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Alison

Não me lembro de algum dia na minha vida ter tido algum tipo de aproximação a um rapaz. Nem raparigas, na verdade. Sempre fui uma pessoa que gostava de solidão e que nunca se importou de estar sozinha. Poucas pessoas sabem apreciar a solidão, mas eu sei. Nunca precisei de pessoas para carregarem com a minha dor, ou com a minha tristeza, ou até mesmo com a minha alegria. Não gosto que tenham pena de mim. Não preciso que tenham pena de mim.

E apesar de todo o tempo que tive para pensar no assunto, nunca pensei que um dia, se calhar, alguém fosse realmente ocupar um lugar ao meu lado e ajudar-me nessas questões.

E, sinceramente, não sei porque me lembrei disso agora.

Will? Talvez.

Mas, por amor de Deus, eu conheci-o há 5 minutos atrás! Não me vou casar com ele!

Estás a dramatizar, Alison.

E aliás, só o achei interessante devido ao seu aspeto. Pode até ser muito bonito por fora, mas da sua personalidade não sei nada, além de que parecia ser um pouco carismático.

Decido desviar os pensamentos sobre William da minha cabeça e percorro o último quarteirão que me resta até chegar a casa da minha avó.

Dou mais um gole na água que comprei há instantes e, reparando que já não existe mais conteúdo na garrafa, coloco-a num caixote que encontro pelo caminho.

Acelero o passo quando avisto a pequena moradia onde mora a minha avó a poucos metros de distância.

Quando chego ao enferrujado portão, empurro-o, e percorro o curto caminho de terra que leva até à entrada de casa. Chegando lá, toco à campainha e poucos segundos depois ouço passos vindos do outro lado da porta. Depois então, a minha avó abre-a.

"Oh, olá querida! Não estava à espera da tua visita hoje." – a mulher idosa de cabelos castanhos curtos e de olhos acinzentados saúda-me, dando-me de seguida um reconfortante abraço.

"Olá avó." – digo, depois de nos separarmos do abraço. – "Encontrei uma coisa e pensei que soubesses alguma coisa a cerca dela. Por isso é que vim."

"Bem, então entra e mostra-me lá essa coisa!" – ela afasta o seu pequeno corpo da frente da porta, dando-me assim caminho livre até à sua acolhedora sala de estar.

Sento-me no sofá escarlate que se encontrava no meio desta e retiro do bolso a tão misteriosa fotografia do Luke. Sem querer, o guardanapo onde estava escrito o número de Will sai ao mesmo tempo do bolso caindo depois no chão.

A minha avó, que entretanto se tinha sentado ao meu lado no sofá, pega nele. Ups.

"«William Richard Wesley , 04487465»" – ela lê o que lá se encontra escrito e logo depois dirige-me um sorriso malicioso. – "Era isto que me querias mostrar? Ali, encontraste um rapaz? Finalmente?"

"Não, avó, não era isso. E não, não encontrei nenhum rapaz." – eu murmuro e reparo que o seu sorriso desaparece.

"Oh, está bem então." – Rose, a minha avó, diz dando-me de seguida o guardanapo e colocando de novo um sorriso aberto na cara. – "Então, o que era?"

Com as mãos a tremer devido ao embaraço de há instantes pego na fotografia e mostro-a a Rose.

"Reconheces esse rapaz, avó?"

"Hum, não querida...pela foto não o reconheço."

"E pelo nome de Luke?" – eu pergunto, mas a expressão da minha avó não muda.

"Não, não me recordo de nenhum Luke. Mas porque me perguntas isso Ali?"

"Provavelmente não te lembras do Luke, mas lembras-te da Liz...?" – eu digo e reparo numa mudança nos seus olhos, o que me fez perceber que ela se lembrava de alguma coisa. Continuei então. – "A Liz era uma amiga da mãe. Elas conheceram-se em Sydney quando vocês se mudaram para lá. Eram vizinhas. Ficaram inseparáveis desde aí e quando a mãe conheceu o pai e veio para Brooklyn com ele elas perderam o contacto durante vários anos. Apenas se voltaram a falar quando Liz engravidou do 1º filho e anos depois do 2º. Quando engravidou do 3º, a mãe também estava grávida ao mesmo tempo. De mim. Então, quando ambos tínhamos cinco anos, eu, a mãe e o pai viajamos até Sydney para nos encontramos com ela, com o marido e com os 3 filhos. Nesse mês que passamos em casa dela aproximei-me muito do seu filho mais novo, o que tinha a minha idade. O Luke. Tornamo-nos quase como irmãos e admito que fiquei com uma paixoneta de pequena. Fiquei muito triste quando tivemos de regressar e não consigo deixar de pensar que naquelas férias de verão que acabaram por acabar tragicamente eu o ia visitar. Apenas o queria e continuo a querer voltar a vê-lo. E essa foto, encontrei-a no antigo baú da mãe. Nunca a tinha visto antes porque ela estava "escondida" numa pequena abertura que lá tinha. Mal a vi, percebi que era ele. E o que mais me intrigou foi a morada que tem atrás. Percebi que era em Marrickville, o bairro onde vocês moravam, mas não consigo arrecadar mais informação, já que só tenho metade dela. Por isso vim ter contigo. Gostava muito de saber se consegues descobrir o resto da morada...se é a morada da vossa antiga casa.

Depois de todo o discurso, respirei fundo e fitei a minha avó que falou logo de seguida.

"Oh, agora que me explicas quem ele é, lembro-me de alguma coisa." – ela diz. – "E bom, eu não me lembro da morada. Eu vou buscar um pequeno caderno que eu tenho onde coloco algumas notas. Ela está lá completa.

Depois de o dizer, levanta-se do sofá e dirige-se à cozinha, voltando segundos depois com um bloco de notas na mão, folheando-o.

"Aqui está! E o início corresponde ao que está aí escrito!"- ela exclama e mostra-me a página com as seguintes palavras escritas:

100 Marrickville Road, Marrickville 2202 New South Wales

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

hey, hey :)

ok, para quem não se lembra da morada completa que tinha na fotografia (se as juntássemos) era: 100 Marrickville Road, Marrickville 2204 New South Wales

e não digo mais nada ajnwfdjwxlfwnk

adoro-vos,

inês ^^

photograph » luke hemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora