No atual estado da nossa missão, estamos trabalhando, parcialmente, de fachada, em um hospital da agência, que recebe em sua grande maioria, crianças com dons, ou poderes, é também pra onde nossos membros feridos são levados. A primeira criança que estamos cuidando é um garotinho chamado Nathan Ocher, de sete anos de idade. Ele tem o poder de diminuir seu próprio corpo, mas aparentemente umas das consequências disso, é a dor que sente nos ossos. Ele se mostrou tímido no início, mas rapidamente começou a brincar com a gente. Ele também parece que criou um vínculo com a Luise, chamando ela de "Catê".
— Catê, eu cansei de nadar... Posso descansar? — o recente uso do poder dele parece ter desencadeado uma nova onda de dor.
— Pode. — ele fica aliviado e sai da água, deitando no chão.
— A gente precisa fazer um acordo. — digo para ele — Por enquanto, precisa parar de ficar pequeno, só até o médico descobrir exatamente a causa, tudo bem?
— Tudo bem.
— Você é muito fofinho! — Luise se senta perto dele.
Ele se aproxima da Luise e encara ela. Sento perto dos dois.
— Seus olhos são roxos!
— É sim, deixa eu ver os seus... — ela segura as bochechas do garoto, que arregala os olhos para que a possa vê-los — Uau! São lindos tons de azul!
Ele sorri de orelha a orelha.
— E os seus? — ele olha pra mim.
— São lilases... Clarinhos, tá vendo? — deixo que ele venha até mim e veja, ele balança a cabeça e volta pra perto de Luise.
— Tá se sentindo melhor agora? — pergunto.
— Estou sim.
— Vamos nadar? — Luise convida.
Ele balança a cabeça sorrindo. Entro na água e fico mais a frente. Luise ajuda ele a entrar e segura ele pela cintura.
— Vamos lá, eu vou estar te ajudando, ok? Se começar a sentir dor de novo é só falar.
Ele balança a cabeça e a Luise ajuda ele a boiar, não há muita dificuldade, ele se solta totalmente, ele adquiriu uma confiança nela. Ela faz ele ficar de pé na piscina e incentiva ele a mexer as pernas e braços um de cada vez e devagar.
— Tá indo bem, Nathan. — incentivo ele.
— Agora, porque não nada até o tio White? — Luise pergunta e ele balança a cabeça.
Ele mexe as pernas sem sair do lugar.
— Você não sabe nadar, não é? — pergunto pra ele com um meio sorriso, ele balança a cabeça — Quer aprender? — ele balança a cabeça de novo.
— Deixa eu te ajudar a chegar no tio White. — Luise segura a cintura dele deslizando ele pela água, ele chega até mim gargalhando.
— De novo!
— Você gostou né? Vamos de novo então. Mas depois vamos aprender a nadar.
Luise segura pela cintura dele, ele abre os braços, ele desliza pela superfície da água e então chega a mim. Ele ri como se não houvesse amanhã.
— Foi muito divertido!
— Vamos aprender a nadar?
— Sim!
Nathan é um excelente aprendiz, rapidamente aprendeu sobre o nado e no final parecia um peixinho. Luise se derretia com ele.
— Ah, vocês estão aqui. — Lara chega com um prontuário.
— O Nathan agora é um excelente nadador. — digo.
— Isso é muito bom, mas já está na hora de ele ir para os exames. Vocês podem deixar ele pronto e levá-lo para a ser examinado?
— Claro! — Luise diz, Lara acena com a cabeça e sai.
— Eu tenho que ir agora?
— Tem sim, carinha. Vamos trocar de roupa?
— Tá bom.
Luise vai para o banheiro feminino e eu levo o Nathan para o masculino, ativo o chuveiro na água morna para ele. Deixo a roupa dele no suporte e espero.
— Tio? — ele coloca a cabeça para fora da porta, mantendo o corpo escondido.
— Oi.
— Como vou me enxugar?
— Aqui. — entrego uma toalha limpa na sua mão, após um tempo ele retorna a toalha — aqui sua roupa. — ele estica a mão e coloco a roupa na mão dele. Ele sai vestido e com cabelo úmido.
— Tô pronto, tio.
— Muito bom! Agora vou te levar até a Carter, tá bom?
— Tá bom!
Ele pega na minha mão e fico na frente do banheiro feminino.
— Carter? Você tá pronta?
— Tô sim. — ela aparece já vestida e com uma toalha no cabelo.
— Fica com o Nathan, enquanto eu tomo um banho.
— Tá bom, vamos Nathan, passear um pouco?
— Sim!
— Vamos lá, o tio White diz que vai tomar banho, mas na verdade ele só vai é se molhar...
— Eu tô ouvindo!
— Não seja como ele Nathan...
Ela caminha e cochicha com o garoto, dou risada e volto para o banheiro. Tiro a roupa de banho molhada e pego a minha seca. Eu não quero dar razão a Luise, mas só quero aquecer meu corpo com a água morna. Deixo a água escorrer pelo meu corpo e inspiro fundo. Me enxugo e coloco a roupa seca. Uso a toalha para enxugar meu cabelo.
Encontro a Luise e o Nathan no corredor, observando os desenhos na parede.
— Já voltou do seu falso banho, tio White?
Fico surpreso com a pergunta repentina do garoto e a Luise começa a rir de maneira descontrolada.
— É isso que a tia Carter tá te ensinando?
— Não é isso... — Luise tenta falar em meio ao riso.
— Por que não vamos para o doutor examinar você?
Nathan segura a minha mão e a da Luise enquanto caminhamos até o quarto.
— Olha! Um peixinho ali, e outro ali...— ele apontava para os desenhos na parede — Que bicho é esse?
— É um axolote. — Luise explica.
— Axo... O que?
— Axolote.
— Aaaaxo...
Passamos o caminho todo com a Luise ensinando a falar axolote.
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Muito bom, amigo
Science FictionLuise e Ian sempre foram bons amigos. Nada mais que isso. Após relacionamentos fracassados, ele busca apenas boas noites, e Luise sequer procura alguém. Mas um bom amigo é para todas as horas, não é mesmo? Este livro está conectado com: Não quero ni...