capítulo 25

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Freen

Minha segunda-feira começou da melhor maneira, levantei cedo para me arrumar e ir trabalhar. Ainda não tive notícias da Becky, depois que ela saiu ontem de manhã, pensei nela o dia todo, queria saber se ela havia chegado bem e se o pai dela havia falado alguma coisa para ela. Mas também entendi que ela precisava de um dia com a família.

Eu não poderia negar que amava Becky, a amava com cada centímetro do meu corpo e alma. E sem falar no meu coração, aquele pequeno órgão que queria sair do meu corpo toda vez que eu a tinha na minha frente, toda vez que a via de longe, toda vez que pensava nela. Deus, estou tão apaixonada e a amo tanto.

Então pensei hoje em contar a ela tudo o que sinto e pedir que ela seja minha namorada. Sim, MINHA NAMORADA, como essas palavras soaram lindas em minha mente. Talvez ela me diga que sim, não posso deixar de me preocupar, mas duvido, e faço isso porque a sinto cada vez que ela se entrega a mim, cada vez que fazemos amor, cada vez que estou com ela. Sim, tenho mais do que certeza de que ela sente algo por mim.

Na hora nem percebi que já estava estacionando o carro em frente à loja.

Sorrindo como estava, caminhei e abri as portas. Aparentemente demorei alguns minutos, mas não muito.
Caminhei com segurança para vestir o casaco, o que me diferenciou dos funcionários. Eles usavam jaquetas azuis enquanto a minha era vermelha.

Sorri ao ver Becky ao longe, entre a divisão de calçados infantis e masculinos mais velhos. Ela estava vestindo uma jaqueta da mesma cor que eu e isso me deixou orgulhosa.

No mês passado, além de nossas reuniões ardentes, pudemos conversar sobre trabalho e ela me deixou mais que claro que ela faria tudo o que pudesse para deixar seu pai orgulhoso.

Tenho certeza que Arthur está.

Falando sobre ele. Eu estava saindo do escritório dele, ele olhou para mim e levantou a mão me pedindo para chegar mais perto. Caminhei com passos seguros, a loja ainda não tinha muito movimento, então fui até seu escritório.

Antes de entrar, desviei meu olhar para Becky, mostrei a ela meu sorriso e só recebi uma careta preocupada dela.

Balancei a cabeça e entrei no escritório de Arthur.

Aconteceu alguma coisa entre eles?

- Arthur - eu disse assim que entrei em seu espaço privado.

- Freen, por favor, sente-se. - ele me disse e eu fiz o que ele pediu.

- O que aconteceu, Arthur? Percebi que você está um pouco tenso. - eu disse a ele, vendo suas sobrancelhas franzidas e suas mãos movendo-se pelos papéis em sua mesa em vez de arrumá-los.

Eu o ouvi soltar um suspiro e falar.

- Estou preocupado com a Becky. - disse ele e meu corpo ficou tenso por um momento.

- O que... o que... o que está acontecendo com ela? - perguntei um pouco nervosa.

- É melhor dizer o que não acontece. - ele me disse e bateu na mesa com o punho fechado. - Tenho certeza que ele está com alguém, mas sei que não aquele namorado idiota dela.

Engoli em seco e não sabia o que dizer.

- Ela não está com o namorado? - perguntei, fingindo não entender.

- Não. -  ele disse - Ele não vem há mais de um mês. Mas quer saber? - ele me perguntou e eu me recusei a deixá-lo continuar. - Também tive o azar de ver alguns chupões no pescoço dela, que tenho certeza que foram deixados pela pessoa com quem ela anda.

Arregalei os olhos quando percebi do que Arthur estava falando. Como fui estúpida em deixar essas marcas em Becky. A verdade é que na época que fizemos sexo foi algo tão fogoso, tão apaixonante, que tenho mais que certeza que também tinha algumas marcas, mas hoje eu estava com uma camisa que cobria meu pescoço.

- Não sei o que te dizer, Arthur. - respondi da maneira mais calma. - Eu, a verdade é que tenho certeza que é normal ela ter relações com outra pessoa. - disse ele e levantou-se para caminhar até um pequeno frigobar que tinha em seu escritório, serviu-se de um copo de whisky.

-  Mas o que me deixa assim é o fato de não saber quem é pessoa. Ela saí e às vezes nem volta. Eu acho que é essa amiga dela, a Irin - senti meu coração parar - Não quero acreditar, nem pensar que minha filha é esse tipo de mulher.
- franzi as sobrancelhas e olhei para ele sem expressão. - Estou me referindo àquelas mulheres que estão com outras mulheres. - ele me disse, entendendo minha confusão.

- Você quer dizer, lésbica? - perguntei e ele assentiu - E o que tem? Isso não é ruim, Arthur. - eu disse - Até onde eu sei, estamos em um país livre onde muitas pessoas do mesmo sexo se casam e formam famílias.

- Eu sei, Freen, conheço todas essas coisas cafonas. - disse ele - Mas isso vai contra a moralidade. Por uma razão, Deus criou o homem para a mulher, certo?

- Acho que você está perguntando para a pessoa errada. - eu disse, ignorando minha situação.

- Eu entendo. - disse ele - Mas o seu caso é diferente.

- Diferente em que sentido, Arthur? - perguntei.

- É simplesmente diferente. - ele me disse e eu não queria continuar falando sobre isso.

- E então? - perguntei a ele.

- Então, se Becky estiver com aquela garota, serei forçado a expulsá-la de casa e a deserdar. - ele me disse.

- Acho que isso não vai resolver nada. - eu disse a ele, tentando manter a calma. - De qualquer forma, você deveria conversar com ela, descobrir o que ela pensa e o que sente. Talvez você esteja confuso e presumindo coisas que não são reais.

- Não sei - ele me disse - Não sei se estou preparado para que Becky me diga "pai, sou lésbica". Você me entende? - ele me perguntou.

Balancei a cabeça e me levantei para começar a sair do escritório dele.

- Você deveria conversar com ela, Becky mudou muito desde que começou a trabalhar aqui, ela está mais responsável e mais madura. - eu disse. - E em relação aos gostos dela, não sou eu quem vai dar minha opinião, porque eu gosto de mulheres e você sabe disso.

Dizendo isso, me virei e saí do escritório dele. Quando saí, procurei por Becky. Encontrei-a ajudando um dos vendedores com um cliente.

Caminhei para ocupar meu lugar, teria tempo para conversar ela. Eu ainda tinha o dia todo para conversar.

𝗔 𝘀𝗲𝗻𝗵𝗼𝗿𝗶𝘁𝗮 𝗖𝗵𝗮𝗻𝗸𝗶𝗺𝗵𝗮 Onde histórias criam vida. Descubra agora