— Como assim o Nathan está machucado? — exclamo para a Luise.
Estou abismado e não sei bem o que fazer. Ela caminha na minha frente com passos largos e firmes, em direção ao elevador.
— Eu não sei, só vi a mensagem pra gente ir até lá embaixo, porque que ele não está bem!
Entramos no elevador e de forma rápida ela aperta o botão e respira fundo, ansiosa. Droga! A ansiedade dela passou pra mim. O elevador parece demorar um ano pra descer. Com as mãos pra trás, bato os dedos na parede do elevador nervosamente. Suspiro e depois a porta do elevador se abre, Luise sai com passos apressados e sigo ela.
— Alguma informação agora? — ouço seu telefone tocar.
— Não sei não. — ela respira de novo e olha o telefone.
— Tudo bem, só vamos.
Depois de virar alguns corredores nós chegamos na emergência, onde um médico cuidava de um Nathan com lágrimas nos olhos, mas nenhum som de choro. Havia apenas um pequeno corte na sua perna.
— Está tudo bem. — a mãe dele acaricia a sua cabeça, deixando um beijo no lugar.
Ela olha pra nós e sorri, quase que automaticamente nos sentimos aliviados.
— Vai ficar apenas com uma pequena cicatriz. — o médico diz para nós — Você foi muito corajoso Nathan! — o médico olha pra ele agora — Vamos para o consultório? — ele fala com todos nós.
A mãe ajuda ele a se levantar, enxuga as lágrimas e segura sua mão. Então andamos todos até o consultório do médico, que aliás até hoje nenhum de nós sabemos qual o nome, e nos sentamos na cadeira. A sala é toda iluminada e decorada com desenhos de animais sorrindo. O médico fecha a porta e se senta na nossa frente.
— Eu sou o doutor Brown. O que aconteceu? — agora sabemos o seu nome.
— Ele se machucou quando usou os poderes. — a senhora Ocher tem um sorriso triste quando nos conta.
— O que exatamente ele estava fazendo quando se machucou? — o doutor Brown pega uma folha e uma caneta.
— Tínhamos voltado do parque. Ele subiu no corrimão e ficou pequenininho... Acabou escorregando e caindo. — os olhos dela se arregalam — Graças aos céus foi na parte mais baixa. — ela engole em seco e abraça o filho, o doutor Brown anota no papel.
— Sentiu dor ao diminuir de tamanho, Nathan? — o doutor olha atentamente para o garoto.
— Um pouquinho.
— Isso foi um pouco imprudente Nathan. — o médico adverte — Mas você foi corajoso na hora do curativo, então... — ele levanta e vai até um pote colorido — Aqui, um presente para você. — ele oferece um pirulito, Nathan sorri e arregala os olhos — Mas tem que prometer que vai tomar mais cuidado.
— Sim, doutor.
— Muito bem. Ele tem feito os exercícios direitinho? — ele olha pra mim e para a Luise.
— Sim, regularmente. — Luise usa um tom profissional.
— E tem tido ótimos resultados. — acrescento.
Ele escreve no papel e em seguida pega o prontuário.
— Você tem o dia de folga hoje, ok, Nathan? — o garoto balança a cabeça, feliz porque não vai ter que fazer exercícios — Nos vemos na próxima. — ele aperta a mão da mãe e a mãe do garoto. Nós também nos levantamos para sair — Vocês dois, fiquem, temos que ver a grade de exercícios de novo, já que o Nathan está machucado.
— Ok. — respondo e sentamos de novo na cadeira.
A senhora Ocher e seu filho saem e o doutor fecha a porta. Estou um pouco desconfiado disso. Parece que tem algo errado.
— Qual é o problema? — Luise parece que leu minha mente! Espera aí, ela leu?
— Felizmente nenhum. — o doutor se senta novamente — Mas quero saber como anda o treinamento dele.
— Muito bem. — respondo.
— Certeza?
Penso por um tempo. O Nathan tem feito os exercícios e controlando muito bem os poderes.
— Sim. Como ele disse, tem andado bem. — Luise fica os olhos no doutor.
— Temos recomendado que ele não use os poderes fora da clínica. Mas não tem como controlar uma criança totalmente.
— Recomendaram algum tipo de medicação?
— Não podemos fazer isso. — Luise franze a sobrancelha.
— Quando visitaram o Nathan, perceberam se a senhora Ocher dá a ele chás, infusões ou remédios naturais...?
Aonde ele está querendo chegar com isso?
— Pode ser direto com a gente. — levanto uma sobrancelha.
— Muito bem. Vejam esses exames. — ele abre a gaveta e pega um maço de papel. Cada um pega uma metade — Não estou acusando ninguém de nada. Tenho que ver um paciente, agora. Mas analisem isso e depois voltamos a conversar.
Assim que o médico sai da sala, começo a ler em silêncio. São vários dados do sangue do Nathan, coletados ao longo da semana. Está especificado o dia e a hora do exame assim como a condição do paciente no determinado dia e hora. Ao ver essas informações começo a ficar chocado. Luise, ao meu lado, parece entender também. Tudo o que penso é em ir até o quarto de enfermeiros.
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Muito bom, amigo
Ficção CientíficaLuise e Ian sempre foram bons amigos. Nada mais que isso. Após relacionamentos fracassados, ele busca apenas boas noites, e Luise sequer procura alguém. Mas um bom amigo é para todas as horas, não é mesmo? Este livro está conectado com: Não quero ni...