, ele realmente deve ter sentido dor, pelas marcas ela não sabia onde era a veia do garoto, o que não faz muito sentido já que consigo ver perfeitamente, senti um pouco de ódio da garota, por ter machucado o Nathan, do jeito que ele é, deve ter ficado quietinho e sentindo dor, mais do que já sente.
— Ela furou aqui, e aqui. Doeu muito. Por que ela é má, Catê?
— Acho que ela não sabia onde era sua veia.
— Hmmm... Dá beijinho no meu braço? — a sua carinha é tão fofa que não resisto.
— Mwah! — dou um beijinho leve no seu braço — Melhor?
— Hurrumm. Catê.
— Oi? — monitoro a máquina e a interna entra no quarto.
— Cadê o tio White?
— Tio White teve que sair, eles esqueceu alguma coisa e foi lá resolver.
— Ele volta hoje?
— Claro, depois ele vem pra cá.
— Muito bem Nathan, vamos lá, o doutor quer te ver na outra sala. — a voz dela é chata de ouvir, e o Nathan fica em silêncio e apenas concorda.
Nathan levanta e sai da cama quieto. Ela segue para porta com o Nathan, então para e olha pra mim.
— Você pode ir agora. — e deixar você furar ele novamente?
— É meu trabalho ficar com o Nathan.
— Não é não, você é apenas uma enfermeira.
Aquela garota está começando a me irritar, respiro fundo. Outros enfermeiros que estavam no corredor lançaram um olhar mortal para ela. Parece que eles estão prontos pra pular nela e arrancar seu pescoço. Sorrio tranquilamente e mostro a ficha que a Lara me deu.
— É meu trabalho ficar com o Nathan. — ela desliza os olhos pela folha — Eu tenho que garantir que ele vai ficar bem e não vai ser machucado. — dou uma alfinetada.
Ela levanta a sobrancelha, mas não parece estar convencida. Não ligo para o que ela pensa, eu vou ficar com o Nathan, querendo ela ou não. Sinto uma mãozinha ficar em volta do meu braço, olho pra baixo e vejo o Nathan encostar sua bochecha na minha perna. Quando levanto os olhos, vejo que alguns dos enfermeiros tem um sorriso de deboche no rosto. Consegui aliados.
— Eu quero ficar com a Tia Catê.— nossa como eu amo esse menino!
— Tudo bem então.
Voltamos a caminhar em direção a sala onde o Nathan continuará seus exames.
Ian.
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Muito bom, amigo
Ciencia FicciónLuise e Ian sempre foram bons amigos. Nada mais que isso. Após relacionamentos fracassados, ele busca apenas boas noites, e Luise sequer procura alguém. Mas um bom amigo é para todas as horas, não é mesmo? Este livro está conectado com: Não quero ni...